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Opinião Internacional

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Colunista

José Vicente de Sá Pimentel

O Brics no Rio de Janeiro

Com 20 países reunidos no Rio, Cúpula do Brics foca em clima, IA e saúde, buscando maior voz global para as nações emergentes e reformas multilaterais

José Vicente de Sá Pimentel, colunista do Jornal A Tribuna | 07/07/2025, 13:27 h | Atualizado em 07/07/2025, 13:27

Imagem ilustrativa da imagem O Brics no Rio de Janeiro
José Vicente de Sá Pimentel nascido em Vitória, é embaixador aposentado.

Inicia-se neste domingo (06), no Rio de Janeiro, a 17ª reunião de cúpula do Brics. Desde 2009, os chefes de governo dos estados-membros reúnem-se anualmente para debater temas das relações internacionais, de interesse comum. O grupo começou com quatro integrantes – Brasil, Rússia, Índia e China.

As letras iniciais desses países formavam o acrônimo BRIC, criado pelo economista Jim O'Neill. Num relatório de 2001, ele chamou a atenção dos investidores para oportunidades de investimentos nas quatro economias emergentes. O acrônimo “pegou”. Diplomatas dos quatro países decidiram aproveitar a deixa, pois num mundo em que sobra informação, a distinção de uma “marca” pode ser útil. Em 2011, a África do Sul foi admitida no grupo, que passou a se chamar Brics.

Houve, desde sempre, muita desconfiança sobre a identidade e os objetivos do agrupamento. Afinal, são óbvias as diferenças históricas, políticas, econômicas e civilizacionais entre os integrantes. Cada um tem diferentes abordagens diante das principais questões do século XXI. Porém, desde o início, considerou-se que um mecanismo como o Brics poderia servir como oportunidade para trabalhar em favor de mudanças pacíficas e negociadas da ordem internacional, sobretudo no campo econômico-financeiro.

Houve resultados concretos nessa área. Os países Brics conformaram um foro importante para impulsionar, por exemplo, a reforma das cotas e da governança do FMI em 2010, bem como os aumentos de capital do Banco Mundial, em 2010 e 2018.

Além disso, foi criado o Novo Banco de Desenvolvimento, ou Banco do Brics e o Acordo Contingente de Reservas, que passaram a compor a rede de proteção financeira global.

Além da área econômico-financeira, o Brics foi concebido para servir como agente de um “soft balancing” com os EUA. Formado por países que já têm um certo peso internacional, mas são mantidos longe das esferas decisórias, o objetivo central do grupo seria equilibrar a liderança americana.

Não se tratava, contudo, de um bloco antiocidental. Ao contrário, os Brics sempre quiseram ser entendidos como complemento de suas relações individuais com os EUA e a Europa. Tampouco se pretendia criar um arcabouço de defesa militar. Esses temas não entram na agenda dos encontros dos Brics. O foco é realizar uma reforma da ordem internacional que reflita a nova divisão de poder existente no mundo.

Os Brics teriam a sua longevidade ligada à sua capacidade de interpretar e defender os interesses do mundo emergente, em benefício de procedimentos mais democráticos nos processos decisórios dos órgãos da governança global. Esses propósitos generosos estão na base da ampliação do Brics, que agora conta com seis novos membros plenos (Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irã e Indonésia) e mais nove qualificados de parciais (Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão).

Esses 20 países estarão reunidos pela primeira vez na Cúpula do Rio. Além do trabalho adicional para os diplomatas do Itamaraty e as autoridades cariocas, o acúmulo de participantes pode, na prática, dificultar o andamento dos debates. Claro que a declaração final, ou seja, o documento em que as convergências entre os membros serão registradas, já está pronta (embora sempre possa haver uma divergência de última hora, que vai manter a comissão de redação trabalhando até altas horas). No entanto, os organizadores não podem afastar a possibilidade de algum problema nas intervenções pontuais dos participantes.

Por isso, considero muito inteligente a decisão de concentrar a atuação brasileira em torno de três propostas centrais: a questão climática, a inteligência artificial e a saúde. Nesta última área, terão prioridade os entendimentos sobre como combater as doenças que decorrem da pobreza, como a tuberculose, a malária, a hanseníase, a zika, a dengue.

São males que, embora matem milhões de pessoas todos os anos, não atraem os investimentos da indústria farmacêutica internacional, e não passam nem perto das preocupações do Secretário de Saúde do atual governo americano, o negacionista Robert Kennedy Jr.

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