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Claudia Matarazzo

Claudia Matarazzo

Colunista

Claudia Matarazzo

Melhor ser balão que alfinete

Se puder deixar de comentar algo que não vai acrescentar nada para o outro, ou pior ainda, algo que talvez vá machucar, cale-se. Abstenha-se

Claudia Matarazzo | 11/05/2023, 14:02 14:02 h | Atualizado em 11/05/2023, 14:03

Imagem ilustrativa da imagem Melhor ser balão que alfinete
Claudia Matarazzo, colunista do jornal A Tribuna |  Foto: A Tribuna

Se a mesma coisa pode ser dita de mil maneiras, por que não escolher a mais gentil?” Ótima pergunta em tempos de tanta “sinceridade” desnecessária. Nós somos gentis conosco mesmo? Para entender melhor essa importante qualidade, podemos começar fazendo essa pergunta primordial para desenvolver nosso pensamento sobre o assunto: o quanto nós somos gentis em nosso relacionamento intrapessoal (aquele em que somos nós e nós).

É preciso esclarecer que ser gentil conosco não é "passar o pano" para nossas palavras e atitudes. E sim, cuidar de nós mesmos, com carinho, compreensão, coragem e vontade de melhorar, crescer, nos tornarmos cada vez mais “do bem”.

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Não é papo de almanaque: arrisco a afirmar que apenas sendo gentis primeiro conosco, conseguiremos ser naturalmente gentis com os demais.

Ser gentil com o outro envolve tantas percepções, cuidados e delicadezas. E, além de ser um exercício agradável, depois que nos acostumamos a ele, é preciso sempre estarmos atentos para as condições em que o outro se encontra. Isso envolve percepção ligada e sensibilidade.

Quando conquistamos a capacidade de calçar o sapato do outro (a tão usada, mas nem sempre praticada empatia), automaticamente passamos a ser mais generosos com nossos interlocutores, provocando, sem perceber, uma onda de gratidão e bons sentimentos.

Receita da gentileza: cautela e generosidade como base. Um toque de humor e leveza, a capacidade de rir de si próprio (ajuda muito) e, finalmente, uma boa dose de flexibilidade (ou jogo de cintura) facilitam qualquer relação. Ingredientes que apreciamos imensamente nos outros e que, por custar pouco, devemos usar em cada pequeno gesto cotidiano e não apenas (forçadamente) em ocasiões especiais.

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Acredite: ser gentil, na conjuntura em que vivemos, nos torna especiais e valiosos. Sabe por quê? Segundo a professora Astrid Bodstein, de Cuiabá, que inspirou esse texto, é porque hoje somos  "balões cheios de sentimentos, rodeados de alfinetes".

A imagem é perfeita! Infelizmente, há muito mais pessoas querendo nos espetar e machucar, do que nos abraçar empaticamente com carinho verdadeiro e altruísta.

Exemplo prático deste contexto: se puder deixar de comentar algo que não vai acrescentar nada para o outro, ou pior ainda, algo que talvez vá machucar, cale-se. Abstenha-se. Essa deve ser a nossa escolha amorosa.

Para todos: muitas vezes vemos pessoas super simples, rústicas mesmo, com gestos de extrema delicadeza. Elas nos surpreendem. Mas é que elas já nasceram com a intuição do quanto podem alcançar mais e conquistar a boa vontade dos outros, apenas pela gentileza.

Pois é, gentileza é como a água na natureza, está ao alcance de todos, mas a palavra-chave é “cuidados”. Aguce sua percepção, incorpore aos poucos palavras e atitudes gentis. E repare como a vida fica muito mais leve quando somos gentis! 

Voltando a imagem do balão: prefiro ser balão, pois além de ninguém gostar de alfinetes, tendemos a usar os mesmos para tarefas provisórias e imediatamente guardá-los isolados, em caixas seguras, pois ninguém quer ficar perto deles.

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