Produtos vão ter queda de preço com taxação dos EUA, diz FMI
Tarifas dos EUA podem baratear produtos no ES, como café e carnes, mas efeito é pontual e pode impactar produção e empregos
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As tarifas impostas pelos Estados Unidos podem resultar em um efeito desinflacionário na economia do Brasil e baratear, mesmo que momentaneamente, pelo menos 10 produtos no ES.
O diretor-executivo do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), André Roncaglia, disse que a interrupção parcial nas exportações pode gerar uma oferta maior de produtos no mercado interno, aliviando pontualmente a pressão inflacionária. Com isso, é possível que haja alguma pressão desinflacionária nesses setores dentro da economia brasileira.
O economista Marcelo Loyola, que é diretor da Faculdade Capixaba de Negócios (Facan), citou produtos que podem ficar mais baratos, entre eles: café, carnes, pescados, pimenta-do-reino, frutas, granito e mármore, papel, embalagens e papelão, aço e ferro.
O economista Eduardo Araújo, mestre pela Universidade de Oxford, confirma que as tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros podem gerar um efeito inesperado: a desaceleração dos preços no País.
“Ao dificultar as exportações, essas barreiras comerciais devem aumentar a oferta interna de produtos como calçados, móveis, alimentos processados e itens do agronegócio. Com mais mercadorias disponíveis no mercado doméstico, os preços tendem a subir mais devagar — fenômeno conhecido como desinflação, quando a inflação perde força”.
Esse movimento, ainda segundo ele, tende a ser mais visível em setores que dependem fortemente do mercado americano. “Empresas que não conseguirem redirecionar suas vendas para outros países acabam competindo entre si no mercado interno. Essa disputa pressiona as margens e, muitas vezes, os preços”.
Para o consumidor, como ele destaca, pode haver um alívio pontual. “Mas é importante lembrar: trata-se de uma desinflação provocada por desequilíbrio, não por melhoria estrutural. Com menor faturamento, empresas podem reduzir produção ou empregos, afetando renda e consumo”.
Além disso, o cenário pode se inverter rapidamente. “Eventuais retaliações comerciais, alta do dólar ou encarecimento de insumos importados tendem a provocar novas pressões de custo”, conclui.
Os produtos
Café
Principalmente o premium. O preço, na avaliação do economista Marcelo Loyola, pode ficar baixo por no máximo quatro meses, e pode ser redirecionado para outros mercados.
Granito e mármore
o setor de rochas ornamentais será muito impactado no Estado. Loyola prevê possível queda nos preços, que deve durar até nove meses, até que o mercado se reequilibre ou a produção seja ajustada.
Papel, embalagens e papelão
Especialistas fazem a previsão de possível queda nos preços por até seis meses.
Aço e ferro
possível redução para a construção civil, por até seis meses até que as exportações sejam redirecionadas.
Carne, frutas e pimenta do reino
também há previsão de queda nos preços. No caso das carnes, Loyola acredita que a redução deverá durar cerca de dois meses, pois as empresas devem passar por redução da produção.
Pescados
Mais de mil pescadores que atuam na pesca oceânica estão ameaçando paralizar totalmente suas atividades, sobretudo os que atuam nas regiões de Itaipava, Anchieta, Piúma e Guarapari, onde são capturadas espécies como atum, dourado, cavala e meka — todas destinadas principalmente ao mercado americano.
Os barcos que estão retornando da pesca, que dura até 20 dias, só conseguirão embarcar os produtos até o dia 31 de julho.
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