Garças aparecem mortas em lagoa de Anchieta

Welton Rodrigues, responsável pelo projeto Mãos Que Fazem Mãe-Bá, disse que é preciso salvar o lugar |  Foto: Roberta Bourguignon

Mais de 100 peixes já apareceram mortos, turistas cancelaram passeios, pássaros sumiram da região e agora garças apareceram mortas. Esse é o cenário da lagoa de Mãe-Bá, em Anchieta, após surgir na água uma espuma verde. 

Welton Rodrigues, responsável pelo projeto voluntário Mãos Que Fazem Mãe-Bá, disse que é urgente salvar a lagoa. “Desde que começamos com o projeto, atraímos muitos investidores para cá, e com eles vieram turistas de todas as partes do mundo. Mudamos a realidade da nossa região através do turismo, e a lagoa faz parte desse atrativo”, observa. 

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Órgãos ligados ao meio ambiente iniciaram investigações, colheram amostras da água, sobrevoaram com drones toda a lagoa, que é a segunda maior do Espírito Santo, e, de acordo com o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), foram identificadas situações como lançamento de esgoto in natura no local e outras atividades  poluidoras.

Cláudio Camargo Filho, professor do Ifes de Alegre, que estudou a lagoa durante o doutorado, explicou que o esgoto que chega na água acelera o processo de eutrofização, que é o aumento da concentração de nutrientes, principalmente fósforo e nitrogênio, provocando nível de oxigênio mais baixo e reduzindo a passagem de luz.  

Os moradores que vivem na comunidade declaram que é a primeira vez que essa nata verde tão densa aparece. 

O Iema repassou à Secretaria  de Meio Ambiente de Anchieta orientações e sugestões de ações  para estabelecimento do equilíbrio ecológico da Mãe-Bá, como aprimoramento de tratamento do esgoto sanitário, restrição ou eliminação de ligações clandestinas ou de lançamento in natura e programas de manejo agrícola visando retenção de sedimentos e o monitoramento da qualidade da água.

A Secretaria  de Meio Ambiente disse que vai avaliar a análise feita pelo Iema e traçar o plano de ação para resolver o caso. A Cesan, que é responsável pela operação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Mãe-Bá, explicou que coleta e trata, em média, 3 milhões de litros de esgoto por ano.  A empresa afirmou ainda que realiza o monitoramento constante na lagoa.

Já a Samarco informou que se mantém empenhada em garantir a qualidade da água da Barragem Norte antes de destinar para a lagoa de Mãe-Bá, por meio de tratamento realizado em estação exclusiva mantida pela empresa.

Problemas com peixes e plantas

Taboa diferente

A artesã Eliana Almeida, 48, trabalha na fabricação de esteiras de taboa há mais de 10 anos. A planta que nasce na lagoa fica no quintal da casa dela. Desde que a água passou a apresentar  mudança, ela percebeu uma diferença  na qualidade da planta. “Notamos que a  taboa está mais dura,  mesmo tirando na lua certa”.

Peixes mortos

O autônomo Zalmir Souza dos Santos, 51, que cria tilápia e recebia turistas no espaço, disse que já enterrou mais de 100 peixes mortos e os turistas sumiram porque a lagoa está diferente. “Não sabemos até onde essa água pode prejudicar o consumo”.