A metamorfose
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Há nessa campanha do Fluminense no Mundial de Cubes da Fifa uma peculiaridade que o reconecta com sua essência: a tradição de se fortalecer com o demérito alheio. Explico - ou tento. Não é, ou não era, nenhum pecado olhar para o valor dos elencos participantes e supor que o time de Renato Gaúcho não chegaria tão longe. Porém, em se tratando de Fluminense, esse olhar de pouca fé, por demais desmerecedor de crédito, é o que, historicamente, faz do clube um dos maiores colecionadores de faixas de campeão.
Vejam bem: são muitos os elencos estelares que levantaram troféus com a camisa verde, branco e grená.
Mas nos conta o passado que desde o título do Estadual de 1951, conquistado por jovens talentosos somados a um ou outro já maturado até então sem valor, que o rótulo de “timinho” vitamina o Fluminense.
Começa pequeno e termina histórico. Aparenta frágil, mas se mostra gigante. Quando se põe fim ao espetáculo, é sobre ele que a gente fala e debate, meio sem entender quando e onde se deu a metamorfose tricolor.
E assim tem sido nos Estados Unidos, onde o time passou a jogar um futebol pragmático que, por mera coincidência, lembra a seleção do tetra. Sem Romário e Bebeto, é claro.
Mas com Fábio, Thiago Silva, Samuel Xavier, Martinelli, Hércules, Árias e Cano dando forma e conteúdo a um sistema copeiro. Um time que se fecha com dez e ataca com cinco.
E com eficiência vai escrevendo uma bonita história. Foi contra o Borússia, fortaleceu-se no duelo com a Inter de Milão. E repetiu-se ontem no embate com o milionário Al Hillal.
O que aos olhos do mundo parece mera presunção, para os tricolores das Laranjeiras a falsa modéstia que já ganha as ruas do Rio afora é confiança na tradição construída pelos “timinhos” eternizados em sua galeria de heróis.
Esses 2 a 1 em Orlando apenas classificaram o time de Renato Gaúcho às semifinais da Copa do Mundo. Mas, como dizia o profético Nelson Rodrigues, “se quereis saber o futuro do Fluminense, olhai para o seu passado…”
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