X

Olá! Você atingiu o número máximo de leituras de nossas matérias especiais.

Para ganhar 90 dias de acesso gratuito para ler nosso conteúdo premium, basta preencher os campos abaixo.

Já possui conta?

Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Assine A Tribuna
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

A Tribuna na Escola

O que eu queria ter aprendido na escola?


Ouvir

Escute essa reportagem

Por Candice Almeida

Já virou lugar-comum dizer que a pandemia obrigou as escolas a se reinventarem. Ocorre que lugar-comum – frase ou dito banal, sem originalidade – não significa necessariamente erro. De fato, é possível aproveitar a crise como oportunidade e fazer do limão uma limonada; só para completar o rol de chavões.

A suspensão das aulas presenciais não só oportunizou uma amostra aos pais do que é ensinado na escola – e de como seria uma vida em homeschooling –, mas também fez com que eu, professora, pensasse na minha história escolar e no que realmente importa na educação.

Ou, para ser menos pretensiosa, aquilo que eu verdadeiramente gostaria de ter aprendido na escola. Para além da leitura dos clássicos (que, sim, é essencial para a formação), para além da história do Brasil e dos nomes dos afluentes, tantas outras coisas teriam facilitado minha vida se caso eu tivesse aprendido na fase escolar.

Pois então, se eu tivesse "a caneta na mão", alteraria o currículo escolar. Na minha escola, todo mundo aprenderia que Diadoriam era mulher guerreira demais para muito homem; que coração esmagado desamassa; que Machado de Assis é mesmo um gênio, mas poderia ter sido mais crítico ao racismo; que soneto de Fidelidade pode ser cantado no ritmo do hino nacional; que a juventude é poderosa; que mascar chiclete ajuda a resolver equação do 2o grau; que eu não estava gorda; que os elogios têm de ser lembrados, mas as ofensas não; que é uma delícia cantar bem alto; que livro e terapia deveriam ser itens da cesta básica de todo brasileiro; que compartilhar conselhos é uma forma de generosidade; que geometria não euclidiana é mesmo desnecessária para a vida; que Euclides da Cunha teve uma vida pessoal tão ou mais interessante que suas obras; que não importa se Capitu traiu ou não traiu Bentinho; que Madalena era de esquerda e Paulo Honório, de direita; que Hannah Arendt é um ótimo repertório para meu texto; que responsabilidade é o primeiro passo da alteridade; que Macabéa é a total representação do povo brasileiro; que Vilela era sim feminicida; que o medo não educa; que bater é diferente de amar; que a letra de Anos Dourados veio bem depois da melodia; que educar é ouvir e estimular as pessoas a serem quem elas são; que futebol explica muito sobre o brasileiro; que máscaras evitam não só vírus, mas também o bafo matinal.

Estudei em colégio de freiras que não aceitava meninos. Naquela época, muitos dos temas eram tabus. Só como professora pude entender os meandros do conhecimento, a ponte entre língua e história. E hoje percebo que, assim como os poetas e artistas, nós professores trazemos ao dia a dia nossa face. Nosso pacto sempre foi com o aprendizado, e as medidas sanitárias estão no pacote. Nada menos carismático para um professor do que fazer da câmera seu palco. No entanto, nós, pessoas que vivemos de fazer espetáculo hodiernamente para crianças e adolescentes, entendemos que ficar em casa seria celebrar a vida e respeitar a ciência.

Queria ter aprendido na escola que desprezar o conhecimento é quebrar a empresa. No caso, agora, um país.

Candice Almeida, professora de Redação do Colégio Positivo e assessora pedagógica de Redação no Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvimento (CIPP) dos colégios do Grupo Positivo.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Leia os termos de uso

SUGERIMOS PARA VOCÊ: