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Cidades

Venda ilegal de remédio para emagrecer até em terminais de ônibus

Medicamentos que deveriam ser obtidos apenas com receita médica são o alvo de uma investigação da Polícia Federal


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Imagem ilustrativa da imagem Venda ilegal de remédio para emagrecer até em terminais de ônibus
Gentil André Lima, que é coordenador de fiscalização do CRF-ES, explicou que o órgão recebeu denúncias sobre venda ilegal e acionou a Polícia Federal |  Foto: Gustavo Forattini/AT

Em páginas de  redes sociais, fotos mostram supostos resultados de perda de peso e é compartilhado o link para grupos de compra de emagrecedores, sem necessidade de receita médica. As entregas são feitas até mesmo em terminais de ônibus.

A venda ilegal na internet de emagrecedores como a sibutramina, que no Brasil é vendida apenas com prescrição médica e retenção de receita, é alvo de investigação da Polícia Federal do Estado.  

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Na manhã da quarta-feira (16), foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão na casa de duas mulheres que anunciavam a venda em redes sociais. Segundo a Polícia Federal, apesar de agirem de forma semelhante,  elas atuavam por conta própria.

Na busca e apreensão realizada na Serra, nada foi encontrado. Já em Vitória, foram apreendidos medicamentos com uma mulher de 29 anos.

O  titular da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários da Polícia Federal, delegado Lorenzo Esposito, afirmou que as investigações partiram de duas denúncias de pessoas que estariam vendendo ilegalmente anorexígenos (para emagrecer). 

“A partir da apreensão dos aparelhos celulares das investigadas, vamos tentar identificar quem está fornecendo esse tipo de medicação para ser vendida, já que  precisa de receituário de controle especial. Na primeira entrevista  no local, elas apontaram supostos distribuidores diferentes”.

Outro ponto ainda a ser investigado, segundo o delegado, são fórmulas encontradas em uma das casas que foram  o alvo da busca e apreensão. Na composição descrita no rótulo, além da sibutramina, havia  outras substâncias  como  cafeína, feproporex e anfepramona. “Enviamos ao laboratório para analisar se tinha realmente o que está descrito”.   

Os investigados responderão pelos crimes de falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais.

Denúncia

As denúncias que deram início às investigações da Polícia Federal partiram do Conselho Regional de Farmácia do Estado (CRF-ES). 

O coordenador de fiscalização do Conselho,  Gentil André Lima Rodrigues, explicou que a informação chegou até a ouvidoria da entidade.  “O Conselho está atento a esse tipo de denúncia. Como tem um caráter penal, encaminhamos para a Polícia Federal”.

Segundo Gentil, esse tipo de medicação é de controle especial e só pode ser vendida em estabelecimento que tenha autorização para a comercialização desses produtos, além da presença de um profissional farmacêutico.


Opiniões

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"A sibutramina é indicada para tratar obesidade e deve ter uso acompanhado por um médico”, afirma Renata Loureiro Moretto, endocrinologista |  Foto: © Divulgação
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É importante que o paciente seja acompanhado, pois a sibutramina pode aumentar o risco de doença cardiovascular”, pondera Queulla Garret, endocrinologista |  Foto: Arquivo/AT

Entenda o caso

Anúncio oferece medicamento a R$ 130

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"Daremos continuidade à investigação, para identificar quem está distribuindo para venda ilegal”, diz Lorenzo Esposito, delegado da Polícia Federal |  Foto: Arquivo/AT

Operação

A Polícia Federal no Espírito Santo cumpriu dois mandados de busca e apreensão na manhã de ontem em Vitória e na Serra. Ninguém foi preso.

As investigações partiram de denúncias do Conselho Federal de Farmácia (CRF-ES) sobre a venda de emagrecedores sem receita e de procedência ignorada. Os medicamentos eram vendidos ilegalmente pela internet, em estabelecimento sem licença da autoridade sanitária.

Venda

Em páginas das redes sociais, duas mulheres que foram alvo de investigações anunciavam os emagrecedores, como sibutramina.

Elas também indicavam grupos pelo WhatsApp, onde a venda era negociada.

Em um dos anúncios, chegam a indicar o valor de R$ 130 pela caixa de sibutramina e informar que a entrega pode ser feita pessoalmente em terminais de ônibus.

O que foi encontrado

No cumprimento dos mandados de busca e apreensão, a Polícia Federal não encontrou nada na Serra. 

Já em Vitória, foram apreendidos medicamentos com uma mulher de 29 anos. Além da sibutramina, havia ainda fórmulas com outras substâncias, sem uma procedência conhecida. A Polícia Federal vai analisar a formulação.  

Próximos passos

O objetivo da investigação é identificar também quem está fornecendo para essas pessoas poderem vender. Foram apreendidos ainda aparelhos celulares das duas mulheres. 

Crimes

Investigados responderão pelos crimes de falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais com pena de 10  a 15 anos e multa.


Médicos alertam para risco

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Anúncio: entrega em terminais |  Foto: Gustavo Forattini/AT

Diante da  venda ilegal de emagrecedores, médicos fizeram um alerta para os perigos do uso sem indicação e sem saber ao certo a procedência. No caso da sibutramina, por exemplo, eles afirmam que pode acarretar problemas como hipertensão e até infarto e acidente vascular cerebral (AVC).   

A médica endocrinologista Queulla Garret apontou que a sibutramina é um bom aliado no tratamento da obesidade.

“Ela é considerada um inibidor de apetite,  pois seu mecanismo de ação  ocorre pela intensificação da ação de neurotransmissores que agem no centro da fome no sistema nervoso central”.

Segundo a médica, no entanto, para a sua prescrição, é importante que o paciente seja acompanhado. 

“Ela aumenta o risco de doença cardiovascular,  tais como  hipertensão, infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC)”, ressaltou. 

A endocrinologista Renata Loureiro Moretto também explicou que a sibutramina  é uma medicação que atua no sistema nervoso central e tem entre os efeitos colaterais  o  aumento da frequência cardíaca e  da pressão arterial.

“Pode aumentar a ansiedade,  causar palpitação,  insônia, constipação intestinal. Ela é contraindicada para pacientes com hipertensão não controlada,  com insuficiência cardíaca,  histórico de AVC, epilepsia e   depressão”.

Ela ainda fez o alerta para fórmulas apreendidas com substâncias como anfepramona e femproporex. “Elas  não são mais para tratar obesidade, devido aos efeitos colaterais”.

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