Riscos no procedimento para mudar a cor dos olhos, como fez Andressa Urach
Especialistas alertam para possíveis infecções, inflamações, além de dificuldade de diagnósticos do descolamento de retina
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Já pensou em mudar permanentemente a cor dos olhos? Isso foi o que a influenciadora digital Maya Massafera, 44, fez na última semana, em uma clínica especializada na França, gerando repercussão nas redes sociais.
Ela desembolsou cerca de R$45 mil para transformar os olhos castanhos em um tom de azul esverdeado por meio da ceratopigmentação, em que micropigmentos são injetados no estroma (camada intermediária) da córnea. No Brasil, esse procedimento para fins estéticos em olhos saudáveis é proibido, e especialistas apontaram os riscos.
Segundo Karine Moysés Moro, presidente da Sociedade Capixaba de Oftalmologia, ao fazer a “pintura”, os olhos ficam sujeitos a infecções e processos inflamatórios.
Outros riscos incluem dificuldade de diagnósticos de descolamento de retina e de problemas mais sérios no fundo de olho, pois a ao dilatar a pupila para ver melhor o fundo de olho, a pintura acaba impedindo a visualização das complicações.
A pintura também atrapalha cirurgias de catarata. “É uma série de riscos que a pessoa está correndo num olho normal por vaidade. É muito preocupante”, disse Karina.
Pedro Trés Vieira Gomes, oftalmologista do Hospital de Olhos Vitória, mencionou os riscos de possibilidade de perfuração na córnea durante o procedimento cirúrgico e comprometimento da visão.

Segundo ele, as evidências científicas sobre os efeitos a longo prazo da ceratopigmentação, principalmente quando realizada puramente por razões estéticas em olhos saudáveis, ainda são limitadas, “o que gera uma preocupação adicional por parte dos órgãos reguladores”.
No Brasil, a ceratopigmentação é indicada para pacientes com sequelas oculares graves, como aniridia ou deformidades da íris que geram sensibilidade extrema à luz, e opacidades de córneas, para melhorar a aparência de olhos com manchas brancas, especialmente em pacientes com cegueira permanente, afirmou Pedro.
De acordo com o oftalmologista Marcos Andião, o procedimento é positivo para quem apresenta comprometimentos.
“Em casos onde a estética do paciente é comprometida, em que o paciente sofre trauma psicológico, sofre sendo estigmatizado, existe um benefício”.
Arrependida
A influenciadora digital Andressa Urach, 37, compartilhou nesta semana que havia feito o procedimento de ceratopigmentação, mudando a cor de seus olhos castanhos para azuis. Ela realizou a cirurgia em Nice, na França.
Ontem, porém, disse ter se arrependido. “Meus olhos estão doendo bastante. Muito. Chegando ao Brasil vou ter que ir em um médico, porque está doendo muito. Vocês não têm ideia. Te falar que já estou praticamente arrependida de ter feito, porque a dor não tem igual”, comentou.
Procedimento pode melhorar cicatrizes
Ceratopigmentação
O que é?
Conhecida como tatuagem corneana, é um procedimento cirúrgico no qual micropigmentos são injetados no estroma da córnea para alterar sua coloração.
Técnicas
Segundo o oftalmologista Marcos Andião, existe mais de uma técnica: pode ser feita com microagulhamentos, onde é injetada tinta nas camadas mais superficiais da córnea, ou pode-se utilizar laser femtosegundo para fazer “um túnel” na córnea e injetar a tinta dentro dela.
Indicação
Pedro Trés Vieira Gomes disse que o procedimento terapêutico é indicado para pacientes com sequelas oculares graves, como aniridia (íris ausente ou subdesenvolvida) ou deformidades da íris que geram sensibilidade extrema à luz.
Também é indicado em casos de opacidades de córneas para melhorar a aparência de olhos com manchas brancas, especialmente em pacientes com cegueira permanente.
Mudar a cor dos olhos?
No Brasil, a ceratopigmentação para fins estéticos em olhos saudáveis é proibida pelos potenciais riscos à saúde ocular. Não se faz mudança da cor dos olhos em quem não tem problemas de visão indicados.
Em países como Estados Unidos, França e Suíça a prática é realizada.
Riscos
O procedimento tem riscos que incluem a possibilidade de perfuração da córnea, infecções oculares graves, inflamações e até mesmo comprometimento da visão.
Além disso, Pedro afirmou que a irreversibilidade da ceratopigmentação, aliada ao depósito de pigmento na córnea (a camada mais externa do olho), obstrui a visualização das estruturas internas, prejudicando exames essenciais, como a detecção de catarata e o exame de retina.
Também atrapalha cirurgias de catarata.
E quem tem comorbidades?
O risco que o paciente com o olho doente tem é semelhante ao risco de quem tem um olho saudável e quer mudar a cor, podendo ter infecção ou inflamação. No entanto, a preocupação em relação à dificuldade de diagnóstico e de cirurgia acaba sendo diminuída em casos de pacientes de olhos cegos, por exemplo.
Karine Moysés Moro, presidente da Sociedade Capixaba de Oftalmologia, disse que quando o paciente faz para melhorar a aparência estética de um olho com cicatrizes, que muitas vezes causa transtornos para pessoa no dia a dia, há um motivo maior para estar fazendo o procedimento. Muitas vezes melhora a qualidade de vida do paciente.
Outra opção
Karine afirmou que atualmente não existe nenhum procedimento para alterar a cor do olho que não tenha riscos, que seja uma cirurgia recomendada. Ela recomendou que quem quer mudar a cor do olho deve usar lentes de contato coloridas.
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