Professora faz bonecas sem cabelo para crianças com câncer
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O desejo de ajudar as pessoas que enfrentam o câncer veio após a professora Anna Cristina Borges, de 54 anos, perder a mãe para a doença. Ela encontrou um cartaz nas redes sociais que convidava artesãs para fazer bonequinhas carecas que seriam entregues a crianças em tratamento.
Mesmo não sendo artesã, a professora de Alfredo Chaves decidiu aprender como fazer as bonequinhas para ajudar as crianças.
“Uma colega viu a campanha e me mostrou. Eu logo topei. Nunca fui artesã, mas faço trabalhos manuais, de artesanato, e fui aprender com a Luciana Palhano, que é a artesã de Vitória e criou o projeto. Ela explicou que teria que ser bonecas com 35 centímetros, sem o cabelinho e muitos adereços, para acompanhar as crianças em tratamento”, conta Anna.
A professora perdeu a mãe há 19 anos, de câncer de mama. Para ela, que cuidou da mãe até os últimos dias de vida, as bonequinhas são como presentes para a mãe.
“Minha mãe descobriu o câncer tarde. Era maligno. Foi uma dor muito grande perder minha mãe e ela faz muita falta. É como se minha mãe também me ajudasse nesse trabalho manual. Eu não tinha muita habilidade, mas fui aprendendo. Comecei muito devagar, agora que peguei mais prática, espero poder entregar mais bonequinhas”, disse a professora.
Para continuar a produção, Anna Cristina montou uma corrente do bem na cidade de Alfredo Chaves para recolher a doação de material para a confecção. O que mais precisa é de feltro e manta acrílica. As doações têm chegado através dos armarinhos da cidade.
“As pessoas compram os materiais e deixam lá para buscarmos. Às vezes nem sabemos quem fez a doação. A certeza é que será para a produção de bonequinhas, que serão levadas para as crianças em tratamento com câncer. O saquinho de manta acrílica custa R$ 22, e comprando tudo fica pesado para quem só ganha um salário como professora”, completa.
Devido à pandemia da Covid-19, Anna disse que não teve a chance de conhecer as crianças que recebem os produtos. A entrega é feita principalmente no Hospital Infantil em Vitória. “Tenho muita vontade de conhecer”, disse Anna.
Artesã deu início ao projeto
A ideia do projeto partiu da artesã Luciana Palhano, de 41 anos, que perdeu o pai para o câncer de intestino. Desde a morte do pai, em 2010, Luciana buscava algo que pudesse fazer para as pessoas que enfrentam a doença.
Durante a entrega de artigos para um aniversário com o tema de Branca de Neve, a bonequinha ficou sem cabelo, e nasceu o projeto. “Não costumo deixar o cabelo por último. Percebi ali que a boneca ficou linda, e pensei que a Branca de Neve carequinha seria perfeita para acompanhar as crianças em tratamento de câncer”.
Em 2019, Luciana lançou o projeto nas redes sociais em busca de ajuda para a confecção de princesas e super-heróis sem cabelo. Inicialmente quatro artesãs se interessaram, e agora jã são sete.
“Transformei a minha dor em amor. Queremos entregar mais de 100 bonecas no Dia das Crianças deste ano”, diz Luciana, que não aceita dinheiro como ajuda.
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