Especialista revela sinais que podem indicar diabetes
Vontade excessiva de urinar, irritabilidade, micose, candidíase, distúrbios visuais e até fungos nas unhas são alguns dos alertas
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No Brasil, há mais de 13 milhões de pessoas vivendo com diabetes, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Só que mais da metade dessas pessoas desconhece que tem a doença. Mas quais seriam os sintomas que ela pode manifestar?
Vontade excessiva de urinar, irritabilidade, micose, candidíase, distúrbios visuais e até fungos nas unhas são sinais da doença, explica a endocrinologista Sabrina França, médica titular da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, que conversou com a reportagem no TribunaLab.
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A TRIBUNA – Explique a diferença do diabetes tipo 1 do tipo 2.
Sabrina França – O diabetes, na verdade, é quando a glicose fica alta no sangue. Até ela ficar alta, às vezes, o diagnóstico demora um pouco. Podemos classificar o diabetes em mais de dois tipos, na verdade, como o diabetes gestacional que só fazemos o diagnóstico na gestação, mas os mais comuns são o tipo 1 e 2.
O tipo 1 é aquele onde a glicose fica alta de uma hora para outra e, geralmente, acontece nas crianças e adolescentes. Não tem uma causa muito definida.
Geralmente é uma doença autoimune, ou seja, o próprio organismo produz células de defesa que agem contra o pâncreas, destruindo as células que produz insulina. É uma falência aguda do pâncreas.
Já no tipo 2, até chegar nessa fase de falência do pâncreas e deficiência de insulina, ele passa por uma fase de pré-diabetes, em que o pâncreas funciona até mais do que o normal, na tentativa de produzir uma quantidade de insulina suficiente para manter a glicose dentro do normal. No tipo 2, temos uma resistência insulínica: apesar de ter insulina, ela não consegue ter ação.
Quais são os sintomas do tipo 1 e 2?
No tipo 1, a criança ou adolescente começa a desenvolver sintomas como muita sede, perda de peso, vontade excessiva de urinar, fome, irritabilidade e pode até dar distúrbios visuais.
Já no tipo 2, a maioria das pessoas é assintomática durante um longo período. Na fase de pré-diabetes, já existe a fisiopatologia que causa complicações mesmo sem a glicose ficar mais alta e não tem sintoma algum. Para ter diabetes, a glicose em jejum tem de estar acima de 126, e a pessoa pode não ter sintomas.
A glicose vai dar esses sintomas exuberantes, como os do tipo 1, quando ela está acima de 250, 350, mas de forma contínua. Só que, no diabetes tipo 2, até a nesse patamar, o paciente já chegou por um longo período sem saber.
A glicose muito alta pode causar manifestações na pele e na visão?
Os sinais e sintomas dependem do tempo de doença e do nível de glicose. O distúrbio visual é um sintoma que vemos, principalmente, quando tem muita oscilação do nível de glicose, pode ocorrer uma dificuldade de refração, podendo a pessoa ter um distúrbio visual.
Há lesões na pele que são bem características do diabetes. Quando a glicose está muito alta, a imunidade não está muito boa. Então, aquele fungo ou bactéria, que fazem parte da nossa flora, se torna patológico, como fungos nas unhas, no meio dos dedos, micoses, candidíase e até infecção urinária de repetição.
Qual o principal fator para desenvolver a doença do tipo 2?
É uma junção de fatores. Hoje, andam juntos a obesidade e o diabetes.
Um estudo mostrou que um em cada três adultos com diabetes tipo 2 tem doença cardíaca sem sintomas. É isso mesmo?
É isso. Esse estudo prova, mais uma vez, que o paciente diabético é de alto risco. É possível dizer que o paciente diabético tipo 2 pode até estar controlado, tem o mesmo risco de apresentar um evento cardiovascular, como infarto e derrame, do paciente que já infartou ou teve um AVC.
Isso porque a artéria do paciente diabético tipo 2 é mais sensível, inflamada, e mais vulnerável para a formação de trombos.
É possível se curar? Na fase pré-diabética, posso reverter o quadro?
No diabetes tipo 1, existem muitos estudos de células-tronco, de transplante, e a esperança é que a medicina encontre a cura para esse tipo de diabetes. Apesar de que, hoje, temos insulina de tudo quanto é tipo.
Já no diabetes tipo 2, existe desde o remédio que pode ser adquirido na farmácia popular até um medicamento de R$ 1.500.
Temos drogas novas vindo ainda mais eficazes e caras, infelizmente. São drogas que têm o efeito protetor cardiovascular.
O tratamento é amplo e complexo, mas a pessoa precisa entender que tem a doença e aceitá-la.
Quem está com pré-diabetes têm um risco. Só que, a grande diferença do pré para o diabetes é que existe a possibilidade de cura, com bons hábitos, emagrecendo, se alimentando e dormindo melhor, se estressando menos.
Quais os riscos de não tratar a doença?
Vão desde complicações microvasculares, como problemas nas vistas, rins, amputação de membros, até os problemas macrovasculares, que são os grandes vasos do coração e cérebro.
Os Números
13 milhões de pessoas vivem com diabetes no Brasil
62 milhões de pessoas vivem com diabetes nas Américas
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