Tecnologia ajuda produtores a oferecer "vegetais premium"
Avanços garantem frutas, verduras e grãos com qualidade superior, aumentam a produção e reduzem uso de defensivos
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O uso de tecnologias não se limita à indústria urbana: produtores rurais também se valem de recursos tecnológicos para produzir verduras, frutas e legumes “premuim”, com qualidade superior.
Um dos exemplos no Estado é o cultivo do tomate: em estufas, para lidar com o excesso de chuvas e a alta incidência de pragas. O pesquisador do Incaper Hélcio Costa explica que a tendência, especialmente na região serrana, maior produtora no Estado, é a produção em ambiente controlado.
Há cerca de 4 anos, a família Gobbi decidiu investir na tecnologia, e os resultados têm sido positivos. Os gastos com defensivos caíram 70%, e algumas vezes nem há necessidade de aplicação.
Segundo Cassiano Gobbi, um dos produtores da família, o investimento na estrutura se paga em 2 ou 3 anos. As plantações da família estão no Alto Caxixe, em Venda Nova do Imigrante, e no Alto Guandu, em Afonso Cláudio. As estufas agora abrigam a produção das variedades salada e italiano, as mais cultivadas no Estado.
O galpão da propriedade em Venda Nova conta com tecnologia de ponta para beneficiar o tomate. De lá, saem 70 mil caixas de 20 kg por mês, para o Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Mato Grosso e Pernambuco.
O investimento em tecnologia inclui até variações de cultivos próprias do Estado, como a banana “Vitória”, resultado de parceria do Incaper com a Embrapa.
Foram anos de pesquisa para a seleção de um cultivo da banana prata resistente às principais doenças que atacam o bananal: sigatoka-negra, sigatoka-amarela e mal-do-panamá. Além disso, a banana “Vitória” tem aparência mais agradável ao consumidor por ser imune a antracnose, uma doença que causa lesões ao fruto.
Outro exemplo de avanço no campo usada no Estado é o Systems Approach, tecnologia que integra as práticas de pré e pós-colheita usadas nos vários estágios da cadeia produtiva do mamão.
As práticas são empregadas na produção, colheita, empacotamento e transporte, garantindo que o produto esteja livre de pragas como a mosca-das-frutas, de modo a atingir a segurança quarentenária exigida pelos países importadores, já que o mercado externo é um destino importante das frutas produzidas no Estado.
Os resultados obtidos nos 12 primeiros anos do programa foram altamente expressivos, abrindo o mercado americano para o mamão capixaba e tornando os EUA o segundo maior importador do mamão brasileiro.
Saiba mais
Melhoramento genético
O objetivo do melhoramento genético é de melhorar características de verduras, legumes e frutas para o seu cultivo. O Incaper, por exemplo, realiza pesquisas com esse objetivo desde a década de 1980 no Estado.
O melhoramento genético pode ser feito por meio de técnicas como: Seleção, Cruzamento, Hibridação, Pesquisa bibliográfica, Observação, Pesquisa de campo, Pesquisa de laboratório
O que é uma cultivar?
É a designação dada a determinada forma de uma planta cultivada, correspondendo a um determinado genótipo e fenótipo que foi selecionado e recebeu um nome único e devidamente registado com base nas suas características produtivas, decorativas ou outras que o tornem interessante para cultivo.
O cultivar deve apresentar em cultura, e manter durante o processo de propagação, um conjunto único de características que o distingam de maneira coerente de plantas semelhantes da mesma espécie.
Alguns exemplos no ES
Pesquisas realizadas por pesquisadores do Incaper e da Ufes, por exemplo, resultaram em uma série de culturas alimentares que já foram registradas e apresentam resultados de melhoramento genético em relação a outras variedades. Alguns exemplos são:
1. Aliança
A variedade de arroz é de ciclo médio e vem para ampliar a diversidade genética, contribuindo para a redução dos riscos de perdas na produção, especialmente em relação às doenças e à toxidez do ferro, tornando-se portanto, mais uma opção varietal para o produtor.
2. Rio doce
Um feijão que apresenta vantagens em relação à variedade Carioca, por possibilitar a maior produtividade, tolerância à mancha-angular e porte ereto, com inserção da primeira vagem mais alta, favorecendo a colheita mecânica e melhorando a qualidade das sementes.
3. Serrano
Lançado para as regiões produtoras acima de 300m de altitude, a cultivar de feijão-preto atendeu à demanda por uma solução para as altas perdas que vinham sendo causadas pela antracnose, principal doença do feijoeiro em locais de temperaturas mais baixas, como a Região Serrana do Estado.
Além de resistente à antracnose e apresentar boa produtividade, o “Emcapa 404 – Serrano” é tolerante às principais doenças da cultura.
4. Itapemirim
Outra variedade de arroz, foi introduzida no Espírito Santo em 1991, a cultivar superou outras cultivares recomendadas para o sistema de cultivo irrigado no Estado, não apresentando sintomas provocados por doenças ou estresse ambientais em nenhum dos experimentos. Apresenta grãos longos e finos, com alto rendimento de inteiros, de excelente aspecto e boas características culinárias
5. Bananeira Vitória
O Incaper, em parceria com a Embrapa, dedicou vários anos de pesquisa até selecionar a banana “Vitória”, cultivar do grupo Prata que apresenta resistência às principais doenças que atacam os bananais: sigatoka-negra, sigatoka-amarela e mal-do-panamá.
A variedade apresenta também características agronômicas semelhantes e/ou superiores às das bananas Prata e Pacovan e pode ser cultivada nos mesmos espaçamentos e seguindo as mesmas recomendações técnicas usadas na Prata.
Nas análises químicas, os frutos da banana Vitória revelaram uma maior resistência à antracnose (doença que causa lesões que comprometem a aparência dos frutos).
Essas características podem facilitar a adoção dessa cultivar pelos produtores e preferência dos consumidores, já que o primeiro critério de escolha dos frutos, em geral, é a aparência.
6. Abacaxi Vitória
O Incaper, em parceria com a Embrapa, desenvolveu a cultivar de abacaxi ‘Vitória’. A planta é resistente à fusariose, principal problema fitossanitário da cultura. Dispensa o uso de fungicidas para controle da doença, com redução dos custos por hectare e os riscos de impacto ambiental. Tem maior produtividade (no mínimo 30% em relação ao abacaxi Pérola) e a ausência de espinhos nas folhas e coroa. Os frutos maduros são maiores, pesando cerca de 1,5 kg.
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