Valor do ovo deve continuar a subir no ES
No momento, um dos motivos de aumento é a quaresma, quando o consumo cresce e os preços acompanham
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O que está impactando o mercado e o preço dos ovos atualmente são os custos de produção e o momento de alto consumo – período sazonal da quaresma. Em decorrência da crise que vem desde 2020, vários produtores não conseguiram sustentar seus negócios. E não só os que produzem ovos, mas também o que atuam com as demais proteínas.
Um grande número de produtores deixou a atividade e granjas foram fechadas por causa do isolamento social. A estimativa é de que, na postura comercial, nós tenhamos perdido cerca de 40 produtores no Espírito Santo, a grande maioria de pequeno porte, de atividade familiar.
Tivemos e estamos convivendo com a questão do custo alto de produção, ocasionado principalmente por insumos como o milho e a soja, que estão com preços exorbitantes em função do histórico que inclui o mercado global muito aquecido, a crise provocada pela guerra entre Ucrânia e Rússia e fatores da pandemia.
Os insumos aplicados na produção local vêm de fora no geral, e seguem com custo alto. A produção de ovos, assim como a de aves, requer muitos investimentos por parte dos produtores.
A produção teve redução no Espírito Santo e ao nível nacional. Só na produção de ovos no Estado, a queda foi de 17% no comparativo entre 2022 e 2021. No País, a redução foi próxima de 5%.
Esse decréscimo ocorreu porque os produtores não conseguiram repassar, na mesma medida, os custos de produção para o preço final das mercadorias, e isso acabou criando a necessidade de se ajustar a produção.
No Brasil, quase toda a produção de ovos é para atender o mercado interno. Menos de 1% é exportado.
No Estado, praticamente não exportamos. Existe uma tendência de aumento da exportação da produção nacional, mas de forma gradual.
Mas o preço deve continuar subindo e a produção nacional novamente deve ser reduzida este ano. Esta é a realidade.
No momento, um dos motivos de aumento é o período da quaresma, quando o consumo aumenta e os preços costumam acompanhar essa tendência com a demanda.
Há diferença no preço entre os estados. E ela está relacionada à demanda e à oferta. No caso do Rio de Janeiro, a demanda é maior do que aqui, e lá existe uma abrangência maior de fornecedores. Apesar de produzirmos mais, no Espírito Santo se dá preferência à produção local.
Fizemos alguns questionamentos se há relação dos preços atuais com a influenza aviária, mas isso não procede.
Nos Estados Unidos e em países da Europa, por exemplo, esse aumento no preço se deve principalmente ao surto devastador da enfermidade. Nos EUA, os preços chegaram a subir mais de 120%. Inclusive com a falta do produto.
Quanto à influenza, o setor de avicultura no Estado já redobrou a atenção e, de forma preventiva, está tomando todas as medidas.
Nélio Hand, diretor-executivo da Associação dos Avicultores do Espírito Santo (Aves)
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