Cresce número de diplomados que atuam como motoristas
Tem de tudo: formados em Direito, engenheiros e até médicos que encaram o volante por renda extra ou mesmo como atividade única
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Uma legião de profissionais com ensino superior está relatando que fatores como flexibilidade de horários e auto-gestão estão tornando cada vez mais atrativo o trabalho como motorista de aplicativo no Brasil, inclusive no Espírito Santo.
A área tem atraído profissionais como engenheiros, bacharéis de Direito e até mesmo médicos, seja como única fonte de renda ou como complemento.
O motorista de aplicativo Luis Filipe Oliveira é um desses diversos casos. Ele, que é formado em comunicação social, relata estar tendo ganhos mais atrativos do que oportunidades na sua área de formação, além de ter maior liberdade para organizar sua rotina.
“Eu posso escolher meus próprios horários, definir quando quero ou não trabalhar. Isso acabou pesando muito na minha decisão de sair do modelo tradicional de trabalho. Eu chego a ter ganhos líquidos até quatro vezes maiores do que eu ganhava trabalhando na minha área de formação”.
Ele ressalta, porém, que a nova rotina de trabalho vem acompanhada de muita responsabilidade e jornadas longas de trabalho.
“É necessário ter disciplina. Tem dia que eu chego a trabalhar de 12 a 14 horas, parando só para descansar ou me alimentar. Então eu tenho maior liberdade, mas isso vem junto de maior responsabilidade também. Para quem tem foco e planejamento, vale a pena”.
Há quem também ainda lide com o preconceito por estar atuando como motorista de aplicativo, mesmo tendo diploma. Um bacharel de Direito, por exemplo, conta que atua como motorista desde antes de fazer faculdade, como uma renda extra, mas que evita tornar pública a informação por conta do preconceito de alguns clientes.
“É uma profissão que é muito menosprezada. Existe certo preconceito sobre isso, mas está longe de ser anormal. Até porque esses aplicativos surgiram, na realidade, como uma opção para complementar a renda, que é o meu caso”, explica.
Engenheiro atraído pela liberdade

Formado em engenharia civil, Luis Gustavo Barroso, de 29 anos, conta que chegou a atuar na sua área de formação, mas, após ser demitido, decidiu começar a trabalhar como motorista de aplicativo. Ele relata que o serviço tem sido interessante por uma série de fatores, que incluem tempo, dinheiro e estudos.
“Tem sido mais interessante financeiramente do que algumas vagas CLT que surgem. Além disso, eu tenho uma liberdade muito maior com horários, posso fazer minha própria rotina de trabalho, o que me permite também focar nos estudos para concursos públicos”, relata.
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