Corrida pelo ouro cresce e se aproxima das máximas históricas
Bancos centrais reforçam reservas com metal, representando 20% do total global e se aproximando dos níveis de 60 anos atrás
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Os bancos centrais do mundo inteiro estão deixando o euro um pouco de lado e enchendo seus cofres de ouro.
Segundo informou o jornal britânico Financial Times, relatório divulgado pelo Banco Central Europeu mostra que o euro segue tendo uma fatia estável das reservas internacionais dos principais países do mundo. O dólar perdeu espaço. E quem ascendeu foi o ouro.
Com isso, o estoque de ouro mantido pelos bancos centrais em todo o mundo está se aproximando das máximas históricas. Em 2024, a quantia somou 36 mil toneladas – níveis não vistos em 60 anos.
No pós Segunda Guerra Mundial, com os acordos de Bretton Woods – que criaram o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e todo a arquitetura financeira global que vigorou até a década de 1970 – as taxas de câmbio de quase todos os países do mundo eram fixas e lastreadas em ouro.
Assim, o metal precisava ser acumulado por BCs do mundo inteiro e, na década de 1960, atingiram o pico de 38 mil toneladas de ouro estocados em cofres como o famoso Forte Knox, nos EUA.
Em 1971, houve a quebra do padrão ouro pelos Estados Unidos, que deixou de ter quantia equivalente aos dólares em circulação em metais acumulados.
Desde então, o patamar de ouro nas reservas internacionais passou a ser menor. Até recentemente.
“Bancos centrais do mundo inteiro têm agora quase tanto ouro quanto tinham em 1965”, destacou o relatório do BCE divulgado na última terça-feira.
Além de uma quantidade física relevante do ouro, o metal ganhou participação em termos de valor financeiro das reservas. Afinal, com a compra de ouro aumentando, seu preço subiu.
E, assim, em 2024, o metal representou 20% das reservas oficiais globais em 2024, ultrapassando os 16% do euro e ficando atrás apenas do dólar americano, que detém 46%, de acordo com dados do BCE.
O relatório acrescenta que, pelo terceiro ano consecutivo, os BCs adquiriram mais de mil toneladas de ouro no ano passado.
O montante equivale a um quinto da produção anual global e o dobro da média anual registrada na década de 2010, diz o BCE.
Índia, China, Turquia e Polônia estavam entre os maiores compradores do metal no ano passado, de acordo com o Conselho Mundial do Ouro.
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