Quantas vezes por semana posso comer carne?
A carne vermelha tem sido cada vez menos frequente no prato do brasileiro. Com a alta nos preços, outras proteínas estão sendo priorizadas, reduzindo ainda mais o consumo.
Em grande quantidade, estudos correlacionam a doenças cardíacas, câncer, má função intestinal e outras complicações. Por outro lado, a dúvida que fica é se há uma quantia mínima recomendada.
Segundo especialistas, a carne vermelha não é indispensável, e os nutrientes presentes nela podem ser obtidos de outras formas. Mas, para quem não abre mão, o limite é até três vezes por semana em porções de 80 a 150 gramas.
Patrícia Fernandes, nutricionista clínica e esportiva, orienta escolher cortes considerados “magros”, como contrafilé, patinho e acém.
“A carne vermelha contém aminoácidos que o corpo não produz. Mas o excesso associado ao alto teor de gordura – em cortes como picanha, por exemplo – traz mais malefícios do que benefícios.”
Fonte de proteína, vitaminas B3, B6 e B12, além de minerais como ferro, zinco e selênio, os benefícios só aparecem quando a carne integra uma alimentação balanceada, afirma o nutrólogo Sandro Ferraz.
“O processo de digestão é muito lento, demora de 48 a 72 horas. Na digestão, a carne passa pela putrefação. Essa atividade eleva a liberação de muitas toxinas que estimulam a produção de processos inflamatórios, o que pode desenvolver ou desencadear doenças pré-existentes”, acrescenta Sandro.
Para quem consome diariamente, a nutróloga Mariana Comério recomenda reduzir o consumo e variar nas opções de proteínas.
“Nas outras refeições inclua ovos, frango ou peixe, ou ainda alimentos ricos em proteínas vegetais. Aos poucos, deixe os vegetais e legumes ganharem mais espaço na sua dieta e experimente novos sabores e receitas. Assim vai ficar mais fácil reduzir o consumo”, recomenda Mariana.
A nutricionista Monica Morgado esclarece ainda que é possível se nutrir apenas de alimentos vegetais mantendo o equilíbrio nutricional. O acompanhamento com exames sanguíneos é essencial independente se a pessoa come ou não carne.
“O grupo alimentar que substitui todos os nutrientes presentes na carne vermelha é o de leguminosas, que inclui feijão, lentilha, grão-de-bico, ervilha, soja e amendoim”, pontua.
“Nosso corpo absorve aminoácidos (que formam as proteínas) e não difere se tem origem animal ou vegetal.”
SAIBA MAIS Tire suas dúvidas
1. Carne vermelha uma vez na semana é suficiente?
Na verdade, é possível ter uma alimentação equilibrada e saudável até sem carne vermelha ou outra proteína animal. O importante é sempre acompanhar os exames sanguíneos – consumindo ou não carne vermelha.
2. Qual é o limite máximo?
Para quem não abre mão, o limite é até três vezes na semana em porções de 80 a 150 gramas. Nas demais refeições, varie com carnes brancas, ovos e proteínas vegetais.
3. Carne vermelha todos os dias faz mal?
O consumo regular aumenta o risco de ataque cardíaco e doenças vasculares, câncer, disbiose, má função intestinal, entre outras.
4. Diminuir o consumo melhora o intestino?
Sim. A carne vermelha causa constipação e sensação de peso. Além disso, menos carne significa mais vegetais e legumes na dieta, aumentando a ingestão de fibras, o que ajuda a regular o intestino.
5. Para emagrecer não pode comer carne vermelha?
Isso é mito. Nesse caso, a orientação é optar por cortes mais magros, como patinho, lagarto e contrafilé.
6. É indispensável ao organismo?
A carne vermelha é fonte de proteínas, ou seja, rica em aminoácidos essenciais que o corpo não produz e só são obtidos através da alimentação. Entretanto, não é a única forma do organismo absorver esses nutrientes.
7. À noite, é prejudicial?
O ideal é evitar, pois, ao dormir, seria o momento para o corpo relaxar. Tendo de digerir a carne, o organismo se mantém ativo. Assim, pode causar insônia, prejudicar a qualidade do sono, provocar refluxo, entre outros.
8. Qualquer pessoa pode eliminar da dieta?
Sim, só que há fases da vida em que é necessário um acompanhamento mais próximo ao retirar a carne para que haja um equilíbrio dos nutrientes conforme a necessidade do organismo. Por exemplo, na gestação.
9. Quais são outras fontes de proteínas?
As mais conhecidas são porco, frango, peixe e ovo. De vegetais, o grupo alimentar que substitui todos os nutrientes presentes na carne vermelha é o de leguminosas.
10. Proteínas vegetais são tão eficientes quanto as de origem animal?
Sim, o corpo absorve os aminoácidos sem diferir se são de origem animal ou vegetal.
Fonte: Especialistas entrevistados.
Amada por uns, dispensável para outros
Consumo moderado
Foi ao buscar uma nutróloga para ajustar a alimentação que a médica Giovanna Vicente Rizo, 34, descobriu que tinha resposta inflamatória à carne vermelha, principalmente associada ao intestino. Há cinco anos, ela reduziu o consumo e notou melhora na qualidade de vida.
“O principal foi em relação ao hábito intestinal. Eu ia ao banheiro uma ou duas vezes na semana. Com a mudança alimentar, consegui melhorar isso e, em consequência, passei a sentir mais disposição, me canso menos, estou mais ativa e tive outras melhorias no estilo de vida.”
Desafio diário
A estudante de Medicina Anna Roberta Leal de Azevedo, de 18 anos, é uma apreciadora de carne vermelha e consome praticamente todos os dias. Para a jovem, reduzir o consumo é um desafio.
“Sou realmente apaixonada por carne vermelha e faço consumo frequente. Tenho muita dificuldade de abrir mão ou fazer troca por alguma outra proteína. Quando não como carne vermelha, eu prefiro frango. Mas se puder escolher, nunca fico na dúvida”, brincou.