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Cidades

Saúde mental: Mais jovens e idosos em busca de terapia

“Esse processo não é apenas local, tem sido observado também a nível internacional", destaca especialista


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Imagem ilustrativa da imagem Saúde mental: Mais jovens e idosos em busca de terapia
jovem busca terapia: pressão das exigências atuais da sociedade têm gerado efeitos sobre a saúde mental |  Foto: Divulgação

Ter ansiedade ou depressão, principalmente sem tratamento, pode ser fator de risco para várias doenças como hipertensão, obesidade, asma e até demência. É o que mostrou uma pesquisa americana que analisou  dados de saúde de mais de  40 mil  adultos do Condado de Olmsted, em Minnesota, nos EUA.

O estudo mostrou que os mais jovens têm um risco maior de desenvolver  doenças crônicas se tiverem ansiedade e depressão, tanto homens quanto mulheres. Já entre os idosos, o risco se mostrou  menor, mas igualmente perigoso. 

 Mas a boa notícia, segundo os especialistas, é que mais jovens e idosos estão procurando terapia para tratar transtorno de ansiedade e depressão.

A Cooperativa de Trabalho dos Psicólogos do Espírito Santo (Coopsi-ES) tem acompanhado de perto o aumento da procura por tratamentos para os transtornos de ansiedade e depressão não só entre jovens e idosos,  mas  também entre crianças e adolescentes.

“Esse processo não é apenas local, tem sido observado também a nível internacional e está em sintonia com os efeitos de alguns fenômenos contemporâneos. O isolamento social, especialmente durante a pandemia, e a pressão das exigências atuais da sociedade têm gerado efeitos sobre a saúde mental em faixas etárias variadas”, destaca o  psicólogo  Philipe Cândido, secretário-geral da Coopsi-ES.  

 De acordo com  o psicólogo Alexandre Brito,   o aumento  na procura por terapias  se dá por diversos fatores, desde uma maior conscientização acerca dos problemas envolvendo a saúde mental, bem como uma redução dos estigmas que giram em torno dos tratamentos psicológicos.  

“As novas exigências da vida contemporânea e as dores da existência podem ter contribuído para um maior número de jovens procurando ajuda. O aumento da população idosa também enfrenta desafios específicos que podem levar a um aumento na procura por tratamento”, reflete.

Outro fator destacado pela psicóloga  da Unimed Naira Delboni é que a disseminação de informação sobre a saúde mental nos últimos anos, principalmente depois da pandemia, ajudou as pessoas a pensarem em seu bem-estar mental e a buscar tratamento além do medicamento.

 “Acredito que depois da pandemia as pessoas começaram a olhar para a terapia com outros olhos, em relação à importância de  cuidar das emoções.  A terapia pode ajudar muito no autoconhecimento, e mostrar que é  possível ter qualidade de vida,  saúde mental e   fornecer estratégias para o enfrentamento desses transtornos”, observa a especialista.

Poder da pintura contra demência

Exercitar o corpo e a mente é um dos pilares da boa saúde. Um novo estudo realizado na Monash University em Melbourne, na Austrália, revelou que algumas atividades criativas e intelectuais como  fazer pinturas, palavras cruzadas e até manter um diário  podem ajudar a evitar demências em idosos.

O estudo  observou  mais de  10 mil  idosos, e os pesquisadores concluíram que aqueles que  participaram  praticando atividades mentais, como fazer quebra-cabeças e palavras-cruzadas, tiveram uma redução de 9% no risco de demência. 

Já práticas criativas como carpintaria ou pintura levaram a um risco 7% menor dessa doença.

Aqueles que realizavam  atividades de alfabetização apresentaram 11% menos chances de desenvolver uma demência em um período de 10 anos.

“Esse é ainda um estudo, mas são atividades muito simples e fáceis de se recomendar e incluir no dia a dia, não há efeitos colaterais. Já recomendamos esse tipo de atividade antes, mas agora está respaldado por um estudo”, comenta o geriatra Gustavo Genelhu.

Ele disse ainda que esse tipo de atividade também contribui para evitar problemas emocionais, como depressão e ansiedade, já que mantém a mente ativa.

Além disso, o psicólogo Alexandre Brito destaca que essas  atividades  em grupo podem ser ainda melhores. “Se realizadas em grupo, podem proporcionar uma oportunidade para interações e para conhecer novas pessoas”.

 O psicólogo  Philipe Cândido, secretário-geral da Cooperativa de Trabalho dos Psicólogos do Espírito Santo (Coopsi-ES), ressalta ainda que atividades como meditação, ioga, pintura e trabalhos manuais são valiosas. 

A combinação dessas atividades com a terapia pode criar um caminho abrangente para a saúde mental, considerando a pessoa em todas as suas dimensões.

“Porém, elas devem ser usadas como complemento à psicoterapia e não como substitutas”.

SAIBA MAIS

A pesquisa

O novo estudo  realizado na Monash University, em Melbourne, Austrália,  analisou dados de mais de 10 mil  idosos e descobriu que aqueles que participaram de mais atividades relacionadas à alfabetização tinham 11% menos probabilidade de desenvolver demência em um período de 10 anos.

O estudo também apontou  que outras atividades mentais, como fazer quebra-cabeças e palavras-cruzadas, estavam associadas a uma redução de 9% no risco de demência. Fazer coisas criativas como carpintaria ou pintura levou a um risco 7% menor de demência.

Uma das conclusões do estudo é que um estilo de vida enriquecido com  atividades de lazer diversas pode refletir uma personalidade otimista e benefícios cognitivos ao estimular o crescimento de neurônios e sinapses e promover o bem-estar.

A pesquisa publicada no The Lancet mostrou que os casos globais de demência devem triplicar. Até 2050, o mundo deverá ter 153 milhões de pessoas vivendo com a condição.

 Ansiedade e depressão podem ser fatores de risco

Uma pesquisa conduzida por cientistas da Universidade de Helsinque, na Finlândia, publicada na revista científica Jama Network Open, concluiu que pessoas com sofrimento psicológico têm risco de demência aumentado em até 24%.

O trabalho abrangeu mais de 67 mil pessoas de idades diversas e os acompanhou, em média, por 25 anos.

Uma pesquisa britânica analisou mais de 130 mil pacientes, com mais de 65 anos, atendidos entre os anos de 2012 e 2019, que não tinham diagnóstico inicial de demência, e concluíram que aqueles que apresentaram uma melhora nos quadros de ansiedade tiveram menos riscos de desenvolver perda cognitiva.

Hábitos que podem ajudar

Um estudo americano indicou sete hábitos que podem ajudar a prevenir a demência, depois de analisar 13.720  mulheres com idade média de 54 anos por duas décadas.

Entre os hábitos  comprovados pela pesquisa, estão: ser ativo, comer melhor, manter um peso saudável, não fumar, manter uma pressão arterial segura, controlar o colesterol e ter baixo nível de açúcar no sangue.

Fonte: Especialistas consultados e pesquisa AT.

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