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Economia

Alimentos sobem 3 vezes mais do que a inflação em 1 ano


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O cenário estável da inflação no País não tem se refletido no bolso do consumidor brasileiro. Ao menos quando se trata do dinheiro gasto com produtos nos supermercados.

É que o custo com a alimentação subiu três vezes mais que a inflação no período de um ano, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A inflação acumulada dos últimos 12 meses, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 2,31% em julho e a alimentação marcou 7,61% no mesmo período.

O morador de Vitória, por exemplo, viu o preço do feijão subir 20,48%. No Brasil, nos últimos 12 meses, o aumento foi de 25,15%.

A carne aumentou 22,69% no País e na capital capixaba 18,54%. O valor é superior ao praticado no Rio de Janeiro e em Porto Alegre, 13,94% e 17,78%, respectivamente.

O economista Eduardo Araújo explica que o aumento de preços ocorre quando existe excesso de demanda, principalmente durante a pandemia do novo coronavírus. “Isso tem a ver com a mudança do comportamento dos consumidores. A população passou a consumir mais em casa”, explicou.

Além da pandemia, o economista Marcelo Loyola Fraga chama a atenção para outros fatores que elevam os preços. “Houve o problema de seca no Sul do País que prejudicou a produção do feijão. Além disso, a alta no preço do dólar aumentou o preço dos fertilizantes, que são fundamentais para a agricultura, como ração de animais e leite”, ressaltou Marcelo Fraga.

O dólar na casa dos R$ 5 também impulsionou produtos importados como o vinho. “O peso desse aumento é significativo. Algo na casa de 20% para esses produtos”, destacou Marcelo.

No entanto, a economista Arilda Teixeira mostra otimismo no cenário para o futuro. Para ela, os preços de alguns produtos, como os derivados de laticínios, não continuarão altos por muito tempo.

“Infelizmente tivemos esse aumento. Mas estamos no período de entressafra de alguns produtos. É possível que a produção de alimentos vá reverter esse preço”, tranquiliza.


“Compras em diferentes supermercados”, diz estudante

A estudante Daniele Carvalho, de 19 anos, é responsável pelas compras da família no supermercado. Ela destaca que nos últimos meses alguns produtos estão mais caros.

“Principalmente agora, durante a pandemia do novo coronavírus, tenho percebido que alguns produtos ficaram mais caros, como o leite, tomate e alho. O que também subiu bastante foi o preço do arroz.”

Moradora de Vitória, a jovem vive com a mãe, duas irmãs e o cunhado. Para que as compras, três vezes por semana, não pesem no orçamento, ela tem uma tática. “Faço compras em diferentes supermercados e procuro sempre o melhor preço”, revela.

Imagem ilustrativa da imagem Alimentos sobem 3 vezes mais do que a inflação em 1 ano
Daniele Carvalho faz compras em locais diferentes para economizar |  Foto: Dayana Souza / AT

SAIBA MAIS Modificação no poder de compra


Inflação

  • Apesar da estabilidade da inflação no Brasil neste ano, o custo da alimentação subiu três vezes mais que a inflação em um ano.
  • Enquanto o acumulado dos últimos 12 meses do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 2,31%, a alimentação marcou 7,61%.
  • No País, o valor da carne teve aumento de 22,69%.
  • Em Vitória, o aumento foi de 18,54%.
  • O feijão, em Vitória, teve aumento de 20,48%, enquanto no País o produto aumentou 25,15%.
  • As capitais fluminense e gaúcha tiveram aumento de 13,94% e 17,78%, respectivamente.

Pandemia

  • O economista Eduardo Araújo justifica o aumento de preços a partir do excesso de demanda desses produtos durante os meses da pandemia do novo coronavírus.
  • Além da pandemia, outro fator que elevou produtos como o feijão e o leite foi a seca no Sul do País, segundo o economista Marcelo Loyola Fraga.
  • O dólar alto, na casa dos R$ 5, também impulsionou produtos importados, como o vinho.

Vulnerabilidade

  • O impacto da inflação no valor dos alimentos gera efeito também em todas as classes sociais do Brasil.
  • No entanto, a mais vulnerável, de acordo com o economista Marcelo Loyola Fraga, é a classe mais pobre.
  • Para ele, o aumento dos preços extrapola a renda que os mais pobres têm disponível para compras.
  • Esse fator, ao ver de Eduardo Araújo, pode acentuar a desigualdade social no País.

Fonte: IBGE e economistas consultados

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