Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

ASSINE
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
ASSINE
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Assine A Tribuna
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Olhares Cotidianos, por Sátina Pimenta

Olhares Cotidianos, por Sátina Pimenta

Colunista

Psicóloga clínica, advogada e professora universitária

Solidão que já vira epidemia

Confira a coluna desta sexta-feira (04)

Sátina Pimenta, colunista A Tribuna | 04/04/2025, 10:54 h | Atualizado em 04/04/2025, 10:54

Imagem ilustrativa da imagem Solidão que já vira epidemia
Sátina Pimenta é psicóloga clínica, advogada e professora universitária |  Foto: - Divulgação

Somos seres sociáveis? Ok, somos. Mas então por que a solidão está se tornando uma epidemia? A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, em janeiro deste ano, que a solidão afeta gravemente a saúde, não apenas social, mas física também.

Um estudo publicado na Nature Human Behaviour apontou que a solidão crônica pode aumentar em até 29% o risco de doenças cardíacas e em 32% o risco de acidente vascular cerebral (AVC). Quanto maior o isolamento, maior o impacto na saúde mental e física. Ainda assim, estamos cada vez mais isolados.

Durante a pandemia, a internet se tornou nossa principal forma de contato com o mundo. Mas, mesmo depois que as restrições acabaram, esse comportamento permaneceu. Não sei se podemos chamar isso de desculpa, mas a conexão virtual parece ter se tornado suficiente. Ou, talvez, um escudo. Porque estar com o outro gera consequências.

No ambiente digital, controlamos o que mostramos: ajustamos a voz, filtramos sentimentos, escondemos gestos. Se a conversa incomoda, basta sair do app, desligar a câmera, sumir do WhatsApp. No mundo real, não há botão de desligar. O desconforto exige enfrentamento. E talvez seja isso que nós queremos evitar.

Jovens e idosos são os mais atingidos pela solidão. No caso dos idosos, faz sentido: com o tempo, a rotina muda, os amigos se vão, as perdas se acumulam. Mas, entre os jovens, o isolamento traz uma nova preocupação.

Erik Erikson, um dos principais teóricos da psicologia do desenvolvimento, explica que a adolescência é a fase da busca por identidade. Construímos quem somos experimentando grupos, testando interações, enfrentando desafios sociais. Mas, se esse jovem se isola e suas referências são apenas as bolhas da internet, ele perde esse processo.

O mundo físico se tornou opcional, e a vida virtual, para alguns, virou a única experiência. Não é à toa que existem jovens chamando inteligências artificiais de “melhores amigas”.

Sem as experiências do real, como descobrimos quem realmente somos? Seguimos influenciadores, entramos em comunidades on-line, nos conectamos a pessoas com gostos parecidos. Mas essas interações são autênticas ou apenas versões filtradas da realidade? E se todos mentem, por que eu também não mentiria? Talvez para ser aceito. Talvez para evitar a vulnerabilidade.

Solitude é uma coisa: estar bem consigo mesmo, saber desfrutar da própria companhia. Mas solidão e isolamento são outra história. Nos isolamos porque queremos ou porque o mundo tem se tornado um lugar difícil de habitar? O que há lá fora que assusta tanto? Ou o que há aqui dentro que é melhor esconder? Estas são perguntas necessárias que precisamos fazer a nós e a quem amamos!

MATÉRIAS RELACIONADAS:

SUGERIMOS PARA VOCÊ: