Estratégia dos alunos para conquistar a nota 1.000 no Enem
Especialistas explicam as “táticas” usadas pelos estudantes. No ano passado, 12 em todo o País alcançaram nota máxima na prova
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O momento de escrever a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pode ser extremamente difícil para muitos candidatos. No ano passado, 12 alcançaram nota máxima – nenhum deles do Espírito Santo –, ou seja, atingiram 1.000 pontos. Especialistas explicam as “estratégias” usadas pelos estudantes.
Professor de Redação do Leonardo da Vinci, Lúcio Manga diz que alcançar a nota 1.000 na redação do Enem exige treinamento, dedicação e orientação dos docentes.

“O essencial é praticar a escrita, ler bastante, analisar criticamente a realidade e evitar fake news. Também incentivo a construção de argumentos com base na razão e no entendimento dos textos motivadores, não para copiá-los, mas para direcionar a argumentação”.
Lúcio acrescenta que a organização do Enem tem cobrado cada vez mais repertório dos alunos. “Como conhecimentos históricos e culturais. Por isso, é fundamental estar sempre informado, escrever constantemente e contar com a correção dos professores para evoluir”.
Em 2024, os candidatos tiveram de escrever sobre “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil” e “Desafios para a valorização da arte de periferia no cenário cultural brasileiro” (reaplicação da prova em dezembro, para pessoas privadas de liberdade e para quem teve algum problema previsto em edital na data original).
Professor de Redação do Madan, Heitor da Silva Campos Junior assinala que, para um texto nota máxima, é preciso um projeto organizado e uso de repertório legitimado. “Isso é, demonstrar conhecimento sociocultural sobre assuntos diretamente relacionados ao tema”.
Professora de Literatura e Português da Escola Americana da Vitória, Marli Siqueira Leite acrescenta que o Enem avalia cinco competências, e é importantíssimo que o aluno tenha consciência de cada uma delas. “Ter conhecimento do que está acontecendo no mundo e, principalmente, no Brasil, que é o foco do Enem”, diz.
Professora do Redação Vix, Lorena Altoé diz que, para uma redação nota 1.000, é preciso “tese na introdução, justificativas nos desenvolvimentos e proposta de intervenção detalhada na conclusão. Além disso, demonstrar conhecimento sobre o tema, evitando tangenciamentos”.
TRECHOS DE REDAÇÕES NOTA 1.000O “ciclo do ouro” – ocorrido no Brasil no século XVIII – acarretou o aumento do número de escravos provenientes do continente africano no País, trazidos com graves diferenças culturais entre si, sem que fossem levados em consideração os aspectos regionais e sociais de suas origens, ocasionando uma homogeneização forçada de indivíduos. Atualmente, de forma análoga à História Colonial Brasileira, ainda há uma forte tendência à padronização cultural da África, desprezando sua pluralidade e seu legado. Assim, dois grandes desafios para a valorização da herança africana no Brasil devem ser debelados: as políticas públicas ineficazes e as falhas educacionais”.
- Danilo Oliveira Batista, de São Luís (MA)
Na obra literária “Raízes do Brasil”, escrita pelo sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, há a representação da miscigenação brasileira, caracterizada pela predominância da etnia africana na formação populacional do País. Contudo, apesar da indiscutível relevância da cultura advinda dos negros para a construção cultural da nação, a herança dos povos africanos não é devidamente valorizada, visto que suas contribuições culturais são omitidas no meio social. Logo, perante esse entrave, cabe a análise da estagnação estatal e da negligência educacional. Diante dessa panorama, é perceptível a fragilidade governamental em valorizar a herança proveniente da África no Brasil.
- Marina Vieira Almeida Lima, de Maceió (AL)
O álbum musical “Duas Cidades”, da banda brasileira Baiana System, aborda, em algumas de suas canções, o apagamento da influência histórica africana no Brasil.
Inegavelmente, em dias atuais, é possível constatar uma relação direta entre a composição artística citada e a desvalorização da herança africana no País. Isso é explicado devido à falta de política pública de ensino e à ausência de lei específica. Logo, é essencial analisar e intervir sobre essa problemática.
A princípio, deve-se observar que o pouco fomento governamental em ações de gestão educacional é um problema a ser combatido”.
- Rafael Santana Assunção, de Belo Horizonte (MG)
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