Obesidade: combater a doença vai além da alimentação
O que vale para todas as realidades é que a obesidade precisa ser combatida em muitas frentes
O aumento da obesidade traz preocupação e já é considerado uma pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O atlas da World Obesity de 2023, divulgado pela ONG World Obesity Federation, estima que mais da metade da população mundial (51%) viverá com sobrepeso ou obesidade em 2035.
Os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informaram que seis a cada 10 brasileiros estão acima do peso e a taxa de obesidade é de 20,1%.
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A obesidade é causada e potencializada por uma combinação de fatores, entre eles, a alimentação. Uma dieta desregrada, em quantidades inadequadas, carentes de nutrientes e ricas em substâncias nocivas em suas composições, é um dos principais causadores do excesso de gordura corporal.
Contudo, o problema traz outras causas que merecem e precisam ser consideradas, pois existem outros fatores que tornam as pessoas mais propensas à doença. Uma recente pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que idade, condição socioeconômica, baixa escolaridade e estilo de vida (entre outros) também são agravantes.
É fundamental, portanto, estar atento a estes fatores, tanto para prevenir a obesidade quanto para combatê-la. Hoje, os tratamentos disponíveis para tratar e controlar a doença são eficazes, inclusive a própria cirurgia bariátrica que, graças aos avanços da medicina, foi aprimorada ao longo dos anos, tornando-se menos invasiva. Mas as terapias, por mais modernas que sejam, não se validam por si só.
Além de uma alimentação adequada, não se deve ignorar outros fatores. Um exemplo é a idade. O risco de desenvolver obesidade crônica costuma aumentar conforme o indivíduo vai ficando mais velho. Por isso, é fundamental prevenir ou controlar a doença na infância e na juventude, com boas práticas, disciplina e consciência. Depois, na fase adulta ou na terceira idade, fica mais difícil de reverter o quadro.
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A renda e a escolaridade são outros fatores relevantes a serem considerados, conforme reforça o estudo da FGV. Embora a obesidade tenha aumentado em países ricos e pobres, o estudo constatou que há um desequilíbrio entre consumo e gasto calórico nas populações de baixa renda. Essa realidade pode estar associada ao consumo de alimentos de baixo custo, pobres em nutrientes e com alta densidade calórica.
A baixa escolaridade, por sua vez, pode limitar o acesso a informações nutricionais importantes para prevenir a obesidade e combatê-la, quando o problema já estiver estabelecido.
O que vale para todas as realidades é que a obesidade precisa ser combatida em muitas frentes: educacional e assistencial, dentro das famílias, na comunidade escolar, tendo como base uma assistência médica eficiente que contemple ricos e pobres, instruídos e não instruídos, pois um futuro com menos obesos é a esperança de uma população menos adoecida e uma saúde menos caótica para a nossa população.
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