Cidades que triunfam são as que atraem o melhor capital humano
Leitores do Jornal A Tribuna
O best-seller Triunfo da Cidade, do economista urbano Edward Glaeser, é um livro de tirar o fôlego para amantes do planejamento urbano e desenvolvimento das cidades. Segundo o autor, as cidades que triunfam são aquelas que atraem ou retêm o melhor capital humano: pessoas.
Mas, como atrair capital humano? Com qualidade de vida, traduzida como educação, trabalho, moradia, urbanismo, lazer, cultura.
Os exemplos de experiências vão de Paris a Cingapura, passando por muitas cidades americanas, europeias, asiáticas, etc. Pouco se fala sobre segurança pública, considerada condição básica.
Sobre educação, além de críticas e soluções de onde ela vem se destacando, enfatiza-se o papel do Estado nesse processo.
Mas o livro também traz esse olhar menos habitual, da importância da qualidade da educação para atração de capital humano:
Pessoas com maior escolaridade e empregabilidade têm preferência por cidades que ofereçam educação de alta qualidade para seus filhos;
Um ambiente acadêmico fervoroso ajuda a atrair capital humano de alta qualidade, criando um ciclo virtuoso na educação e um ambiente frutífero para inovação, contribuindo com o empreendedorismo.
No quesito trabalho, identifica-se a importância de um ambiente favorável a negócios diversificados, devendo o poder público facilitar ao máximo o livre empreendedorismo, minimizar a burocracia, o que é muito mais importante do que o Estado como motor da economia. O autor resume: “atraia pessoas boas, e saia da frente delas”.
Também se destaca a importância do maior adensamento urbano, inclusive verticalização, facilitando aumento de oferta imobiliária, com uso misto: residencial, comercial, serviços; para maior interação humana, facilitar reuniões, encontros ao acaso e ebulição de ideias, o que impulsiona o empreendedorismo.
Isso sem falar no óbvio, que reduz drasticamente os gastos públicos com infraestrutura e mobilidade e atenua a alta de preços de imóveis bem localizados.
O autor reconhece que alguns grupos combatem o estilo de vida com maior adensamento urbanos denominados NIMBYs: “not in my backyard” ou “não no meu quintal”, defendido pelo urbanismo sustentável.
Por isso, esse deve ser um pilar de política pública alinhada com os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU, em especial o nº11: Cidades e Comunidades Sustentáveis, sobressaindo-se aos interesses particulares.
Para essa questão, o economista urbano dedica grande parte da obra, visto que, além dessas características contribuírem com o sucesso das cidades, são cruciais para a redução do desmatamento, do consumo energético e do aquecimento global.
Atrair e reter pessoas; qualidade de vida; educação; empreendedorismo; urbanismo, Glaeser relaciona com maestria esses importantes ingredientes para o sucesso das cidades nesta obra.
Leitura obrigatória para planejamento de qualquer projeto político sério em âmbito municipal, neste ano eleitoral.
Eduardo Schwartz Borges é engenheiro e mestre em urbanismo.
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