Grávida salva de enchente em geladeira no ES celebra 1 ano da filha: 'fé e amor'
Aos oito meses de gestação, Elivanda foi resgatada de enchente pelo marido, Rulian, que a colocou dentro de uma geladeira
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O primeiro aniversário de Maria Cecília Dias foi celebrado com itens típicos de uma festa infantil: docinhos e decoração colorida.
Mas o tema escolhido, “A Arca de Noé”, carrega um certo simbolismo para os pais da menina, Elivanda Brandão, de 20 anos, e Rulian Dias, 21, moradores de Mimoso do Sul na época em que viveram um dos momentos mais dramáticos da própria história.
Grávida de oito meses em março de 2024, Elivanda foi resgatada pelo marido em meio à enchente. Para salvar a esposa, Rulian improvisou: colocou a gestante dentro de uma geladeira e a empurrou pela correnteza até um local seguro.
A cena, registrada em vídeo, tornou-se uma das imagens mais marcantes da tragédia que deixou mortos e destruiu dezenas de casas em Mimoso do Sul.
“Nossa Arca foi uma geladeira. É um tema que fala de salvação, né? E eu acho que tem um ‘cadinho’ a ver com a nossa história, com o que a gente viveu. Maria Cecília é a melhor coisa das nossas vidas, e a gente agradece muito pela vida dela”, disse a mãe, emocionada.
A festa aconteceu no último domingo e, atualmente, a família mora em Cachoeiro de Itapemirim. A mudança foi motivada por uma proposta de trabalho e pela dificuldade de permanecer no local marcado pelo trauma. “É muito difícil pensar que a gente poderia passar por tudo aquilo de novo”.
“História virou símbolo de fé e amor”, diz mãe
Elivanda de Souza Brandão é dona de casa, natural de Mimoso do Sul, e ficou conhecida após ser resgatada grávida de oito meses dentro de uma geladeira durante a enchente que atingiu a cidade em março de 2024. Mãe de Maria Cecília, Elivanda se mudou para Cachoeiro ao lado do marido em busca de recomeço.
A Tribuna - Você imaginava que aquela imagem sua grávida durante o resgate teria tanta repercussão?
Elivanda de Souza - Nossa história virou símbolo de fé e amor. Eu nem sabia que estavam gravando. Depois que vi que virou notícia, eu entendi o quanto a gente tinha emocionado as pessoas.
Como foi reviver toda a tragédia na hora de organizar a festa da Maria Cecília?
Foi emocionante. Cada detalhe da festa me fez lembrar que a gente passou por uma prova muito grande, e que estamos aqui, vivos, com a nossa filha com saúde.
A ideia do tema “Arca de Noé” partiu de quem?
Foi minha. Desde que tudo aconteceu, essa história da Arca ficou na minha cabeça. Quando comecei a planejar o aniversário dela, pensei: ‘Não tem tema melhor para contar a nossa história e celebrar a vida’.
E por que usaram a geladeira no primeiro mêsversário?
Porque ela foi a nossa salvação. Literalmente. O Rulian teve sangue frio e colocou a gente lá dentro. No mêsversário, a gente brincou com isso, teve foto, decoração com minigeladeiras e até uma plaquinha dizendo que o papai era o nosso herói.
O que mudou na vida de vocês desde então?
A gente mudou de cidade, estamos em Cachoeiro agora. Foi por segurança, mas também porque apareceu uma oportunidade de trabalho. Era difícil ficar em Mimoso depois de tudo.
O que você diria para outras mães que também enfrentaram tragédias como essa?
Para nunca perder a fé. Mesmo nos momentos mais difíceis, é preciso acreditar.
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