Falso médico é condenado a 33 anos de prisão por morte de criança no ES
Réu irá cumprir pena inicialmente em regime fechado sem direito a recorrer em liberdade além de pagar uma indenização de R$ 300 mil aos pais da vítima
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Aconteceu nesta quinta-feira (27) o julgamento do falso médico Leonardo Luz Moreira acusado de falsificar prontuário médico e pelo homicídio de Ana Luisa, de 10 anos, enquanto atuava ilegalmente na condição de médico no Hospital Estadual Roberto Arnizaut Silvares, em São Mateus, no Norte do Espírito Santo. O réu foi condenado a 33 anos e 11 meses de prisão pelos crimes de homicídio qualificado, exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica, cometidos em janeiro de 2021 e já deixou o fórum preso.
O réu irá cumprir pena inicialmente em regime fechado, sem direito a recorrer em liberdade. Ele também terá de pagar uma indenização de R$ 300 mil aos pais da vítima.
“A condenação do réu representa não apenas a resposta da Justiça à gravidade dos crimes cometidos, mas também para a família da vítima e para toda a sociedade. Esse resultado reafirma a importância da atuação do Ministério Público na defesa da vida, na garantia da ética profissional e no combate à impunidade, assegurando que tragédias como essa não se repitam”, salientou a Promotora de Justiça, Monia Barbosa Ribeiro, após o julgamento.
ENTENDA O CASO
Os crimes foram praticados em janeiro de 2021. No dia 11 de janeiro a professora Alessandra Ferreira Marcelino, de 48 anos, levou a filha Ana Luisa para o Hospital Roberto Silvares, em São Mateus. A menina apresentava quadro de vômito e dor na barriga.
Em um primeiro momento, a criança foi atendida por uma enfermeira até chegar ao médico por volta das 21 horas. A mãe chegou a questionar o fato de "nunca ter ouvido falar" no médico e foi informada que ele era de outra cidade e que era um "excelente pediatra".
Durante o atendimento, o falso médico fez algumas perguntas e afirmou que o quadro de Ana Luisa seria uma gastroenterite, que, segundo ele, era um "quadro comum". A mãe chegou a pedir exames mais detalhados, mas foi negada.
"Eu estava achando que poderia ser apendicite ou algo mais sério. Com muito deboche ele me disse: eu posso investigar, mas você quer que eu interne sua filha aqui e ela divida leito com pessoas que tem covid? Eu disse que não. Aí, ele insistiu que era gastroenterite e que era para eu continuar dando o remédio à ela em casa", relembra Alessandra.
O médico chegou a recomendar que "se a menina pedisse um refrigerante de cola no café da manhã que ela poderia dar". "Eu achei aquilo muito estranho", disse a mãe.
Ana Luisa então foi encaminhada para tomar medicação intravenosa. Minutos depois, ela começou a convulsionar até ter uma parada cardíaca. A criança não resistiu e morreu em uma maca no hospital.
Após a investigação, o MPES ofereceu denúncia ao acusado em 2023, pelos crimes de homicídio qualificado, exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica. O processo tramita em segredo de Justiça, conforme estabelecem as leis de proteção à criança e ao adolescente. Por isso, outras informações não foram repassadas.
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