Mais de mil pescadores podem parar de trabalhar
Muitos profissionais do ES já deixaram de ir para o mar, enquanto outros aguardam uma definição para iniciar a próxima pescaria
Escute essa reportagem

Mais de mil pescadores que atuam na pesca oceânica estão ameaçando paralisar totalmente suas atividades devido às tarifas impostas pelos EUA.
A maioria atua nas regiões de Itaipava, em Itapemirim; Anchieta; Piúma; e Guarapari, onde são capturadas espécies como atum, dourado, cavala e meka — todas destinadas principalmente ao mercado norte-americano.
O presidente do Sindicato das Indústrias e dos Armadores de Pesca do Espírito Santo, Luiz Gonzaga de Almeida Neto, contou que muitos pescadores já deixaram de sair para o mar, enquanto outros aguardam uma definição para iniciar a próxima pescaria.
Ele destacou que as viagens para o alto-mar duram até 20 dias. “Só para sair, os barcos precisam de 4 a 7 toneladas de isca, compradas de embarcações menores, que também estão sendo afetadas. Há excesso de isca no mercado, mas ninguém quer comprar, pois os barcos não devem sair. O preço caiu de R$ 4 para R$ 1,80”, explicou.

Ele informou que os peixes são enviados aos Estados Unidos por transporte aéreo. “Geralmente embarcam hoje e chegam no dia seguinte. Os barcos que estão voltando ainda vão conseguir exportar até o dia 31 de julho”.
Segundo ele, o mercado interno também será parcialmente afetado, já que muitas embarcações não irão para o mar e isso poderá reduzir o fornecimento de algumas espécies.
Diferentemente da região Sul, que é voltada para exportação, ele explicou que a região Norte, é voltada, principalmente, para o abastecimento interno. “Só afeta mesmo quando está na safra do dourado, entre setembro e janeiro”.
Proprietário de sete barcos e responsável por 49 trabalhadores diretos e mais de 20 indiretos, o armador Lucas Areias Bassul anunciou que está suspendendo as viagens enquanto não houver uma definição sobre o impasse.
“Não compensa sair com um custo de R$ 130 mil a R$ 140 mil, sem saber por quanto vamos vender o peixe. Se o preço cair pela metade, a pescaria se torna inviável”.
Diante da gravidade, a Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca) solicitou ao governo federal uma linha de crédito emergencial entre R$ 800 milhões e R$ 900 milhões, como tentativa de evitar o colapso do setor.
Opinião

MATÉRIAS RELACIONADAS:




Comentários