X

Olá! Você atingiu o número máximo de leituras de nossas matérias especiais.

Para ganhar 90 dias de acesso gratuito para ler nosso conteúdo premium, basta preencher os campos abaixo.

Já possui conta?

Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Coronavírus

“Deus mudou minha história”, diz médico que venceu a Covid-19


Imagem ilustrativa da imagem “Deus mudou minha história”, diz médico que venceu a Covid-19
Felipe Cardoso mostra pulmão comprometido. Ele já voltou a trabalhar |  Foto: Dayana Souza/ AT

Ao ser internado em estado grave por conta da Covid-19, o médico Felipe Cardoso da Mata já se preparava para o pior. Ele foi infectado pelo novo coronavírus enquanto trabalhava na linha de frente contra a doença e, aos 43 anos, viveu o que ele define como os piores dias de sua vida.

“O tempo todo eu pensava que o pior pudesse acontecer. Já estava me preparando para morte. Conversei com minha esposa, entreguei meus cartões, o dinheiro que estava na carteira e  expliquei como resgatar uma aplicação que fiz, pois, como médico, vi que a situação poderia se agravar e estava indo para um caminho ruim’, contou Felipe.

Foi justamente na noite do seu pior dia entre os 10 de internação que o médico recuperou a esperança.

“Senti Deus falando comigo, e que ele mudaria a minha história a partir daquele momento”, disse Felipe, que é evangélico.

Recuperado, o médico voltou a trabalhar esta semana no Hospital São Francisco, em Cariacica, após 30 dias afastado. “Passar por essa experiência me fez entender melhor a doença, e agora consigo tratar melhor meus pacientes”.

A Tribuna – Como era sua rotina antes da doença?
Felipe Cardoso da Mata – Estava trabalhando no pronto-socorro terça e quarta. Na quinta, cobria um colega que é idoso e se afastou. Sexta e sábado, também trabalhava na UTI. Os casos começaram a aparecer.

Como você foi infectado?
Um paciente do andar térreo, que estava internado por outro motivo, estava saturando muito mal. Fiz o atendimento dele, suspeitamos de Covid. Dias depois, ele veio a óbito. E foi com esse paciente que me infectei, mesmo utilizando todo equipamento de proteção, jaleco, luvas, capacete, óculos e máscara.

Você logo se isolou?
Ainda não tinha noção que estava contaminado, mas percebi o risco, conversei com minha esposa e me isolei num quarto em casa, sem contato com ela e com minhas duas filhas. Fiquei quatro dias assim até fazer o exame. Quando fiz, ainda não tinha nenhum sintoma. No dia seguinte, fui trabalhar normalmente, e comecei a ter febre baixa de 37.8. O resultado dando positivo saiu neste dia.

Quando começou a piorar?
Quando vi o resultado, fui ao hospital e iniciei o tratamento com as drogas. Fiquei nove dias em casa, tive febre, diarreia, fraqueza e náusea. Dias depois, fiz uma tomografia que apontou que eu estava com pneumonia causada pela Covid e com uma infecção secundária. A pneumonia avançou. Eu não queria ser internado, mas não tinha mais condições. No 11º dia, piorou, febra alta, sensação de desmaio, palidez. Minha saturação chegou a 88. Fiquei três dias sem comer, foram dias horríveis, os piores da minha vida.

Achou que fosse morrer em algum momento?
O tempo todo. Já estava me preparando. Estava consciente de que a coisa poderia ficar grave. Para quem é médico é pior, pois entende o que está acontecendo. Vi que estava num caminho ruim. Minha esposa ficou desesperada. Ela pediu muitas orações. Numa noite ruim, senti que Deus falou comigo e vi as coisas mudarem de rumo. No dia seguinte, voltei a me alimentar. Chorei muito, pois percebi que estava reagindo.

Como tem sido a volta ao trabalho?
Passar por essa experiência me fez entender melhor a doença, e agora e consigo tratar melhor meus pacientes. É uma doença que engana muito. A pessoa acha que está bem, mas não está. Teve um paciente que queria ter alta, mas o estado era gravíssimo, e ele morreu no mesmo dia.

Muitos casos desde que voltou ao hospital?
Só esta semana, atendi 200 pacientes, sendo 170 com casos confirmados ou suspeita de Covid. O hospital está lotado.

Tem confiança de que a situação vai melhorar?
Assim como foi com outras pandemias, essa só vai acabar quando 70% da população tiver contato com o vírus. A forma como isso vai acontecer varia de país para país. Se os hospitais estão com 85% dos leitos ocupados, é preciso fechar tudo, pois não haverá suporte. Mas se o hospital está mais vazio, pode abrir, mas com todo cuidado especial, pois se 70% da população tiver contato de uma vez, não teremos suporte. Outra solução é a vacina. Mas o brasileiro está levando a situação de uma forma muito relaxada. Ainda não criou a consciência do risco que isso pode causar para ele e para os outros.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Leia os termos de uso

SUGERIMOS PARA VOCÊ: