Maioria dos casos tem sido entre os jovens
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Boa parte das 175.300 pessoas que contraíram Covid-19 no Espírito Santo tem, em média, idade de 29 anos. A afirmação é do governador do Estado, Renato Casagrande, que informou também que esse perfil de pacientes jovens, que contraíram o vírus, já passa de 60% dos casos.
“Mais de 60% das pessoas contagiadas no mês de outubro, em nosso laboratório central, tinham mais de 29,5 anos. Em torno de 64,5% das pessoas contagiadas foram de jovens de 29,5 em média”, disse Casagrande, durante um pronunciamento, no final da tarde de ontem.
Sobre os casos de pessoas internadas em Unidades de Tratamentos Intensivos (UTI), o governador relatou que o número também ultrapassa os 60%. Segundo ele, são pacientes com mais de 45 anos de idade, que são menos resistentes que os jovens.
“Os jovens são mais resistentes e às vezes, por serem mais resistentes, saem mais, interagem mais, mas muitas vezes, eles acabam levando a doença para dentro de casa. É muito importante que a gente tenha empatia e se coloque no lugar do outro para colaborar e contribuir. Essa é a doença que exige essa responsabilidade, essa fraternidade, existe esse comportamento muito responsável de cada um de nós”, disse Casagrande.
Até na sexta-feira (20), o Estado já registrava 175.300 casos confirmados da doença e 4.101 mortes.
Para o infectologista Paulo Peçanha, o alto número de casos no Estado está diretamente relacionado com os jovens, que, de alguma forma, acabam se tornando vetores da doença.
“Os jovens estão saindo tanto para o trabalho, quanto para o lazer e essa interação entre eles tem contribuído para elevação do número de casos. O problema é que esses jovens tendem a ter uma evolução mais positiva da doença e isso faz com que eles, em alguns casos, se descuidem”, explicou o médico.
Doutora em Epidemiologia, Ethel Maciel também acredita que boa parte dos jovens contaminados tenham sido vetores para outros casos. Para ela, o número de jovens infectados pode estar relacionado com a abertura dos locais onde esse público frequenta.
“Começaram a sair mais, se aglomerando em bares, restaurantes e, como alguns são assintomáticos, acabam contaminando outras pessoas”, explicou.
Mais crianças com Covid-19
Uma realidade tem mudado a rotina em alguns consultórios de pediatria. Os médicos têm constatado um aumento no número de casos confirmados e suspeitos de Covid-19 em crianças nos últimos meses.
Quem percebeu a alta na incidência de crianças com Covid-19 foi a pediatra Rachel Mocelin, que presta atendimento tanto em consultório particular quanto em pronto atendimento público.
“De cerca de dois meses para cá tem aumentado bastante, nas últimas semanas principalmente. Tenho atendido cerca de oito a 10 crianças por plantão que estão com Covid”, comentou a pediatra.
Segundo Rachel, o retorno das aulas presenciais não tem sido responsável pelo aumento de casos, tendo em vista que ela tem atendido crianças que não retornam ao ensino presencial, mas que ainda assim estão sendo contaminadas.
“As pessoas estão relaxando quanto aos cuidados para evitar a contaminação. As famílias estão indo a festas, aglomerações e locais públicos, deixam os filhos em festas com os amigos sem a devida proteção, então facilita o contágio”, disse Rachel.
A pediatra Claudia Novaes Pires diz que houve aumento significativo das suspeitas de Covid-19, mas fez uma observação.
“Não é possível confirmar, pois os testes estão atrasando muito por conta do sistema interligado com a Prefeitura de Vitória, que ainda encontra-se fora do ar”, destacou a médica.
A pediatra Samira Zouain da Rocha acredita que poucos casos de crianças que testaram positivo para Covid-19 possam estar relacionados com à volta às aulas presenciais.
“A volta das aulas interferiu sim, mas não estamos tendo, ainda, casos graves entre as crianças”, disse a pediatra.
Já Rodrigo Aboudib, coordenador da Região Sudeste da Sociedade Brasileira de Pediatria, ainda não percebeu esse aumento.
Embora não tenha constatado o crescimento, ele falou sobre a volta das aulas presenciais. “A escola talvez seja hoje o local com mais segurança e controle, visto que o distanciamento, uso de máscaras e o cuidado com as mãos fazem parte dessa nova cultura e é realmente controlado. O que temos visto é aglomeração de pessoas sem máscaras nos bares, praias e festas, propiciando o aumento da doença”, salientou.
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