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Tribuna Livre

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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

Revitalização do Centro de Vitória

Coluna publicada neste sábado no jornal A Tribuna

Eduardo Pasquinelli Rocio | 25/03/2023, 20:02 20:02 h | Atualizado em 12/06/2023, 19:46

Imagem ilustrativa da imagem Revitalização do Centro de Vitória
Eduardo Pasquinelli Rocio |  Foto: Acervo Pessoal

A revitalização do Centro de Vitória tem sido objeto de discussão ao longo das últimas décadas. Muitos debates, algumas ações públicas nos níveis Estadual e Municipal, mas o esvaziamento e a perda da importância comercial daquela região são gritantes.

O conjunto arquitetônico do Centro apresenta ainda dois imóveis do séc. XVI, onde encontramos a sede da superintendência do IPHAN e próximo dali a Capela de Santa Luzia. A capela foi o primeiro edifício construído na Ilha. Outros exemplares dos séculos XVII e XVIII de cunho religioso são joias da arquitetura colonial brasileira, como por exemplo a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, Igreja de São Gonçalo e Convento de São Francisco. Outros exemplos da arquitetura colonial foram adequados ao longo do tempo com reformas com “roupagem” em estilo neogótico e eclético, como o caso do Convento do Carmo e da Catedral.

Temos um processo consolidado de transformação física das construções do Brasil Colônia para os demais períodos até os dias atuais. Importante afirmar que o Centro já foi objeto de estudo de especialistas no patrimônio e que o entendimento é de que o traçado das vias tem sua origem no início da ocupação urbana da capital.

As construções coloniais, com tipologia de lotes com pequenas testadas e profundidade maior são exemplos raros, às vezes perceptíveis em algum estacionamento da Cidade Alta. As constantes transformações nos apresentam exemplares de qualidade do ecletismo, como é o caso do Palácio Anchieta, da Escola Maria Ortiz, prédio da antiga Assembleia, do Teatro Carlos Gomes e do Teatro Glória. Da arquitetura eclética temos exemplares belíssimos como o casario da rua Marques de Azevedo, no entorno do Parque Moscoso.

Remetendo ao Parque Moscoso, temos exemplares da arquitetura Moderna como a famosa Concha Acústica e o atual Escola da Ciência-Física, originalmente, Jardim de Infância Ernestina Pessoa, projetada pelo arquiteto Francisco Bolonha. Ali, temos uma belíssima composição de fachada com cobogó cerâmico e painel em vidrotil. Enfim, são inúmeros exemplares de técnicas apuradas no trato das composições volumétricas, do tratamento dos muros em pedra e principalmente da escala humana.

Acredito que esse tenha sido a maior dificuldade em retomar a valorização do Centro. Muitos dos prédios construídos a partir de 1960 iniciaram o processo de desconfiguração. Eles ocupam o máximo dos terrenos e com gabarito fora do contexto. Com o adensamento urbano crescente e com o crescimento dos municípios vizinhos, o Centro se consolida como local de passagem, com a inevitável perda da imagem refinada e da qualidade de vida.

Os esforços do governo do Estado em ocupar os edifícios públicos, como o restauro do Teatro Carlos Gomes, e da prefeitura sobre Mercado da Capixaba são uma luz daqui para frente. São exemplos da vocação artística-cultural daquele lugar. Possivelmente um dos caminhos será resgatar a escala perdida. Deve ser considerado como resgate, a retirada do asfalto das vias e a permanência do piso em paralelepípedo, a demolição de alguns imóveis vazios. Em paralelo, será fundamental o estímulo aos novos meios de transporte público. Ações integradas que possam criar uma ambiência mais acolhedora, em especial na Cidade Alta. 

EDUARDO PASQUINELLI ROCIO é arquiteto urbanista e conselheiro IAB-ES

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