“Café com Aroma de Mulher” do ES: conheça a história de família de Vargem Alta
Mãe e filha de Vargem Alta vivem história de novela na vida real e mantêm tradição da família no cultivo de grãos especiais
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Não é apenas na novela Café com Aroma de Mulher, exibida pela TV Tribuna/Band de segunda a sexta-feira, às 20h30, que uma jovem trabalha ao lado da mãe na colheita.
Na trama colombiana, o trabalho nos cafezais une a mãe Carmela e a filha Gaivota. Na comunidade de Taquarussu, interior de Vargem Alta, na região Serrana do ES, essa cena é real: mãe e filha dividem tarefas na lavoura da família.
Enquanto Karina Pizzol Pasti, 26 anos, se dedica à gestão administrativa do sítio, sua mãe, Margarete das Graças Pizzol, 56, acorda cedo para cuidar da adubação, da colheita e da secagem dos grãos.
“Costumo dizer que são o amor e Deus que dão aroma e sabor ao café”, afirma Margarete, que atua na produção de cafés especiais há mais de 15 anos, com foco na variedade Catuaí Vermelho. A família produz cerca de 70 sacas por ano; dessas, 14 são de café especial.
Fãs da novela, as duas fazem questão de destacar o protagonismo feminino no campo. “As cafeicultoras têm papel essencial na produção, sobretudo no café de qualidade, que exige delicadeza e atenção aos detalhes. É fundamental promover a troca de saberes entre homens e mulheres, em que cada um contribui para o crescimento coletivo”, explica a filha.
Karina conta que a novela tem um valor simbólico especial. “A história da Gaivota é muito parecida com a de muitas mulheres do interior. A novela mostra com beleza e realismo o que vivemos no campo. Ver isso na televisão nos inspira e nos dá orgulho de quem somos”.
Ela destaca ainda a importância da representação feminina. “É bom ver uma mulher forte, ligada à terra, que valoriza as raízes e a família. A gente se sente representada”.
Em 2021, os grãos cultivados por elas chegaram à etapa final da 4ª Edição do Concurso Florada, promovido pela Associação Brasileira de Cafés Especiais em parceria com a empresa 3 Corações S.A. O concurso é exclusivo para mulheres produtoras.
No mesmo ano, o café da família foi um dos 40 selecionados entre 743 amostras nacionais para a fase internacional do Cup of Excellence, o mais prestigiado concurso de qualidade do grão no mundo.
Margarete Pizzol: “Trabalhamos juntas, cada uma com sua experiência”

Margarete das Graças Pizzol é cafeicultora especializada na variedade Catuaí Vermelho. Aos 56 anos, ela acumula mais de 15 anos de experiência na produção de grãos especiais em Vargem Alta.
Reconhecida pelo cuidado e dedicação ao cultivo, a produtora integra uma tradição familiar que alia saberes ancestrais à valorização do protagonismo feminino no campo.
Mãe de Karina, com quem divide as responsabilidades da propriedade, Margarete acredita que o segredo de um café de qualidade está no trabalho feito com fé e amor.
A Tribuna - Como começou sua trajetória na cafeicultura?
Margarete - Comecei há mais de 15 anos, com muito esforço e aprendendo no dia a dia. Sempre acreditei que o segredo está em trabalhar com amor e fé. Eu acordo cedo, cuido da adubação, da colheita e da secagem. É uma rotina puxada, mas muito gratificante.
A senhora divide o trabalho com sua filha. Como é essa parceria?
É uma bênção. A Karina cuida da parte administrativa e eu fico mais na lavoura. Nós trabalhamos juntas e trocamos ideias, cada uma com sua experiência. É assim que conseguimos manter a tradição da nossa família e, ao mesmo tempo, inovar na produção.
Esse equilíbrio entre o saber da terra e a gestão moderna faz toda a diferença.
A novela “Café com Aroma de Mulher” tem alguma ligação com a sua história?
Tem ligação sim. Eu e minha filha somos fãs. Quando vimos a Gaivota trabalhando com a mãe nos cafezais foi como se estivéssemos ali.
A novela mostra o valor da mulher no campo, e isso nos inspira. A novela nos faz lembrar que o que vivemos aqui em Vargem Alta também é digno de ser contado. Nos sentimos representadas.
Entenda
Grãos selecionados à mão
Colheita do café
Adubação e manejo do solo são feitos com práticas sustentáveis sob responsabilidade de Margarete. O ponto ideal de maturação dos frutos é acompanhado com atenção para, então, ser feita a colheita manual selecionando apenas grãos maduros.
Lotes especiais
Os grãos vão para secagem em terreiros suspensos ou cimentados. Depois, separados por tipo e qualidade, formando os lotes especiais.
Agricultura familiar
Administração e estratégia são por conta de Karina, que organiza documentos, inscreve em concursos e negocia com compradores, destacando valores da agricultura familiar e o protagonismo feminino.
Curiosidades sobre a novela
A trama
A novela “Café com Aroma de Mujer” — no Brasil “Café com Aroma de Mulher” — foi criada pelo autor colombiano Fernando Gaitán e está sendo exibida pela Band/TV Tribuna, de segunda a sexta-feira, às 20h30, desde o dia 8 de maio.
Na trama, Carmela Suárez (interpretada por Katherine Vélez) é mãe de Gaivota (Laura Londoño). As duas são colhedoras de café e percorrem diversas fazendas durante o período da safra para garantir o sustento. Trabalham juntas nos cafezais desde que Gaivota era jovem, em uma relação marcada por parceria, resistência e afeto.
Versões da novela
A versão original de “Café com Aroma de Mulher”, de 1994, foi exibida três vezes no Brasil. Sebastião era interpretado por Guy Ecker, brasileiro que fez sucesso na América Latina.
“Cuando Seas Mía”, de 2001, foi produzida no México pela TV Azteca e protagonizada por Silvia Navarro.
“Destilando Amor”, outra versão mexicana de 2007, teve enorme êxito no seu país, mas fracassou no Brasil.
O ator Andrés Toro, que interpreta Aurélio na novela, emprestou sua fazenda para ser locação da trama. O lugar fica em Manizales, cidade que faz parte da região montanhosa do café no oeste da Colômbia.
A fazenda Casablanca é conhecida na vida real pelo nome de Hacienda Venecia. Ela é aberta ao público.
Estrela de “Café com Aroma de Mulher”, Laura Londoño nasceu em 13 de fevereiro de 1988, em Medellín, Colômbia. É conhecida pelos trabalhos em “Lei do Coração” (2016), “Escobar: Paraíso Perdido” (2014) e “Sin Senos No Hay Paraíso” (2008).
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