Mosquitos têm horário para atacar? Roupa escura atrai mais mosquito? O que é fato?
Altas temperaturas, períodos chuvosos e ambientes úmidos podem favorecer a presença de insetos, dizem especialistas
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Os insetos, sobretudo os mosquitos, causam incômodos: provocam coceiras e vermelhidão, e muitos deles também são responsáveis por transmitir doenças. No entanto, conhecer um pouco do hábito deles pode auxiliar a mantê-los afastados.
Mestre em Ecologia de Sistemas, Karoline Serpa explica que a atividade dos mosquitos varia entre espécies e está associada a fatores ambientais, como a temperatura, luz e umidade.
“A temperatura influencia diretamente o metabolismo, a reprodução e o desenvolvimento dos insetos. Espécies tropicais, como o Aedes aegypti, têm maior atividade entre 24ºC e 30ºC”. O Aedes aegypti é o responsável por transmitir chikungunya, zika e dengue.
Segundo o Ministério da Saúde, nos primeiros meses de 2025, foram registrados 8.657 casos prováveis de dengue no Espírito Santo, contra 40.079 no mesmo período do ano passado. Apesar dos números relevantes, isso representa uma queda de 78,4% em relação ao ano passado.
Mas será que existe um horário de pico de maior incidência de determinadas espécies de mosquitos? Segundo os especialistas, depende da espécie. O Aedes aegypti, por exemplo, gosta do começo da manhã e do finalzinho da tarde, quando não está tão quente.
Já os mosquitos do gênero Culex (pernilongos comuns) e o Anopheles spp. (vetor da malária) são predominantemente noturnos.
A médica da Família e Comunidade e mestre em Doenças Infecciosas, Taynah Repsold, salienta que, além do clima quente, outros fatores favorecem o ciclo de vida desses vetores. “Períodos chuvosos, que também favorecem o acúmulo de água, tornam o ambiente ideal para a postura dos ovos”.
Taynah Repsold observa que determinados locais devem ter cuidados redobrados. “É bom evitar deixar janelas abertas com a luz acesa, especialmente em áreas arborizadas ou perto de criadouros”.
O biólogo Gustavo Ladeira ressalta que, apesar de métodos alternativos, como óleos essenciais e plantas serem trazidos como meio de proteção, o uso do repelente tradicional é o mais adequado para evitar os insetos e prevenir as doenças causadas por eles.
“Não há motivo para usar gambiarra no lugar. Acreditar que essas iniciativas vão te proteger do Aedes, por exemplo, só vai aumentar sua chance de pegar dengue”.
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Cores escuras e vibrantes atraem insetos
1. Existem plantas que ajudam a repelir insetos?
Sim, algumas plantas produzem compostos voláteis com propriedades insetífugas, e há evidências de que elas podem repelir certos insetos, principalmente em distâncias curtas. Exemplos incluem a citronela (Cymbopogon nardus), lavanda (Lavandula spp.), alecrim (Rosmarinus officinalis), manjericão (Ocimum basilicum) e hortelã (Mentha spp.).
Esses efeitos estão associados a óleos essenciais presentes nas plantas, mas é importante destacar que o simples cultivo dessas espécies no ambiente doméstico tem eficácia limitada como método de controle.
2. Existem condições específicas de temperatura que facilitam a presença de insetos?
Temperaturas muito baixas reduzem a atividade ou levam à inatividade de muitas espécies, enquanto temperaturas extremas podem ser letais para algumas fases do ciclo de vida.
3. Existe um horário de pico de maior incidência de determinadas espécies de mosquitos?
Depende da espécie. O Aedes aegypti (mosquito da dengue), por exemplo, gosta do começo da manhã e do finalzinho da tarde, quando não está tão quente.
Já os mosquitos do gênero Culex (pernilongos comuns) e o Anopheles spp. (vetor da malária) são predominantemente crepusculares e noturnos. Essa informação é essencial para orientar medidas de proteção, como o uso de repelentes e mosquiteiros.
4. É verdade que roupas escuras atraem insetos?
Sim. Preto, cores escuras e muito vibrantes atraem mais os mosquitos do que branco e cores pálidas.
Estudos sugerem que o contraste entre a roupa e o fundo facilita a detecção visual por parte dos insetos. Tecidos escuros tendem a reter mais calor, o que também pode aumentar a atratividade, uma vez que muitos insetos são guiados por sinais térmicos e visuais.
5. E quanto a lâmpadas acesas? Há uma associação real entre a luminosidade e maior presença de insetos?
Sim. Muitas espécies de insetos são fototáticos positivos, ou seja, são atraídos pela luz, principalmente a ultravioleta e de menor comprimento de onda (coloração azulada).
Por isso, lâmpadas fluorescentes ou brancas intensas tendem a atrair mais insetos.
Lâmpadas com espectro mais quente (amarelado ou alaranjado), atraem menos.
6. Quais as doenças mais comuns transmitidas por insetos?
Dengue, zika e chikungunya: transmitidas pelo Aedes aegypti e Aedes albopictus.
Malária: causada por Plasmodium spp. e transmitida por Anopheles spp.
Febre amarela: transmitida por Aedes e Haemagogus spp.
Leishmaniose: transmitida por flebotomíneos (Lutzomyia spp.).
Doença de Chagas: transmitida por triatomíneos, popularmente conhecidos como barbeiros.
Filariose linfática: transmitida por mosquitos como Culex spp.
Febre do Nilo Ocidental: transmitida por mosquitos do gênero Culex.
Essas doenças variam em prevalência conforme a região, clima, saneamento e presença do vetor.
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