Médicos explicam o que é a infecção que afeta o Papa
A infecção polimicrobiana ocorre quando bactérias, vírus e fungos afetam simultaneamente as vias respiratórias
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O papa Francisco, de 88 anos, enfrenta uma infecção polimicrobiana das vias respiratórias e sua situação clínica é “complexa”, de acordo com o Vaticano. O pontífice permanece sob monitoramento hospitalar e não há previsão de alta.
A infecção polimicrobiana das vias respiratórias ocorre quando múltiplos microrganismos, como bactérias, vírus e fungos, colonizam simultaneamente o trato respiratório, resultando em um quadro clínico complexo.
A médica infectologista Luiza Morandi, da Unimed Sul Capixaba, conta que os sintomas são parecidos com uma infecção comum, com tosse persistente, com ou sem secreção, dificuldade para respirar, chiado no peito, febre, calafrios, fadiga, dores no peito e falta de ar.
“O que vai identificar se essa infecção é por um germe ou mais são exames específicos para identificação dessas bactérias, vírus ou fungos”, ressalta.
Carla De Castro Bulian, pneumologista da Rede Meridional, explica que a infecção polimicrobiana pode acometer qualquer parte do corpo, podendo ter início, por exemplo, nos pulmões e se espalhar para a corrente sanguínea, afetando outros órgãos.
A disseminação da infecção depende da imunidade do paciente, da idade e de possíveis doenças pré-existentes.
“No caso do Papa, não sabemos exatamente quais agentes estão envolvidos, mas é possível que ele tenha contraído inicialmente uma virose, seguida por uma infecção bacteriana. Pode ser também que várias bactérias estejam presentes, mas isso só pode ser confirmado com exames mais específicos”.
A infecção é mais grave para pessoas idosas devido à imunidade enfraquecida. Além disso, pessoas com doenças pulmonares pré-existentes estão mais vulneráveis. O tratamento varia de acordo com os sintomas e a gravidade da infecção.
“A prevenção envolve cuidados gerais. A vacinação contra a gripe (influenza) e a pneumonia são fundamentais, especialmente para pessoas com doenças pré-existentes. Além disso, o acompanhamento médico regular com um pneumologista também ajuda a reduzir os riscos, além de um estilo de vida saudável”.
“Quadro estável, mas complexo,e sem febre”, diz Vaticano
A Santa Sé informou que o papa Francisco não apresenta febre e está em condição clínica estável, em comunicado na tarde de ontem. “O Santo Padre continua apirético (sem febre) e prossegue com a terapia prescrita. Sua condição clínica é estável. Nesta manhã (ontem), ele recebeu a Eucaristia (hóstia consagrada) e depois se dedicou a algumas atividades de trabalho e à leitura de textos”, diz a nota.
No hospital pelo quarto dia seguido, o tratamento do Papa foi alterado para lidar com a infecção polimicrobiana, de acordo com o Vaticano.
“Os resultados dos testes realizados nos últimos dias e hoje (ontem) demonstraram uma infecção polimicrobiana do trato respiratório, o que levou a uma nova modificação da terapia”, afirmou a Santa Sé.
Na manhã de ontem, o diretor da sala de imprensa do Vaticano, Matteo Bruni, afirmou que o Papa havia dormido bem e passado uma noite tranquila. “Nesta manhã (ontem), tomou café da manhã e se dedicou, como sempre, a ler alguns jornais”, disse.
Ele não especificou se a infecção é bacteriana ou viral. O pontífice de 88 anos sofre de bronquite há mais de uma semana e foi internado na manhã da última sexta-feira no Hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma.
Na ocasião, os médicos recomendaram repouso absoluto, o que impediu Francisco de realizar sua oração semanal de domingo para os peregrinos na Praça São Pedro ou liderar uma missa especial para marcar o Jubileu da Igreja Católica, comemorado a cada 25 anos.
Problemas
O jesuíta Francisco, eleito papa em 2013, sofreu com vários problemas de saúde nos últimos anos, incluindo dores nos joelhos e quadris, inflamação do cólon e uma operação de hérnia.
Francisco, que teve uma parte de um dos pulmões removida quando era jovem, foi hospitalizado durante três dias em 2023 devido a uma bronquite, tratada com antibióticos. Além disso, o Papa sofreu duas quedas recentemente, machucando o queixo em dezembro e o braço em janeiro.
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