Mulheres no comando da segurança pública
Leia a coluna deste sábado (21)
Nos Estados Unidos, a presença da mulher na polícia data de 1893, enquanto no Reino Unido, desde a década de 1920 existem frações da Polícia Feminina.
Seguindo a tendência evolutiva, há cerca de 70 anos, no Brasil, as mulheres ganharam espaço na segurança pública, tendo, em 1955, São Paulo como pioneiro na entrada feminina nos quadros policiais. Na década de 1980, se deu o grande “boom” de ingresso de mulheres nas polícias.
Desse modo, somente 23 anos após a conquista do primeiro voto feminino no Brasil, as mulheres passaram a poder seguir a profissão de policial militar, conquistando espaço importante de cidadania.
Assim, em dados mais recentes, hoje, há cerca de 46 mil mulheres na Polícia Militar e 33 mil na Polícia Civil. Entretanto, em termos de proporção, elas somam 11% do efetivo ativo da Polícia Militar e 28% da Polícia Civil, segundo dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Já na Polícia Militar do Espírito Santo, há mais de 40 anos, as mulheres conseguiram o direito de ingressar na Corporação. Atualmente, elas ocupam cerca de 14% dos cargos e estão presentes em todas as unidades.
Entre as pioneiras em nossa Polícia Militar, está a hoje coronel Josette Baptista. Ela, que se dedicou à carreira e ao magistério civil e militar, tornou-se, no tempo histórico da transformação do ensino policial, indispensável na área de formação superior da Corporação, tendo ao seu lado a dedicada tenente-coronel Emília Alves.
A também coronel Angelina dos Santos Correia Ramires esteve vários anos à frente do Comando da Corporação Militar rondoniense, sendo a primeira mulher a comandar uma Polícia Militar no Brasil.
Outros estados também optaram por colocar mulheres no comando das Polícias Militares. Isso ocorreu no Distrito Federal, com a coronel Sheyla Sampaio; no Amapá, com a coronel Heliane de Almeida; e no Paraná, com a coronel Audilene Rocha.
Em Minas Gerais, a coronel Luciene Albuquerque se tornaria a primeira mulher a comandar uma tropa masculina no País, o 34º Batalhão de Polícia Militar, quebrando o paradigma, até então masculinizado, da profissão de militar estadual, rompendo preconceitos e estigmas.
Embora ainda tendo muito a ser feito, as Polícias Militares não foram as últimas a perceberem a necessidade de inovação no redirecionamento da atividade de polícia ostensiva, prestando serviços com mais qualidade e interação com as comunidades.
Agora chegou a vez do Acre inaugurar o comando feminino, através da coronel Marta Freitas, adepta inconteste da Polícia Comunitária-Interativa e do planejamento estratégico.
Enfim, “nada na vida deve ser temido, apenas compreendido. Agora é a hora de entender mais, temer menos”, ensinou-nos o exemplo da cientista Marie Curie. Eis aqui, então, a força da destemida e corajosa mulher brasileira à frente da árdua missão de socorrer, proteger e assistir a sociedade em um país tão desigual e ainda preconceituoso.