Sobrevivente de acidente desabafa: “Passei a olhar a vida de outra forma”
Coordenadora teve as duas pernas amputadas após ser atropelada por uma carreta em Vila Velha e hoje luta por sua reabilitação
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A coordenadora de anos finais de uma escola particular, Luana Pittizer Bahiense, 38 anos, sofreu um acidente, que resultou na amputação das pernas, em novembro do ano passado. Ela voltava para casa em sua motocicleta, que sempre guiou com atenção e cuidado. Naquele dia estava no veículo, na avenida Carlos Lindenberg, em Vila Velha, quando ela sentiu o impacto: foi atropelada por uma carreta.
Hoje está em processo de reabilitação e liberada pelo médico para colocar as próteses nas pernas. Está inclusive organizando uma vaquinha virtual no endereço [email protected].
A Tribuna – Como o acidente aconteceu?
Luana Pittizer Bahiense – Estava pilotando minha Moto Honda Biz na avenida Carlos Lindenberg, em Vila Velha, onde trabalho, e voltava para casa, em Cariacica. Eu estava na pista da direita, e tinha acabado de passar ao lado de uma carreta de combustível que trafegava pela pista do meio.
O sinal fechou e fui reduzindo, pois o semáforo estava quase ficando verde. Foi quando senti o baque: a moto foi para o lado da ciclovia e meu corpo foi para a pista.
Eu cai debaixo da carreta, e as rodas passaram nas minhas pernas, causando esmagamento das duas. Graças a Deus o motorista parou pois poderia ter sido pior. Eu fiquei consciente até a chegada no hospital.
O que o motorista da carreta disse sobre o acidente?
Disse que não me viu. Me recordo que a última vez que olhei pelo retrovisor, ele não estava atrás de mim. No começo, eu me cobrava por que não tinha visto a carreta. Depois, olhando as imagens do acidente é que vi que foi tudo muito rápido e tirei isso de mim.
Quanto tempo ficou internada?
Foram 51 dias internada no São Lucas, sendo cinco dias na UTI, passei por várias cirurgias, como plástica para enxerto na perna esquerda. Cheguei com quadro de perda de articulação do quadril, que foi revertido, graças a uma cirurgia inovadora regenerativa com células-tronco.
Como está sua recuperação?
Graças a Deus, estou em processo de reabilitação. Sinto muita falta dos meus alunos, tenho algumas dificuldades no dia a dia, pois muitos lugares não são adaptados. Mas eu passei a olhar a vida de uma outra forma. É um esforço diário.
Quais são seus planos?
Meu filho criou uma vaquinha online que tem me ajudado bastante. Além disso, estou recebendo todo o apoio do meu trabalho. Apesar de ainda estar afastada, eles estão muito presentes em todos os processos da reabilitação. Estou liberada por meus médicos para colocar as próteses. Sigo firme, confiante nos planos de Deus e certa que tudo tem um propósito. Eu nasci de novo.
Fraturas de crânios, braços e pernas em sobreviventes
Os sobreviventes da violência no trânsito convivem com as sequelas dos acidentes, que podem ser ainda mais graves, quando se tratam de motocicletas.
A coordenadora do Pronto-Socorro do Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE), o antigo São Lucas, a médica Andréa Saliba, afirma que no caso de acidentes de moto, fraturas de membro superior, inferior e traumatismo craniano são as mais recorrentes. Já o tempo médio de internação varia conforme o caso, podendo ir de dois dias a até dois meses.
“Mais de 90% dos pacientes precisam de reabilitação, mais com fisioterapia do que com neurologia. Cerca de 80% dos pacientes atendidos são de acidentes de moto. Tem impacto social e econômico importante, pois não é só questão de tratamento. É o que vai demandar de reabilitação, cuidado e de fora do mercado de trabalho”, diz.
Entenda
Homens são maioria de internados
Internações
No Espírito Santo, o perfil epidemiológico que mais interna devido aos acidentes de trânsito é de homem, jovem e, principalmente, motociclista.
Em 2025, com dados até fevereiro, o perfil segue os do ano anterior.
Das 519 internações até a data, 325 (62,62%) eram motociclistas.
Do total de internações, 394 (75,92%) eram do sexo masculino e 130 (25,05%) com faixa etária de 20 a 29 anos.
Reabilitação
O Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo (CREFES), localizado em Vila Velha, é a principal referência em reabilitação nas modalidades Física e Auditiva.
Embora o atendimento seja dedicado a pacientes com incapacidades físicas decorrentes de diferentes causas, o número de vítimas de acidentes de trânsito se sobressai no dia a dia de trabalho.
Maio Amarelo
O Maio Amarelo é um movimento internacional de conscientização para redução de acidentes de trânsito.
O trânsito deve ser seguro para todos em qualquer situação
A campanha tem por objetivo colocar em pauta, para a sociedade, o tema do trânsito, além de estimular a participação da população, empresas, governos e entidades.
No Brasil, a campanha é criada pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), e traz neste ano o tema “Desacelere. Seu bem maior é a vida”.
Fonte: Sesa
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