Programa vai reduzir prestação para comprar imóvel de até R$ 1,5 milhão
Governo federal prepara um novo formato de financiamento voltado para a classe média, com juros mais baixos e prestações menores
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O governo federal avalia criar um novo formato de financiamento para a compra de imóveis no valor de até R$ 1,5 milhão, voltado para a classe média, com juros mais baixos e, portanto, prestações menores.
As mudanças incluem flexibilizar o volume de recursos da poupança que fica retido no Banco Central e criar um mecanismo para aumentar a atratividade dos contratos corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o índice oficial de inflação.
Um esboço da proposta, que é capitaneada pelo Banco Central, já foi levado ao presidente Lula, que quer garantir recursos para a compra da casa própria pela classe média como estratégia para frear sua queda de popularidade neste setor.
Atualmente, os depósitos na poupança são a principal fonte de recursos para o crédito imobiliário, mas sua participação vem caindo junto com redução no saldo da caderneta em meio ao aumento do acesso da população a aplicações financeiras mais rentáveis.
O estudo foca principalmente em duas frentes. A primeira, considerada mais rápida, permitiria uma flexibilização nas regras que os bancos têm de seguir para aplicação dos recursos captados via poupança.
A ideia é que os bancos ganhem um “bônus” de aplicação “livre” dos recursos da poupança por um período determinado para cada real a mais usado para bancar o crédito imobiliário. Funcionaria assim: a cada R$ 1 a mais que a instituição emprestar em habitação, o BC daria o benefício de usar o mesmo volume em qualquer aplicação.
Com a operação casada, haveria ampliação dos recursos da poupança que podem ser usados para o financiamento imobiliário, mas com menor prejuízo à estratégia do BC de controle de liquidez e inflação.
Já a outra possibilidade é aumentar a atratividade dos contratos corrigidos pelo IPCA. A ideia do BC é criar uma espécie de adicional de amortização nas prestações dos contratos corrigidos pelo IPCA de modo a tornar a trajetória do custo das parcelas mais “esperada”.
“O BC tem demonstrado disposição em criar uma alternativa sustentável e vejo progressos a caminho. É muito positiva a iniciativa e a expectativa do mercado é que tenhamos soluções a curto prazo”, disse o vice-presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES), Alexandre Schubert.
Entenda
Duas frentes
Com intuito de resolver um problema estrutural do mercado, a proposta avaliada pelo BC atua principalmente em duas frentes.
Frente um
A primeira, com um efeito mais rápido, permitiria uma flexibilização nas regras que os bancos têm de seguir para aplicação dos recursos captados via poupança. Atualmente, 65% dos depósitos são direcionados obrigatoriamente para crédito imobiliário, enquanto 20% ficam retidos no BC na forma de depósitos compulsórios e os outros 15% podem ser usados livremente pelos bancos.
De maneira geral, a ideia é que os bancos ganhem um “bônus” de aplicação “livre” dos recursos da poupança por um período determinado para cada real a mais usado para bancar o crédito imobiliário.
Funcionaria assim: a cada R$ 1 a mais que a instituição emprestar em habitação, o BC daria o benefício de usar o mesmo volume em qualquer aplicação.
Esse “bônus” seria descontado em parte da parcela de compulsório, mas também há a possibilidade de ser retirada da fatia de direcionamento obrigatório relativa aos recursos devolvidos aos bancos após o pagamento das parcelas pelos clientes.
Com a operação casada, haveria a ampliação dos recursos da poupança que podem ser usados para o financiamento imobiliário, mas com menor prejuízo à estratégia do BC de controle de liquidez e da inflação.
Frente dois
A outra parte da proposta do BC prevê aumentar a atratividade dos contratos corrigidos pelo IPCA. Atualmente, os bancos já oferecem essa modalidade, normalmente com juros mais baixos do que nos financiamentos via poupança, mas têm baixa adesão, uma vez que o saldo devedor é atualizado mensalmente pela variação da inflação.
Como o contrato imobiliário é longo, de até 30 anos, a depender do cenário econômico, o comportamento da inflação pode aumentar muito o saldo devedor ao longo do tempo e encarecer o custo das parcelas. Do total de contratações de crédito habitacional entre janeiro de 2024 e março de 2025, apenas 2% usaram o índice de inflação como indexador.
A ideia do BC é criar uma espécie de adicional de amortização nas prestações dos contratos corrigidos pelo IPCA de modo a tornar essa trajetória mais “esperada”.
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