O real e a fantasia
Brasileiros estreiam no Mundial de Clubes testando organização tática contra europeus; defesa será chave para sonhar com surpresas no torneio
O Mundial de Clubes que começa neste domingo (15) para os brasileiros mexe tanto com o imaginário dos torcedores quanto com a capacidade analítica dos profissionais que tentam encontrar um mínimo de conexão entre o real e o possível. O real estabelece a distância que separa os europeus do resto do mundo. E o possível mantém viva a expectativa do confronto entre times internacionais, com os mais valiosos jogadores de diferentes continentes, contra bem ajustados conjuntos, uns mais representativos do que outros.
Há, sim, variáveis capazes de nos fazer crer que, orçamentos à parte, não é tão grande assim a diferença dos times brasileiros e argentinos para franceses, espanhóis, ingleses, alemães, italianos e portugueses.
O final da temporada europeia, com jogadores estafados e contrariados por estarem abrindo mão do período de férias por mais um ano seguido, é uma delas. E é disso que os clubes brasileiros devem se valer, mostrando um mínimo de organização defensiva, capacidade que os europeus subestimam.
E é justamente por este particular que considero o Flamengo, entre os cariocas, o mais capaz de surpreende-los.
Com quatro gols sofridos em onze jogos do Brasileiro, marcando forte no campo de ataque, e com pelo menos três defensores bem vividos no futebol europeu, o time de Filipe Luís tem consistência para equilibrar os confrontos. Se vai, não sei dizer. O Botafogo de Renato Paiva, com menos tempo de trabalho, mas um sistema defensivo em evolução, é outro capaz de surpreender os céticos.
Hoje, por mais talentoso e ofensivo que seja um time de futebol, o que faz a diferença é sua capacidade de defender. E é preciso saber distinguir o time que sabe fechar os espaços do oponente para aquele que abre mão da bola e se entrincheira próxima a sua própria área.
Infelizmente é assim. Não basta o jogador ser apenas intuitivo. Cobra-se dele aplicação e inteligência tática. E talvez esteja aí o grande barato deste Mundial: medir o quanto os times brasileiros evoluíram em seus conceitos táticos.
O Palmeiras de Abel Ferreira, que até bem pouco tempo era o mais europeu dos sul-americanos, colheu bons frutos ao mesclar pragmatismo e fantasia. Agora reformado, busca melhor padrão. Algo que o Fluminense de Renato Gaúcho, em escala inferior, também procura movido pela fantasia do futebol de John Arias.
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