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Empreendedorismo Capixaba

Mãe e filha comandam rede de lojas no ES

Não é uma tarefa fácil e a diferença de pensamento é inevitável, mas funciona


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Imagem ilustrativa da imagem Mãe e filha comandam rede de lojas no ES
Maria Helena e a filha Monica: trabalho em conjunto com respeito às diferenças é marca da família |  Foto: Reprodução

Respeito mútuo e amor são as regras básicas para que o negócio em família dê certo. Pelo menos na casa da empresária Maria Helena Alochio Paiva, 85 anos, é assim que funciona. Fundadora das Óticas Cachoeiro há 70 anos, ela tem na filha, Monica Alochio Paiva, o seu apoio e comando nos negócios. 

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Com estratégias e papéis bem definidos, mãe e filha administram oito lojas e mais de 100 funcionários. Não é uma tarefa fácil e a diferença de pensamento é inevitável, mas Maria Helena, com sua sabedoria de mãe, resume assim: “Ela manda e eu calo”. 

Brincadeiras à parte, as duas estão sempre conversando. Maria Helena tem sua rotina de trabalho na loja localizada na Rua Sete, Centro de Vitória, enquanto Monica fica entre a administração das lojas na Grande Vitória e sua casa em Boston, Estados Unidos, onde mora com o marido e três filhos. 

A TRIBUNA -  Como começou a sua empresa? 

MARIA HELENA -  Nossa ótica começou em Cachoeiro, há 70 anos. Eu era professora, muito moça, quando abri a loja com meu marido. Meus colegas e alunos iam fazer óculos comigo. Era muito bom. Depois veio a necessidade de vir para Vitória porque as crianças cresceram e precisavam estudar em outras escolas. Assim montamos nossa loja no Centro e depois começamos a abrir outras na Grande Vitória.  

Como é trabalhar em família? 

MARIA HELENA - Trabalhar em família é muito bom. Gostaria que todos os meus filhos estivessem aqui comigo, mas eles têm suas profissões. Monica que decidiu trabalhar comigo desde 2006 e foi muito bom porque ela é mais tecnológica. Meu negócio é venda, é balcão. Eu adoro atender clientes. Adoro servir, não é só ganhar dinheiro. É atender bem e ver o cliente feliz da vida. Nossos clientes são todos amigos.

É difícil ser sócia da filha? 

MARIA HELENA - Não, porque ela manda e eu calo (risos).

Qual é o segredo de empreender em família?

MONICA - Uma das coisas é separar bem o que é trabalho e o que é família. Lá em casa até grupo de WhatsApp é diferente. Um de trabalho e outro de família, para justamente não confundir as coisas e não chatear quem não trabalha com a gente. 

Vocês já brigaram? 

MONICA - Não tem briga não. A gente sempre chega a um denominador comum porque as tarefas são separadas. A minha mãe gosta mais de atender, de estar presente nas vendas. Eu fico mais no escritório, na administração, e sempre buscando novidades, porque eu moro fora, e sempre procuro algo diferente para adotarmos em nosso dia a dia. 

Como é essa dinâmica de estar no Brasil e nos EUA? 

MONICA –  Temos algumas dificuldades, porque não estou no dia a dia das lojas, não estou presente sempre, mas graças a Deus temos a tecnologia a nosso favor, como câmeras, WhatsApp, reuniões on-line, sistemas e a gente consegue estar de certa forma presente. 

É interessante estar um pouco afastada para ter uma visão mais panorâmica da empresa e trazer novidades que estão em outros países. Temos uma visão de mundo mais ampla e isso é muito importante hoje em dia. As mudanças estão rápidas demais e precisamos estar sempre atentas ao rumo para onde o mundo está indo. 

Qual a dica  para quem está começando um negócio? 

MONICA - Eu acho que primeiro ter uma divisão clara de papéis na sociedade e ter uma comunicação clara, porque às vezes as pessoas ficam chateadas pelo que você não comunica. Então a comunicação é muito importante. Outra coisa importante é a persistência. Temos que persistir todos os dias, mesmo que um dia você possa pensar que algo não está dando certo, persista. A motivação é tudo no negócio.

Financeiro requer cuidado

Separar a vida da empresa da vida pessoal é muito importante quando o assunto é dinheiro. Uma orientação de sucesso para empresas familiares é ter uma separação clara do que é pessoa jurídica e pessoa física.

Estabelecendo um pró-labore de retirada, tratando a empresa da forma mais profissional possível, é a dica para  prosperar. 

O professor de Economia e conselheiro da Junta Comercial Ricardo Paixão, explica que empresas familiares não costumam ter um setor financeiro, devido a suas limitações de tamanho e até de gastos. No entanto, não ter um setor específico, com profissionais da área, não faz dela pior.

“A empresa tem que ter uma estrutura financeira compatível com a sua realidade e estar adequada a ela. O gestor precisa estar atento, porque controlar as finanças  é fundamental”. 

O mais importante, segundo o economista, é a empresa familiar entender que nem sempre terá conhecimento técnico para o negócio. Por isso, é preciso ir buscar essa capacitação, já que a própria família terá que cuidar dessa área. 

“A questão financeira precisa de monitoramento constante. Pode ser num caderno, numa planilha, não tem problema, mas você tem que ter controle do que é da empresa e separar isso das suas finanças pessoais, isso é fundamental”, alerta  Paixão. 

Quando os membros da família não têm conhecimento para cuidar das finanças, a empresa pode buscar ajuda gratuita especializada. “Instituições como Sebrae, sindicatos, federações e faculdades têm núcleos práticos que podem dar orientações de forma gratuita, que é o mais importante”, diz. 

Outra questão essencial é definir um pró-labore, um salário para os sócios da empresa, de forma a não gastar todo a receita. Ele sugere que se estabeleça um percentual de retirada, que pode ir aumentando de acordo o crescimento da empresa.

CINCO ACERTOS

Imagem ilustrativa da imagem Mãe e filha comandam rede de lojas no ES
Ricardo paixão destaca que separar as contas é uma ação fundamental |  Foto: ARQUIVO/AT

1 Chamar pelo nome

Chamar as pessoas da família pelos nomes próprios no ambiente de trabalho para reforçar a identidade profissional daquele parente. Isso cria uma reorganização de papéis na empresa.

2 Capacitar

Ser parente não é diploma de nada. É necessário buscar a qualificação para ocupar um cargo e tocar um negócio com maestria.

3 Preparar a sucessão

É importante que os donos do negócio deixem de ser centralizadores e preparem seus herdeiros, delegando atividades.

4 Resolver conflitos

Resolver rapidamente os conflitos interpessoais com muita inteligência emocional. É preciso falar logo sobre os problemas, evitando longos silêncios que ocasionam maiores brigas.

5 Mesmo propósito

Quando a família serve ao mesmo propósito, todos miram a atenção para o próprio negócio e as mãos são dadas. Assim, é possível construir um “império”, porque a família usa os laços de amor para reforçar o negócio.

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