Gafes em festas de fim de ano já provocam demissões
Confraternizações de empresas voltam a ser presenciais, após dois anos de pandemia. Veja como não vacilar e evitar até justa causa
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Após restrições provocadas pela pandemia, muitas empresas estão de volta com as tradicionais festas de confraternização de fim de ano. Especialistas revelam que excessos e “gafes” cometidas nesses eventos já são motivos de demissões.
Dezembro marca a época em que muitas empresas realizam as tradicionais confraternizações. Nelas, o amigo-x e o amigo-choco fazem parte dos costumes.
Apesar de ser um momento de descontração, com fartura de bebidas e comidas, a moderação e o bom senso não devem ser deixados de lado. Uma gafe grave pode render demissão por justa causa, disse a advogada especialista em Direito do Trabalho, Luiza Vasconcelos, do escritório Fardim Burian.
“Isso é muito comum, até porque nessas confraternizações há uso de bebida alcoólica e as pessoas cometem excessos. A punição pode ir desde uma advertência verbal até uma justa causa”
A advogada explicou que a demissão por justa causa só costuma ocorrer em casos quando, além do excesso, há ameaças ou agressões contra colegas ou superiores.
“Em casos de assédio ou agressão física há uma quebra da confiança. Nessas situações mais extremas eu consigo observar de forma mais robusta a penalidade da justa causa”, relatou.
Luiza alerta também para o uso das redes sociais e as fotos publicadas. “Quando se vincula a imagem da empresa em postagens, ela pode pleitear alguma indenização ou a demissão, se entender que a imagem dela foi violada”.
Consultora de Recursos Humanos (RH), Eliana Machado afirma que advertências verbais ou por escrito acabam sendo suficiente.
Ela conta que apesar do momento não ser de trabalho, é natural que os participantes também estejam atentos ao seu comportamento nessas ocasiões.
“Se você é mais fraco com a bebida, o ideal é que você participe do brinde, mas evite se expor a aquilo que pode te comprometer. Ela pode ser o estopim para cometer vexames ou até passar mal”
Ela alerta também para os flertes durante esses momentos. “Há uma distância tênue entre aquilo que é uma cantada e o que pode ser considerado um assédio.”
Uma recomendação que a especialista em RH faz é que os organizadores tentem previamente informar as regras e normas de conduta da festa. “Para ninguém falar que não houve aviso nenhum”.
Deu em cima da mulher do chefe
A consultora de RH Eliana Machado narra o vexame de um colaborador durante uma festa.
“Ele bebeu demais e quando foram para uma roda, esse funcionário deu algumas piscadas para uma mulher que estava lá. Ele não sabia que se tratava da esposa do chefe”, conta.
Antes da situação piorar, afastaram o rapaz, que virou a piada da festa.
Fantasia do “Negão do Zap” pegou mal
Três pessoas foram demitidas, inclusive o presidente de uma multinacional com filial no País, por conta da repercussão ruim de uma fantasia polêmica.
Um dos empregados foi fantasiado do personagem “Negão do WhatsApp”. A imagem dele e de colegas foi publicada no Facebook. Os funcionários da matriz americana viram a imagem e pediram a demissão dele.
“É um compromisso de trabalho”
Apesar de ser uma festa de confraternização, é importante se lembrar que ainda se trata de um compromisso de trabalho.
Esse é um momento que deve ser dedicado ao networking, para alavancar sua imagem profissional e estreitar laços. Sua imagem nesses momentos será comparada ao seu comportamento na empresa.
Uma reputação construída ao longo de anos pode vir abaixo por conta de um comportamento de uma festa. Grosserias, se exceder nas intimidades ou se envolver em brigas pode até provocar demissão.
Nesses ambientes, geralmente há bebidas alcoólicas à vontade, mas isso não quer dizer que você deva ir com muita sede ao pote. Ficar alegrinho ou bêbado pode acabar com a sua reputação no trabalho e lhe garantir, além de má fama, uma possível demissão.
GUIA PARA NÃO VACILAR
1. Presença
> O comparecimento nesses eventos tem um significado importante e até sua ausência pode ser mal interpretada.
> Faltar a festa de fim de ano da empresa pode ser percebida como um desdém aos colegas de trabalho e com a companhia deles.
> Mesmo que só possa fazer uma breve presença, não deixe de ir.
> Negar-se a participar desses eventos pode demonstrar uma insatisfação com a empresa
2. Vestuário
> Mesmo que o clima seja de festa, você ainda está em um evento do trabalho.
> Evite roupas de praia, decotadas, despojadas demais ou que mostrem excessivamente o corpo.
> Discrição e sobriedade são essenciais, recomenda a consultora de imagem Janaína Gurgel.
3. Flerte
> Se não for proibido pelo regulamento da empresa, não há problema. Mas é importante ter certeza de que há um interesse mútuo.
> Evite cantadas agressivas e toques desnecessários. O assédio pode estar a poucos passos.
> Deixe os momentos de intimidade para outros locais.
4. Bebida
> É natural que nesses eventos a bebida seja liberada e acessível para todos os convidados.
> Mas os excessos precisam ser evitados, principalmente para pessoas que já são naturalmente mais “sensíveis” ao álcool.
> Ela pode ser estopim para uma série de constrangimentos que vão desde dancinhas, falar demais e se envolver em brigas.
5. Amigo secreto
> É preciso ter cuidado com os presentes que forem oferecidos durante essas festas de confraternização das empresas. Não é o momento de fazer brincadeiras com teor sexual ou oferecer brinquedos de sex shop, isso pode ser mal interpretado.
> Também é necessário ter cuidado da maneira que o funcionário irá descrever seus colegas, pois exaltar defeitos não é indicado.
> Evite palavras pejorativas ou apelidos.
6. Redes sociais
> As mídias digitais eternizam qualquer fato e exclui-lo às vezes pode não ser suficiente, se quem visualizou já tiver feito capturas da tela.
> Evite fotografar momentos constrangedores ou fazer associações à empresa que trabalha.
> Vincular a imagem da empresa a contextos depreciativos pode ocasionar uma demissão ou até processo, explicou a advogada Luiza Vasconcelos.
7. Assuntos
> Apesar da descontração, o momento não pode ser entendido como tudo liberado.
> Evite assuntos polêmicos que possam gerar discussão ou intrigas.
> Fofocas também são desaconselhadas.
Fonte: Janaína Gurgel, Eliana Machado e Luiza Vasconcelos
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