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Cidades

“Precisei fazer 50 transfusões de sangue”, diz capixaba que venceu a anemia

Diná da Silva Gama comemora a cura da anemia falciforme grave, que a fez perder vários órgãos e ficar em coma por quatro vezes


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Imagem ilustrativa da imagem “Precisei fazer 50 transfusões de sangue”, diz capixaba que venceu a anemia
Diná Gama: “Com determinação e fé em Deus, reescrevi minha narrativa” |  Foto: Roberta Bourguignon

Depois de sobreviver a quatro comas, sete crises de síndrome torácica aguda, perder baço, vesícula, ovário, apêndice e colo do útero, enfrentar um câncer no fígado e receber mais de 50 transfusões de sangue ao longo dos 35 anos de vida, a capixaba Diná da Silva Gama agora comemora a cura da anemia falciforme grave.

Desde a infância, suas batalhas foram marcadas por idas e vindas ao hospital, e agora poder compartilhar sua jornada, revelando como o transplante de medula óssea se tornou sua luz no fim do túnel, é para ela uma grande realização.

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“Por causa da anemia, precisei fazer 50 transfusões de sangue. Sobrevivi a sete crises de síndrome torácica, o que é bem raro, e costumo dizer que fui a filha rebelde da anemia falciforme. Sou a esperança dessa cura. E sou a prova viva de um milagre”, declara ela.

O transplante de medula óssea para Diná aconteceu há pouco mais de um ano, quando passou a deixar para trás uma doença que a impedia de viver.

Diná foi a primeira transplantada do Estado com a doença, e seu caso virou objeto de estudo no Hospital de Amor, em Barretos, São Paulo, onde fez o transplante e também morou por nove meses durante o tratamento e o pós-transplante.

Ela recebeu a medula do irmão Cássio da Silva, que teve 100% de compatibilidade. O transplante aconteceu em outubro de 2022, e no dia 1° de novembro a medula foi “aceita” no corpo dela.

“Fiz o transplante e renasci. Foram 12 dias cruciais para a medula 'pegar'. Não foi fácil, mas o meu corpo aceitou e com a graça de Deus podemos comemorar”.

Ela ainda destacou que sua jornada não é apenas uma história de sobrevivência, mas de vitória sobre as adversidades.

“A anemia falciforme pode ter tentado moldar meu destino, mas com determinação e fé em Deus, reescrevi minha narrativa”, afirmou.

“Sou uma inspiração para todos que enfrentam desafios com a anemia falciforme, porque eu nunca perdi a esperança, mesmo nas situações mais difíceis”, completa ela, entre a mãe, Cleuria Maria da Silva Gama, de 68 anos, e a irmã Queila Gama, 44.

Imagem ilustrativa da imagem “Precisei fazer 50 transfusões de sangue”, diz capixaba que venceu a anemia
Diná entre a mãe, Cleuria, e a irmã Queila Gama: comemoração |  Foto: Roberta Bourguignon

Saiba mais

A anemia falciforme é uma doença genética do sangue em que os glóbulos vermelhos assumem uma forma de foice, tornando-se rígidos e propensos a bloquear os vasos sanguíneos.

Em casos graves, esses bloqueios podem causar dor intensa, danos aos órgãos e complicações graves. Essa condição afeta principalmente pessoas de ascendência africana, sendo uma doença hereditária transmitida pelos pais.

O tratamento pode incluir transfusões de sangue, medicamentos e, em casos mais graves, o transplante de medula óssea.

O transplante é uma opção de tratamento para algumas condições, incluindo certos tipos de anemia falciforme grave. No entanto, não é considerado uma abordagem comum para todos os casos devido a vários fatores, como a disponibilidade de doadores compatíveis, riscos associados ao procedimento e a necessidade de um rigoroso processo de seleção.

O transplante de medula óssea é mais frequentemente realizado em casos graves e em pacientes mais jovens, onde os benefícios superam os riscos.


Diná da Silva Gama: “Ganhei o mundo após ser curada da minha doença”

Por mais de três décadas, a vida de Diná da Silva Gama nunca foi tranquila. Aos 6 anos de idade, recebeu a primeira transfusão de sangue e descobriu o diagnóstico da anemia falciforme mais grave. Porém, o transplante de medula óssea vindo do irmão, aos 35 anos, transformou sua vida.

A Tribuna - Qual a maior vitória hoje?

Diná da Silva Gama - "Ganhei o mundo após ser curada. Agora moro sozinha, que era um grande sonho. Minha maior meta de vida era morar sozinha, porque precisei ser dependente a vida inteira, já que quando eu passava mal, às vezes paralisava tudo, e não dava tempo de ligar para ninguém. Já são cinco dias morando sozinha. Agora sou independente."

- E o que muda daqui para frente?

"Pretendo seguir aquilo que a falciforme não deixava. Foi difícil terminar os estudos porque eu passava dias internada. Eu era chamada de “turista” na escola. Tentei fazer faculdade, mas tranquei. E agora quero começar a fazer Biomedicina."

- Como lembra desse tempo antes do transplante?

"Eu nasci com a doença. Demoraram a descobrir que se tratava da anemia falciforme. Achavam que era reumatismo. As crises passaram a aumentar. Passava dias internava. Fiquei em coma por quatro vezes, mas na última não foi induzido. Meu corpo entrou em coma sozinho, de tanta dor. Remédios não faziam mais efeito."

- O transplante foi uma luz no fim do túnel?

"Mesmo meu irmão sendo 100% compatível, os médicos não garantem que o corpo vai aceitar. As minhas células foram mortas através da quimioterapia e recebi a medula pelo cateter. Quando a medula “pegou”, me senti uma supermulher."

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