Banco Central reduz Selic em 0,5 ponto, a 12,75%, menor patamar em 16 meses
Para a inflação do ano que vem, a expectativa oscilou marginalmente de 3,89% para 3,86% e, para 2025, se manteve estável em 3,5%
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O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central seguiu a estratégia anunciada no encontro anterior e reduziu em decisão unânime nesta quarta-feira (20) a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 13,25% para 12,75% ao ano.
O colegiado do BC antecipou que a prevê novos cortes na mesma intensidade -ou seja, de 0,5 ponto percentual- nas reuniões seguintes e disse que esse é o "ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário".
Esse foi o segundo corte consecutivo na mesma intensidade promovido pelo colegiado do BC, que levou os juros ao menor nível em 16 meses. Em maio de 2022, a Selic estava em 11,75% ao ano.
A autoridade monetária iniciou o processo de flexibilização de juros em agosto, em uma decisão com placar apertado (5 a 4), na estreia dos primeiros diretores indicados pelo governo Lula (PT) -Gabriel Galípolo (Política Monetária) e Ailton Aquino (Fiscalização).
O ciclo de cortes começou depois de o Copom ter mantido a Selic parada no patamar de 13,75% por um ano, a contragosto do presidente Lula, que disparou uma série de críticas à atuação do BC e fez pressão pela redução dos juros.
A decisão do Copom veio em linha com a projeção consensual do mercado financeiro. Levantamento feito pela Bloomberg mostrou que o corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica era a expectativa unânime entre os economistas consultados, com base na sinalização feita pelo próprio BC.
Segundo o colegiado do BC, a intensidade total do ciclo de flexibilização de juros dependerá de diferentes variáveis.
Ele cita a "evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto [margem que a atividade tem para crescer até atingir sua capacidade máxima] e do balanço de riscos", disse no comunicado.
O Copom voltou a mencionar a questão fiscal, mas não em seu balanço de riscos. No encontro de agosto, o tema foi retirado do comunicado pela primeira vez em mais de três anos.
"Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas", disse.
Desde o último Copom, a inflação corrente mostrou uma dinâmica mais benigna, com melhora no desempenho de preços de serviços, que estão subindo mais lentamente.
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acelerou para 0,23% em agosto, abaixo da mediana das previsões do mercado financeiro.
A principal pressão no mês passado veio da alta da energia elétrica, enquanto o grupo alimentação e bebidas mostrou nova trégua. Em 12 meses, a inflação acumulada acelerou para 4,61% até agosto.
Quanto à percepção dos economistas, o boletim Focus mostrou interrupção no processo de queda das expectativas. A projeção para o IPCA deste ano passou de 4,84% em agosto para 4,86% na última segunda-feira (18).
Para a inflação do ano que vem, a expectativa oscilou marginalmente de 3,89% para 3,86% e, para 2025, se manteve estável em 3,5% -acima do centro da meta (3%).
O BC mira hoje o objetivo fixado para 2024 e já começa a olhar também para 2025, quando terá início o modelo de alvo contínuo após mudança no sistema de metas.
No próximo ano, a meta de inflação definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que ela será considerada cumprida se oscilar de 1,5% (piso) a 4,5% (teto).
O cenário doméstico também foi marcado pela resiliência da atividade econômica, quelevou o Ministério da Fazenda a aumentar sua projeção de crescimento para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2023, de 2,5% para 3,2%. Houve ainda alta nos preços do petróleo e depreciação da taxa de câmbio.
O Copom volta a se reunir nos dias 31 de outubro e 1º de novembro para recalibrar o patamar da Selic.
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