"Guerra Civil" estreia nos cinemas com Wagner Moura no papel principal
Filme gira em torno de um grupo de jornalistas de guerra que viaja pelos Estados Unidos em meio a um conflito
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Explosões e tiros constituem o cenário violento de “Guerra Civil”, novo filme norte-americano que estreia hoje, nas salas do Espírito Santo, e é estrelado pelo baiano Wagner Moura, 47.
Na trama explosiva de ação, que se passa num futuro distópico onde os Estados Unidos vivem um conflito interno, o ator interpreta Joel, um repórter em busca de conseguir uma entrevista do presidente do país.
A busca pelo “furo” jornalístico, já que o governante não fala com a imprensa há mais de um ano, coloca o protagonista diariamente sob o fogo cruzado enquanto cobre o confronto.
Nessa guerra, 19 estados se separaram da União, e há um embate entre as Forças Ocidentais do Texas e da Califórnia e o poderio militar do governo federal americano.
Junto a Joel estão Lee, uma famosa fotógrafa de guerra vivida por Kirsten Dunst (“Melancolia”), e Sammy (Stephen Henderson), jornalista veterano e amigo de longa data da dupla. A jovem Jesse (Cailee Spaeny, de “Priscilla”), que aspira ser uma fotojornalista de conflitos, completa o time.
“O filme traz imagens que estamos habituados a ver longe dos Estados Unidos e apenas pela TV. É assustador”, contou Moura.
Ao contrário de muitos filmes que recorrem à pós-produção para adicionar os sons de tiros, “Guerra Civil” optou pelo uso de balas de festim nas filmagens. O resultado é um espetáculo eletrizante de ação e muito suspense.
“As cenas são, muitas vezes, menos cinematográficas e mais documentais, o que foi uma forma de tornar a violência brutal”, disse o diretor Alex Garland, de “Ex_Machina: Instinto Artificial” (2014) e “Aniquilação” (2018).
Sobre a escolha do astro brasileiro para o papel principal, o cineasta comentou: “Eu queria um ator que pudesse interpretar alguém que tem um trabalho bastante extremo, mas que tivesse um jeito um tanto comovente. Ele é essa pessoa”.
Apesar de estar causando polêmica por tratar da polarização política dos Estados Unidos em ano eleitoral, o filme voltado para maiores de 18 anos tem sido bem recebido pela crítica e público.
Em seu primeiro final de semana de exibição no país, faturou mais de R$ 128,5 milhões, se tornando a maior bilheteria de estreia do estúdio A24. Vale lembrar que é do estúdio a produção “Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo”, vencedora do Oscar de Melhor Filme em 2023.
Violência e encontro de três gerações
É difícil dizer se “Guerra Civil” pretende tirar partido de uma era em que guerras civis parecem prontas a estourar em todo o planeta ou se pretende apenas fazer uma exibição massiva de cenas de violência.
Na primeira hipótese, temos um filme voltado a questões atuais, em que inúmeras facções rebeldes parecem ter um só objetivo em comum: matar o presidente da República.
Na segunda, temos imagens, quase todas familiares, de carros fugindo desesperados, acampamentos de desabrigados, cidades desertas. Isto tudo que já conhecemos de muitos filmes de ficção científica ou não.
O que particulariza a empreitada é o acréscimo de um grupo de correspondentes de guerra. A fotógrafa Lee (Kirsten Dunst) e o repórter Joel (Wagner Moura), a que vêm se juntar o simpático Sammy (Stephen Henderson), veterano correspondente de guerra e a jovem Jessie (Cailee Spaeny).
Jessie é grande fã, enorme até, de Lee. Jessie tem a força e a esperança dos pós-adolescentes. Fotógrafa amadora, tem um momento de êxtase quando a encontra. Só que ser fã não ajuda muito no meio de uma guerra que está por todos os cantos. Muito menos de Lee, que carrega nos ombros (e na expressão, sobretudo) o desgosto com o andamento sinistro das coisas.
Os profissionais têm que chegar a Washington, capital do país. Jessie junta-se meio que de contrabando ao grupo, que dá carona a Sammy, que pretende ir até a Carolina do Norte apenas. Eles passarão por todos os tipos de atrocidades, carnificinas ferozes e enforcamentos sádicos.
Em cada ocasião, Jessie está com a câmera e pronta a correr riscos que seriam muito maiores caso Joel não estivesse pronto a puxá-la cada vez que ela se lança à linha de frente.
A estrutura da trama diz respeito a encontros geracionais. Temos aqui uma jovem que atravessa o caminho de Lee, ao mesmo tempo em que se diz sua fã, e mostra um ímpeto capaz de passar a mestra para trás.
Uma terceira geração entra no jogo na pessoa de Sammy. Embora concorrente, ele se integra ao grupo e é quem melhor representa a figura paterna, a experiência.
Não é, em princípio, um mau grupo. E correspondente de guerra (na escrita ou na imagem) é uma atividade pouco explorada e dramaticamente interessante. O problema é o resto, que o filme preenche com cenas de violência.
Por fim, “Guerra Civil” sugere a dessacralização do cargo de presidente dos Estados Unidos, o que talvez seja o que tem de inusitado. Uma rebelião de tais dimensões contra o governo central dos Estados Unidos (talvez o erro tenha sido desativar o FBI, sugere alguém) chama a atenção para divisões internas de uma ordem nunca antes vista no país central do Ocidente.
Sabe-se que lá também as divisões internas são profundas e nem tão facilmente explicáveis. O filme não avança nessa direção, prefere fixar-se na atividade dos jornalistas, e também, por conseguinte, também neste caminho não avança.
Dá para ver? Dá. Leva-se alguma coisa do que se viu? Não que eu tenha notado.
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