Doação de órgãos no Sul do ES ajuda cinco na fila do transplante
Ação marca a primeira captação multiorgânica em 2025 em Cachoeiro de Itapemirim
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Cinco pessoas que aguardavam por transplante foram beneficiadas por um gesto de solidariedade na noite do último sábado (5), em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado.
Após a confirmação da morte encefálica de uma paciente internada na Santa Casa de Misericórdia, a família autorizou a doação de múltiplos órgãos — fígado, rins e córneas. A ação marcou a primeira captação multiorgânica este ano na unidade hospitalar.
De acordo com o hospital, a paciente, que não teve a identidade revelada, deu entrada no pronto-socorro em estado grave e, apesar de receber toda a assistência possível, não resistiu. Com a autorização da família, a equipe médica realizou a captação dos órgãos.
O fígado e as córneas foram destinados a receptores em lista de espera no Estado. Os rins foram transportados para pacientes em São Paulo, onde há maior demanda e logística de transplante mais ágil.
“A captação de múltiplos órgãos representa um avanço não só para a instituição, mas também para o sistema estadual de transplantes. Isso amplia a esperança de quem está na fila”, disse a médica intensivista Carla Mendes, coordenadora da UTI da Santa Casa.
Segundo o Ministério da Saúde, a realização de transplantes só é autorizada após a constatação da morte encefálica, condição em que há a interrupção definitiva das funções cerebrais.
O diagnóstico exige a realização de dois exames clínicos com intervalo mínimo de uma hora, além de exames de imagem, como angiografia cerebral ou eletroencefalografia, para comprovar a ausência de atividade elétrica no cérebro.
Atualmente, o Brasil tem mais de 65 mil pessoas na fila de espera por um órgão, segundo dados atualizados do Sistema Nacional de Transplantes. Em 2024, foram realizados mais de 5.300 transplantes de órgãos sólidos, incluindo fígado, rins, coração e pulmões.
A enfermeira Beatriz Colodetti, da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) da Santa Casa, reforça a importância da comunicação entre familiares.
“É a família quem vai autorizar a doação. Por isso, é essencial expressar esse desejo em vida. Muitas famílias recusam a doação por desconhecer a vontade do ente querido”.
Doação de órgãos no Brasil
Autorização da família
A taxa de autorização familiar no Brasil ainda é baixa — em torno de 54%, conforme o último balanço da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).
Em países como a Espanha, referência mundial em doação de órgãoes, o índice ultrapassa 85%.
Recusa familiar à doação
Houve aumento na taxa de recusa familiar à doação de órgãos no Brasil, passando de 42% em 2023 para 51,6% em 2024.
No Estado houve aumento nos transplantes: foram 173 de órgãos sólidos em 2024, um crescimento de 21,83% em relação ao ano de 2023, que registrou 142 procedimentos.
Órgãos mais transplantados no Estado em 2024
Rim: 102
Fígado: 61
Coração: 10
Fonte: Secretaria de Estado da Saúde.
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