Faltam mesas: retomada do trabalho presencial exige a expansão dos escritórios
Consultoria aponta maior demanda por escritórios, com 38% das empresas planejando expansão. Preços devem subir
Escute essa reportagem

A retomada do trabalho presencial tem provocado falta de espaço para acomodar funcionários e deve exigir a expansão dos escritórios.
É o que aponta um novo levantamento feito pela consultoria imobiliária CBRE com 225 empresas da América Latina, EUA e Canadá, sendo mais de 50 empresas do Brasil. Quase um terço (32%) das empresas relatou dificuldade ou total falta de capacidade para acomodar funcionários em dias de pico.
A retomada do trabalho presencial puxa uma demanda por mais lajes e salas comerciais: 38% das companhias tinham planos neste ano de expandir seus espaços locados, quase o dobro frente aos 20% no ano anterior. Com isso, a tendência é de que os preços desses espaços subam em 2026.
Gisélia Freitas, diretora de Pessoas, Cultura e Diversidade do Ibef-ES, explica que a dificuldade no retorno ao trabalho presencial tem sido, em parte, causada pela redução da estrutura física dos escritórios. Na pandemia, muitas empresas desmobilizaram estações fixas de trabalho — até vendendo mobiliário ou realocando espaços — como forma de reduzir custos diante da baixa ocupação.
Segundo ela, agora, com o retorno gradual, há uma limitação concreta: não há mesas suficientes para todos, especialmente em dias de maior concentração presencial. E ela destaca que esse cenário não é exclusivo de grandes centros; no Espírito Santo, diversas empresas adotaram modelos híbridos e ajustaram seus espaços físicos conforme a nova realidade.
“Grandes empresas no Estado, inclusive multinacionais, mantêm parte das equipes em home office, e seus escritórios passaram a priorizar ambientes colaborativos em vez de estações individuais. Isso reflete uma mudança estrutural no modo como se pensa o ambiente de trabalho”.

A gerente na CBRE, Raquel Dias, conta que a retomada do trabalho presencial é mais forte no Brasil do que nos EUA ou no Canadá, que ainda ensaiam um retorno aos escritórios.
No País, diz ela, o trabalho híbrido com dois dias de home office está praticamente consolidado, com algumas empresas estabelecendo apenas um dia de trabalho remoto por semana.
“Modelo híbrido veio para ficar”
A tendência de trabalho totalmente presencial ou híbrido deve se manter em 2025 — ao menos, essa é a expectativa do setor de escritórios.
O gestor da Valora Investimentos, José Eduardo Varandas, conta que, no ano passado, o movimento de procura por espaços corporativos começou nos principais eixos comerciais, como Faria Lima e Avenida Paulista, e agora se estende para regiões menos centralizadas.
“No ano que vem, a expectativa é que esse movimento continue e tenhamos um mercado aquecido como um todo nos prédios corporativos”, afirma.
A gerente de recursos humanos da Center RH, Eliana Machado, observa que o trabalho híbrido é uma tendência e que, no Estado, fatores como o congestionamento de veículos na Grande Vitória criam uma grande resistência da população contra o sistema 100% presencial.
Já Elcio Paulo Teixeira, CEO da Heach Recursos Humanos, confirma que o modelo híbrido veio para ficar, mas revela que o Espírito Santo segue a tendência nacional de retomada do trabalho presencial, o que tem gerado falta de espaço para acomodar os funcionários.
No entanto, ele ressalta que esse movimento ocorre de forma mais gradual e localizada.
MATÉRIAS RELACIONADAS:




Comentários