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Olhares Cotidianos, por Sátina Pimenta

Olhares Cotidianos, por Sátina Pimenta

Colunista

Psicóloga clínica, advogada e professora universitária

A forma certa de amar

Confira a coluna de quinta-feira (01)

Sátina Pimenta, colunista A Tribuna | 02/05/2025, 13:35 h | Atualizado em 02/05/2025, 13:35

Imagem ilustrativa da imagem A forma certa de amar
Sátina Pimenta é psicóloga clínica, advogada e professora universitária |  Foto: - Divulgação

Tenho conversado muito na clínica sobre sairmos das caixinhas de como precisamos nos relacionar amorosamente. E tenho pensado comigo mesma: por que será que o modelo de “ficar, namorar, casar, morar junto, ter filhos” virou sinônimo de sucesso nas relações?

Outro dia, conversando com uma amiga que está há 10 anos num namoro, soltei a pergunta automática: “Mas e aí, qual o próximo passo?”.

Ela, com a tranquilidade de quem já refletiu sobre isso, me respondeu: “E se o meu próximo passo for continuar assim? Gosto de encontrar ele uma ou duas vezes por semana, tomar cerveja num barzinho, ir pro motel, e depois voltar pra minha casa, pra minha rotina, pro meu silêncio.”

E aquilo me atravessou. Quantas vezes a gente acredita que amar exige dividir a casa, a pia cheia de louça, o sofá da sala, a conta de luz?

Quantas vezes confundimos rotina com vínculo? Quantas vezes o amor vai se perdendo justamente por entrar no piloto automático do que “deveria ser”?

A escritora e ativista Bell Hooks, no livro “All About Love”, questiona as estruturas patriarcais que moldam o amor como posse, obrigação e sacrifício. Ela propõe que o amor verdadeiro só existe onde há liberdade, respeito e escolha mútua. E nos lembra que o amor não é uma prisão, mas uma prática cotidiana de cuidado e presença.

E os dados já mostram essa virada: crescem os modelos alternativos de relação – casais que não moram juntos, pessoas que optam por não ter filhos, relações afetivas fora do padrão heteronormativo e monogâmico. Nada disso é “desamor”. Pelo contrário: pode ser a forma mais honesta e respeitosa de estar junto.

Já outras pesquisas recentes apontam que cresce, especialmente entre as mulheres, o número de casais que optam por não morar juntos (LATs – “Living Apart Together”), casamentos sem filhos, e relações amorosas que não seguem o padrão tradicional. Isso não é medo de compromisso, como muitos insistem em rotular – é compromisso com formas mais saudáveis, leves e conscientes de se relacionar.

Lembro de uma cena do filme “Sex and the City”, quando a personagem Carrie discute com o Mr. Big a ideia de manter o apartamento dela mesmo depois do casamento. Ela queria ter um espaço para si. Foi criticada pelas amigas, claro. Mas, no fim, a mesma amiga que criticava acaba vendo ali uma ideia genial para resgatar sua própria relação. E transforma aquele espaço em refúgio, reconstrução, reconexão.

A forma certa do amor é aquela que nós escolhemos. Se for morando junto, ótimo. Se não for, também. Se for com filhos ou sem. Com rotina ou sem. O que importa é que caiba com verdade, com leveza e com autonomia.

Porque o que realmente desgasta as relações não é a ausência de amor. É a presença do peso do que os outros esperam que o amor seja.

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