O que vai mudar com o fim dos filtros do Instagram
Para especialistas, a ausência dos efeitos nas redes sociais pode evitar comparações com padrões de beleza irreais
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Os filtros de realidade aumentada do Instagram, incluindo os de beleza, usados nos stories, estavam previstos para serem removidos da plataforma ontem, conforme a empresa Meta já havia anunciado em agosto do ano passado.
A remoção, que vale também no Facebook e Messenger, estava prevista apenas para os filtros criados por terceiros. Somente os filtros desenvolvidos pela própria Meta estarão disponíveis para os usuários.
Os efeitos, principalmente os embelezadores, têm criado diversos debates sobre a autoimagem. Na pandemia, por exemplo, cirurgiões ouvidos pelo jornal A Tribuna, na época, chegaram a afirmar um aumento de procura por procedimentos, como no nariz, por conta da exposição da imagem em lives. Especialistas explicam como essa mudança pode impactar a saúde do usuário.
Para a psicóloga Marília Zanette, da Bluzz Saúde, a ausência de filtros nas redes sociais pode evitar comparações com padrões de beleza irreais. “No entanto, isso não elimina o problema, pois os padrões de beleza continuam presentes e historicamente são reforçados por outros meios, como publicidade, redes sociais (photoshop), filmes e outras formas de manipulação visual”.
De acordo com Marília, a solução não está em negar a realidade dos filtros, mas em aprender a lidar com ela de forma mais saudável e crítica. “É importante lembrar que não são apenas os filtros que moldam a percepção social sobre aparência”, destaca.
Na avaliação da psicóloga Mariani Rodrigues, professora do Unesc, com o fim dos filtros, as pessoas poderão sentir-se livres para mostrar suas versões “reais” nas redes sociais.
Mariani analisa que os filtros se tornaram uma ferramenta para melhorar a autoimagem e mascarar inseguranças.
“Para aqueles que já estão acostumados a usar os filtros, a transição para uma plataforma sem essas ferramentas pode ser desafiadora, podendo gerar um grande impacto psicológico entre os usuários que buscam essa versão idealizada da realidade”.
Autoaceitação
Segundo o psiquiatra Rafael Mazzini o uso recorrente de filtros pode expor incômodo pré-existente da pessoa com o próprio corpo e a sua aparência de modo geral.
Ele acredita que a extinção dos filtros ajudará “as pessoas a se reconectarem, promovendo a autoaceitação e a valorização da beleza única e individual de todos”.
Facilidade
Adaptação
Como usuária ativa do Instagram, especialmente nos stories, a maquiadora Lucy Miranda, de 25 anos, sempre achou que os filtros “facilitam muito a vida”.
“Eles permitem que eu crie conteúdo de forma rápida, sem precisar passar por todo o processo de edição. Isso é ótimo para o dia a dia, porque posso manter uma frequência constante de postagens sem gastar muito tempo ajustando cada detalhe”.
Com a notícia de que alguns filtros deixam de existir, ela conta que precisará se adaptar. “Talvez tenha de buscar outras ferramentas que ofereçam uma solução semelhante”, afirma.
Especialistas alertam para riscos
Ao contrário do que muitos podem pensar, as redes sociais, segundo especialistas, podem influenciar fortemente a construção da identidade, uma vez que podem levar a distorções na imagem corporal, podendo até causar transtornos mentais.
A psicóloga Mariani Rodrigues reforça que os filtros frequentemente criam uma versão idealizada da realidade, e a busca pela perfeição na aparência natural pode tornar as pessoas vulneráveis aos efeitos das redes sociais sobre sua autoestima.
“Alguns usuários podem começar a se sentir insatisfeitos com sua imagem natural e desenvolver uma autoestima mais baixa. A preocupação com a ideia de que o próprio corpo é insuficiente para os padrões pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de alguns transtornos mentais, como o transtorno dismórfico corporal, transtornos de ansiedade e até transtornos depressivos”, alerta.
O psiquiatra Rafael Mazzini chama atenção que a extinção dos filtros das redes pode gerar maior insegurança, ansiedade ou até transtornos de humor em pessoas que se vêem dependentes destes recursos para modificar sua autoimagem para a aparência “considerada ideal”.
“Em alguns casos, a busca pela perfeição, seja no rosto ou no corpo, pode levar ao transtorno dismórfico corporal, em que há uma constante insatisfação com a atual aparência, de modo a recorrer a modificações corporais para atingir aos anseios estéticos esperados”.
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