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Economia

Preço dos imóveis vai ter reajuste acima da inflação

É o que apontam especialistas do setor, que indicam ainda que os materiais e a mão de obra também ficaram mais caros


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Imagem ilustrativa da imagem Preço dos imóveis vai ter reajuste acima da inflação
Imóveis em Vila Velha: reajuste se deve, principalmente, à alta da taxa Selic e ao aumento nos custos da construção civil |  Foto: Kadidja Fernandes/AT

O preço dos imóveis vai ter aumento acima da inflação este ano, dizem os especialistas em mercado imobiliário. Com isso, comprar a casa própria deve ficar ainda mais difícil.

Entre as principais razões que explicam esse reajuste estão o aumento da taxa básica de juros (Selic) e a alta nos custos da construção civil.

A taxa Selic afeta os preços do financiamento ao consumidor e às incorporadoras. O índice, utilizado pelo governo para tentar controlar a inflação, teve salto de 2% para 11,75% em menos de um ano. A expectativa é de que ele atinja 12,75% no fim de 2022.

Por sua vez, tanto os materiais básicos utilizados na construção civil quanto a mão de obra também ficaram mais caros. O aumento nos custos da construção foram bem expressivos e influenciados pela guerra na Ucrânia.

O vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Espírito Santo (Sinduscon-ES), Leandro Lorenzon, destaca que os materiais de construção tiveram aumento até maior que outros itens afetados pela inflação. E o impacto, segundo ele, deve ser observado de forma imediata.

“Imóveis usados podem demorar um pouco mais para refletir isso, agora o imóvel novo, que está sendo lançado, vai direto para conta da construtora. Esse ano vai ter um reajuste de preços para que as construtoras possam repassar esses aumentos de custos que tiveram”, afirma Lorenzon.

Para Gilmar Custódio, diretor jurídico da Associação Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES), todo aumento de custo não deve ser repassado ao consumidor.

“Não há risco do repasse integral, os imóveis populares continuam com taxas de juros atrativas, eles têm uma função social. Não dá para aumentar muito os preços”, destaca Custódio.

Os especialistas do mercado imobiliário acreditam que o aumento será onde há maior demanda e no alto padrão.

“Não é algo matemático, não é simplesmente repassar o valor. Existe algo acima da lógica, que é a regra de mercado. O repasse vai depender de cada região e da oferta de imóveis. O que vai regular o valor de venda é o mercado”, defende o consultor imobiliário José Luiz Kfuri.

Uso de FGTS para quitar até 12 parcelas em atraso

As parcelas atrasadas do financiamento imobiliário agora poderão ser quitadas com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

A situação ocorre após o Conselho Curador do Fundo de Garantia autorizar o uso do saldo do FGTS para pagar até 12 parcelas em atraso de financiamento imobiliário. Atualmente, podem ser pagas apenas três.

A medida é destinada aos trabalhadores com saldo no FGTS e financiamento imobiliário contratado no âmbito do SFH (Sistema Financeiro da Habitação), vinculado ao governo federal.

A resolução foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) da última quarta-feira. Ela entra em vigor no dia 2 de maio e possui validade até 31 de dezembro.

O Fundo de Garantia foi criado com o objetivo de proteger o trabalhador demitido sem justa causa. Ele é destinado a quem trabalha com carteira assinada.

No início de cada mês, os empregadores depositam, em nome dos funcionários, o valor correspondente a 8% do salário de cada empregado em uma conta aberta na Caixa Econômica Federal.

Sonho adiado da casa própria aumenta busca por aluguel

Em meio ao aumento nos preços de imóveis e nos financiamentos, o cenário faz com que muitas pessoas prefiram adiar o sonho da casa própria. Com isso, um segmento favorecido é o do aluguel de imóveis.

“Sem dúvidas isso estreitará as margens de negociações de imóveis e favorecerá a procura por aluguéis, tendenciando adiar a compra do imóvel próprio”, afirma a advogada imobiliária Camila Teixeira.

O vice-presidente do Sinduscon-ES, Leandro Lorenzon, chama atenção para um outro risco: o do aumento dos aluguéis.

“Partindo do principio que estando o imóvel mais caro, quem eventualmente ia comprar, agora passa a deixar de comprar e vai passar a alugar. Assim, mais pessoas vão buscar a locação, o que pode fazer com que o preço aumente também”, afirma.

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