Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

ASSINE
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
ASSINE
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Assine A Tribuna
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

TRIBUNA LIVRE

A ignorância

Coluna foi publicada no domingo (02)

Pedro Valls Feu Rosa | 03/06/2024, 11:36 h | Atualizado em 03/06/2024, 11:37
Tribuna Livre

Leitores do Jornal A Tribuna



          Imagem ilustrativa da imagem A ignorância
Pedro Valls Feu Rosa é desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo |  Foto: Divulgação

Dia desses condenaram uma bruxa à morte. O crime dela foi ter matado seis pessoas - sua própria filha incluída - durante um ritual de exorcismo no qual a pancadaria correu solta a fim de que todos fossem “purificados”. Diversamente do que poderíamos imaginar, este caso não vem de nenhum país atrasado - aconteceu lá no civilizado Japão.

No Reino Unido noticiou-se recentemente o caso do filho que decapitou a própria mãe por achar que a dita cuja era uma bruxa. Poucos meses antes, li um chocante relato sobre os atos de violência envolvendo bruxaria naquele país: mais de 80 crianças foram abusadas e torturadas por conta de rituais derivados de crenças medievais - e as autoridades policiais acreditam na existência de centenas de outras vítimas.

No Haiti, há não muito tempo, 45 pessoas foram linchadas em praça pública, acusadas de bruxaria - segundo a população, foi por conta de rituais de vudu praticados por elas que uma epidemia de cólera instalou-se no país.

Enquanto isso, na Índia, o problema é a matança de crianças em rituais de sacrifício humano, através dos quais busca-se “força e fortuna”. A esta carnificina corresponde uma outra, de pessoas acusadas de bruxaria - ora são queimadas vivas, ora tem os olhos arrancados com tesouras.

Só para que se tenha uma ideia, cerca de 200 mulheres indianas perdem a vida a cada ano por conta de suspeitas de bruxaria. Em Moçambique são umas 20. Na Tanzânia, em torno de 500.

Já na Arábia Saudita e no Sri Lanka os linchamentos foram substituídos por decapitações. Em um dos casos que acompanhei a suposta bruxa teve a cabeça arrancada em praça pública por ter sido encontrado em sua casa um livro sobre bruxaria e garrafas com um líquido usado em rituais.

Outra faceta do mesmo problema: na Tanzânia não é rara a amputação de membros ou a morte de crianças albinas em rituais de bruxaria - acredita-se que amuletos feitos com partes de seus corpos, vendidos a preços exorbitantes, trazem sorte e prosperidade. Recentemente noticiou-se o caso de uma infeliz criança que, com apenas sete anos de idade, teve as mãos decepadas por conta de tais crendices. Esta prática é igualmente recorrente no Burundi.

Em Uganda, após uma “epidemia” de casos de sacrifícios humanos em rituais de bruxaria, envolvendo quase sempre crianças, as autoridades decidiram reagir e assim, em 2009, apenas 15 casos foram registrados. Porém, recente pesquisa realizada naquele país constatou que 66% dos habitantes reconhecem a bruxaria como prática comum em seus locais de trabalho, com vistas a promoções e aumentos salariais.

Diante deste quadro proponho uma reflexão: como é possível que um escândalo dessas proporções seja quase que desconhecido em um mundo que se diz “globalizado”? A partir desta questão uma outra apresenta-se: quantos outros escândalos iguais, ou até piores, estão acontecendo por aí? Pois é. Talvez estejamos alienados ou ignorando o conselho de Confúcio, segundo quem “conhecimento real é saber a extensão da própria ignorância”.

SUGERIMOS PARA VOCÊ:

Tribuna Livre

Tribuna Livre, por Leitores do Jornal A Tribuna

ACESSAR Mais sobre o autor
Tribuna Livre

Tribuna Livre,por Leitores do Jornal A Tribuna

Tribuna Livre

Leitores do Jornal A Tribuna

Tribuna Livre