Plano chinês ajuda a economia do Espírito Santo
Governo do gigante asiático anunciou medidas para incentivar consumo no país, o que aumenta demanda de produtos capixabas
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O plano do governo chinês de aumentar o consumo interno tende a ajudar diretamente a economia do Espírito Santo caso consolidado. A avaliação é do governo do Estado e de especialistas consultados pela reportagem de A Tribuna.
Exportador de commodities (matéria-prima básica em grande quantidade), o Estado pode ter o setor do café, do minério de ferro, da celulose e das rochas ornamentais fortalecido com a demanda por mais produção industrial no país asiático.
A China, inclusive, é o principal destino da produção capixaba de celulose. As exportações ao país representaram 35,11% do total do produto encaminhado para a demanda externa no quarto trimestre de 2024, segundo dados do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).
A Suzano Papel e Celulose, com operações em Aracruz, enviou no ano passado 72 mil toneladas para a China, em uma embarcação classificada como “o maior navio de transporte de celulose do mundo”.
Para a China, o Espírito Santo ainda vendeu principalmente granito e outras rochas em blocos ou placas (21,10%), minérios de ferro e seus concentrados (15,55%) e mármores e outras rochas em blocos ou placas (8,50%) entre outubro e dezembro de 2024.
A demanda da construção civil é a que mais deve impulsionar as exportações, afirma o empresário do setor da metalurgia Leonardo Cereza. “O setor de rocha ornamental vai se beneficiar, porque se houver mais demanda da construção civil, poderemos cortar mais pedra. Mas se com o investimento interno pararem de investir no exterior, para a gente é ruim”.
Para Fausto Frizzera, presidente do Centro Capixaba de Desenvolvimento Metalmecânico (CDMEC), é preciso ficar atento ao que o governo chinês vai demandar do Brasil. Já para o empresário Lúcio Dalla Bernardina, o aumento do consumo de minério de ferro é a expectativa.
O consultor empresarial Durval Vieira de Freitas ressalta os efeitos positivos para as operações da Samarco e da Vale, que trabalham com a exportação do minério de ferro, usado para a confecção do aço que abastece o mercado da construção.
“Mas, no aço, eles são nossos concorrentes”, lembra Durval, que ressalta que o problema político com os EUA, principal destino do aço capixaba, não se resolve com uma guinada do consumo interno chinês.
ENTENDA
Plano de estímulo
> O “plano de ação especial” do governo da China, anunciado no último domingo, visa estimular o consumo interno com medidas que incluem o aumento da renda e a criação de subsídio para cuidados infantis.
> Ele é criado após uma série de desafios à demanda do consumidor nos últimos anos, como as interrupções causadas pela pandemia de Covid-19 e a crise imobiliária prolongada no país, que contribuíram para um cenário de deflação.
> O documento propõe aumentar a renda tanto nas áreas urbanas quanto rurais, sugerindo, por exemplo, reformas habitacionais para melhorar a condição financeira dos agricultores.
> Prevê ainda medidas para estabilizar o mercado de ações — embora ainda não tenham sido divulgados detalhes.
> A promoção de emprego flexível e da ampliação de serviços como clínicas pediátricas noturnas em hospitais gerais também estão na medida.
Fontes: Reuters e G1
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