Mãe: primeira nossa sem hora!
Confira a coluna desta sexta-feira (9)
Certamente você irá se lembrar de muitas mulheres que, em algum momento da vida, diminuíram, adiaram, ou suspenderam projetos pessoais e profissionais para gerar um ou mais filhos, o que não guarda mínima proporção com possíveis parceiros homens.
Logo, homens e mulheres jamais serão iguais, mesmo porque a mulher pode optar por não ser mãe, mas não deveria sofrer tamanha pressão sobre seu direito de escolha, num mundo que anuncia tanto a igualdade, mas que, no fundo, se faz guiar mesmo é pela extremada competitividade.
Competitividade entre homens e mulheres que, de forma rígida, explora o estímulo a uma “disputa” baseada em premissa absolutamente desigual, na qual normas protetivas da mulher, como quando se trata de considerar o seu direito reprodutivo, se desequilibram completamente perante as imposições econômicas globais.
Na verdade, mãe, é a primeira nossa sem hora! Não por favor algum, as duas pessoas que considero mais importantes de minha história, ambas bastante batalhadoras, são mulheres, em períodos distintos da vida.
A primeira mulher, a minha mãe, que durante sua curta existência, gerou e se desdobrou para que seus quatro filhos, todos homens, ultrapassassem o turbulento período inicial de suas vidas, cada qual seguindo seus rumos, a partir daí.
A segunda mulher, a minha esposa, que firmou comigo a maior de nossas empreitadas, permitindo-nos uma família com meia dúzia de filhos (quatro mulheres e dois homens), cada qual a continuar contando a sua própria história...
Da Lei 15.069/2024, de 23 de dezembro do ano passado, que instituiu, no País, a “Política Nacional de Cuidados”, dentre tantos artigos de muita importância e pouca atenção – como, aliás, a dada à própria lei –, destaco aquele que traça como um dos objetivos “promover o reconhecimento, a redução e a redistribuição do trabalho não remunerado do cuidado, realizado primordialmente pelas mulheres”.
Evidentemente que um país que afora o natural dever de promoção da igualdade, legisla em termos de reconhecer, reduzir e redistribuir esse trabalho, pode e deve bem mais do que tem sido feito.
Quanto ao homem, seja optando pelos filhos, seja arriscando tê-los – lembrando aos indiferentes que a mulher não se arrisca sozinha –, seu dever começa antes, segue durante e vai infinitamente além dos nove meses destinados à formação do maior, mais importante e incalculável vínculo de cuidado: a gestação!
A propósito, se partirmos, de fato, para monetarizar o real valor daquilo que mais importa à nossa jornada humana, especialmente diante de um cenário tão confuso, quanto desafiador, só por nascermos já ensejaria dívida impagável com nossa mãe e, de igual forma, com a de nossos filhos...
Daí para lá, o mínimo seria se dedicar a tentar ir pagando a dívida aos poucos!...
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