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Economia

Trabalho no agro: filhos deixam de seguir passos dos pais

Muitos jovens têm saído do campo e vão viver nos centros urbanos


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Imagem ilustrativa da imagem Trabalho no agro: filhos deixam de seguir passos dos pais
Kaique, 21 anos, é filho de meeiros e seguiu um caminho diferente |  Foto: Fernanda Cao Faria

Somente a cafeicultura cria cerca de 400 mil empregos e oportunidades de trabalho no campo, no Estado. Mas os fazendeiros têm encontrado dificuldade para encontrar mão de obra para trabalhar não só nas lavouras de café, como no campo em geral.

Filhos de meeiros não estão seguindo o passo dos pais. Esse foi o caso do Kaique Fernandes, de 21 anos. Com os pais trabalhando em uma fazenda no Estado, desde pequeno ele ia para a lavoura de café e via as dificuldades.

Foi crescendo e começou a trabalhar dentro da fazenda, iniciou como irrigador, se tornou coordenador de campo, até que foi para a parte administrativa. “Queriam implementar um sistema de gestão. Me deram a oportunidade e implementamos”.

Os donos da fazenda o incentivaram a estudar, pagando metade da mensalidade da faculdade. Ele se matriculou no curso de Agronomia e conseguiu uma outra oportunidade de trabalho, deixando a fazenda e passando a assumir a mensalidade sozinho.

Hoje, trabalha como representante técnico de vendas em uma loja de insumos agrícolas em Sooretama. “Não pretendo voltar a morar na roça. Mas, quero crescer nesse ramo oferecendo consultoria de qualidade aos produtores rurais”, diferenciou.

O desejo de ajudar a melhorar a vida no campo está no coração, mas ele não pretende voltar a morar na roça. O jovem contou que vê muito vendedor querendo empurrar produtos em cima do produtor que ele não precisa, e que deseja ajudar oferecendo uma venda consultiva: “Vender o que ele precisa”.

Ele quer agregar conhecimento na cidade e levar para o campo. “Tem muito vendedor, não tem muito consultor. Eu gosto da roça, mas as oportunidades são muito limitadas”, apontou.

Para a professora e mestre em Direito pela FDV, Flaviana Ropke da Silva, o maior desafio no campo hoje é deixá-lo atrativo para o jovem.

Ela lembrou que tem jovens que vão para a cidade e não querem voltar mais, buscando novos conhecimentos, tecnologia, ao mesmo tempo o campo está se conectando. “O desafio maior é deixar o campo mais atrativo em termos de empregabilidade mesmo”, destacou a professora.

O campo está recebendo novas tecnologias, ampliando as possibilidades, mas ela frisa que é preciso avançar e também estar atento que não é possível tocar uma propriedade sem pessoas.

Falar sobre herança em vida evita falências

Mesmo entre os filhos daqueles que têm propriedade no campo, nem sempre o desejo é seguir o caminho dos pais. Especialistas incentivam as diferentes gerações de uma mesma família a terem uma conversa franca e falarem sobre tudo isso, fazendo um planejamento sucessório.

Falar sobre o que vai acontecer com seus bens materiais depois da própria morte, não é um assunto agradável, mas é necessário de acordo com especialistas. O diálogo franco e aberto, somado ao planejamento, pode evitar até mesmo a falência, devido a sucessivas brigas entre herdeiros.

Para o gerente técnico do Senar Murilo Pedroni, as famílias timidamente estão mais abertas a falar sobre sucessão no campo, no Espírito Santo. Enquanto a geração mais antiga precisa entender que a única certeza que temos é da morte, a mais nova precisa ter empatia e saber que não é fácil entregar aquilo em que trabalhou a vida inteira para outro assumir, segundo ele.

“Falar de sucessão é economia de dinheiro para a partilha de bens. Abordar esse assunto em vida reflete numa melhoria e facilitação da perpetuação da história daquela família”, frisou.

A professora e mestre em Direito pela FDV, Flaviana Ropke da Silva, explicou que só existe o direito a sucessão a partir da morte. “A maioria das pessoas, quanto tem bens maiores, faz a partilha em vida, como doação”, diferenciou.

Essa antecipação da divisão dos bens evita que ocorra divergência após a morte do dono do patrimônio, facilitando a relação entre os familiares. “Há casos de famílias que perderem seu patrimônio em brigas por herança”, lembrou.

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) está oferecendo o treinamento Herdeiros do Campo, justamente para ajudar nesse processo. “A família é preparada para começar a conversar sobre a parte de sucessão. É uma capacitação que precisa da participação de diferentes gerações de uma família”.

Saiba Mais

Saída do campo:

Entre os fatores que influenciam na decisão de filhos de meeiros de sair do campo, é ver que o trabalho dos pais não é fácil. Que mesmo cuidando da fazenda como se fosse deles, na prática não é.

O desejo de aprender novas formas de fazer, de utilizar tecnologias que vê na fazenda do vizinho, mas não está presente na fazenda em que trabalha.

A vontade de contribuir para o desenvolvimento de outra forma, sem morar na roça, mas fazendo a ponte entre os centros urbanos e o campo.

Retorno

A saída do campo não é necessariamente definitiva. Muitos jovens que vêm para grandes centros para estudar decidem voltar para roça após perceber que o campo tem inúmeros benefícios e que o seu conhecimento aplicado lá pode trazer várias vantagens.

Em períodos como o de colheita do café, por exemplo, pode ser que trabalhando no campo o profissional consiga ganhos melhores que na cidade, a depender do seu nível de qualificação.

Herdeiros do campo

Trata-se de um programa do Senar que leva as famílias a iniciarem a produção de um plano sucessório. Aborda questões como mediação de conflitos e construção de confiança, visão estratégica, governança, por exemplo.

De acordo com o Sebrae, um bom plano sucessório envolve desde a posse dos bens aos cargos de liderança. Além de ser uma das estratégias para assegurar um legado duradouro.

Pesquisa

A pesquisa “Caminhos da Tecnologia no Agronegócio” da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apontou que a tecnologia no campo é vista como uma tendência, não como novidade. Segundo informações da revista Forbes, o estudo também mostrou que o agro quer mais tecnologias e capacitação no campo.

Mão de obra

Segundo a pesquisa “Caminhos da Tecnologia no Agronegócio”, o crescimento do uso da automatização está relacionado a escassez de mão de obra. As novas tecnologias ajudam a reduzir custos e aumentar a produtividade.

Fonte: Senar, Sebrae, Flaviana Ropke, Forbes, Anfavea.

Imagem ilustrativa da imagem Trabalho no agro: filhos deixam de seguir passos dos pais
Elcio Paulo Teixeira, CEO da Heach

Análise

“Fundamental reconhecer o valor da agricultura familiar”

“A paisagem rural, uma vez povoada por famílias inteiras dedicadas ao cultivo da terra, agora vê seus jovens partindo em busca de novas oportunidades. A revolução tecnológica na agricultura poderia ser uma benção, mas muitas vezes se revela uma barreira.

A falta de acesso a tecnologias modernas e a formação necessária para utilizá-las efetivamente deixa muitos meeiros em desvantagem, ampliando o fosso entre as possibilidades de inovação e a realidade de suas práticas agrícolas.

A continuidade da agricultura familiar depende da capacidade de adaptar-se a um ambiente em rápida transformação. As políticas públicas devem focar no apoio à educação, no acesso a tecnologias sustentáveis e em infraestruturas de mercado que possibilitem aos jovens agricultores não apenas sobreviver, mas prosperar.

É fundamental que se reconheça o valor da agricultura familiar para a segurança alimentar e a biodiversidade, incentivando uma nova geração a redefinir o futuro do campo.”

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