Estudo revela que adultos estão mais infelizes
Em uma escala de 0 a 100, o indicador de experiências negativas se manteve em 33 pontos em 2022, o mais alto desde 2016
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A felicidade é um dos maiores propósitos de vida da existência humana e, de acordo com especialistas, depende de questões pessoais e do ambiente externo.
Dados de uma pesquisa anual feita em 2022 apontam para um cenário preocupante: o mundo está no nível mais alto de infelicidade. Os resultados foram divulgados pelo Relatório Global de Emoções, uma pesquisa feita pela empresa de pesquisa de opinião Gallup.
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Em 2022, em uma escala de 0 a 100, o indicador de experiências negativas se manteve em 33 pontos, como em 2021. É o mais alto patamar desde o início do monitoramento, em 2016.
Para a psicóloga clínica Dediani Darós, a infelicidade é formada por um conjunto de fatores da vida pessoal e do ambiente em que se vive. A especialista lembra, ainda, que a pandemia da covid-19 desestabilizou o mundo, com consequências sentidas até hoje.
“Houve um aumento de ansiedade e de depressão, sendo a pandemia um dos fatores relatados por vários pacientes. Em um ambiente desfavorável, é quase impossível ser feliz, ainda mais considerando que o nosso País foi um dos mais afetados”.
Já a psicóloga Gabriele Ruas aponta que outros fatores mundiais, como a guerra da Ucrânia e o desemprego estrutural, no caso brasileiro, afetam a felicidade da população. Ainda que a felicidade seja individual, é necessário ter acesso a recursos básicos para conquistá-la.
“Quando é difícil ter uma vida estruturada, equilibrada e estável, várias preocupações vêm à tona, deixando a vida mais árdua. O desequilíbrio emocional aparece quando não temos uma qualidade de vida ideal, em que recursos importantes e necessários se tornam inacessíveis”.
A felicidade é a experiência de alegria, contentamento ou bem-estar positivo, combinada com a sensação de que a vida é boa, significativa e vale a pena, explica a CEO da startup Behappier e especialista em Ciência da Felicidade, Flavia da Veiga. Ela apresenta caminhos para deixar o dia a dia mais feliz.
“Podemos ser mais felizes com ações cotidianas. É muito importante construir um propósito de vida, se conectar a pessoas, investir no autocuidado e ter uma rotina de exercícios físicos. Com essas ações, podemos melhorar as experiências positivas”.
“Autocuidado é essencial para ser feliz”
O diagnóstico de ansiedade e de depressão veio em um dos momentos mais difíceis da vida da cabeleireira especialista em cachos Tatiana Teles, de 35 anos, há cerca de um ano.
Desmotivada com o trabalho e com os cuidados pessoais e sem tempo de qualidade para a família, ela buscou ajuda psicológica e se conscientizou do que poderia mudar em sua vida para ser mais feliz.
Agora, dona do próprio negócio, com controle sobre o próprio tempo, realizando exercícios físicos e com a autoestima melhor, a cabeleireira se diz em uma boa fase da vida.
“O autocuidado é essencial para ser feliz. Não sabia pedir ajuda. Hoje, mudei minha vida e estou realizada”, ressalta.
Emoções negativas são necessárias, diz especialista
As emoções negativas são necessárias: elas influenciam, por exemplo, na forma de lidar com as situações cotidianas. Esses sentimentos aparecem até nos períodos da vida de maior felicidade, mas, de acordo com especialista, todos têm uma tendência a lembrar mais de experiências negativas.
Essas sensações não significam necessariamente que a pessoa é infeliz, afirma Sandra Teschner, especialista em Ciência da Felicidade.
Sandra aponta que, com comportamentos, atitudes e hábitos adequados, a felicidade pode ser aprendida por todos. Ela aponta ações que podem aumentar a felicidade.
“Temos um viés de negatividade maior. As emoções negativas duram mais tempo e são mais lembradas. É possível, contudo, aprender a ser feliz. Esta é a descoberta deste século! Construir boas relações, aprender a lidar com as emoções, buscar sentidos para a vida e cuidar da saúde são o caminho para mais felicidade”.
Fique por dentro
Pesquisa
- O Relatório Global de Emoções, uma pesquisa anual feita pela empresa de pesquisa de opinião Gallup, demonstrou que, em 2022, o índice de experiências negativas apontadas pelos entrevistados estagnou no maior patamar desde o início do monitoramento, em 2016.
- Em uma escala de 0 a 100, o indicador de experiências negativas está em 33 pontos, como em 2021.
- O índice é mensurado a partir de cerca de 147 mil respostas de adultos em 142 países. Os participantes respondem sobre as emoções sentidas no cotidiano, como sensações de raiva, de tristeza, de preocupação, de dor física e de estresse, que juntos formam o Índice de Experiência Negativa.
- 41% dos adultos relataram ter experimentado muita preocupação no dia anterior à pesquisa.
- Já em relação ao estresse, o índice de pessoas que relataram experiências estressantes no dia anterior chegou a 40%.
- A presença da dor física, da tristeza e da raiva no dia anterior à pesquisa chegou a 32%, 27% e 23%, respectivamente.
Brasil
- No Brasil, o Índice de Experiência Negativa chegou a 37, um pouco acima do que a média mundial, e 57% dos brasileiros relataram o sentimento de preocupação no dia anterior à pesquisa.
- A dor física, o estresse, a tristeza e a raiva ficaram em 42%, 41%, 28% e 17% entre os brasileiros.
- O Índice de Experiência Positiva, também verificado pela pesquisa, ficou em 70 pontos. O Brasil ficou acima da média mundial, com 72 pontos. A América Latina e o Sudeste Asiático são as regiões que concentram mais países na liderança do ranking positivo.
Felicidade
- A felicidade é a experiência de alegria, contentamento ou bem-estar positivo, combinada com a sensação de que a vida é boa. Ela é um conjunto de fatores da vida pessoal e do ambiente em que se vive.
- É possível aprender a ser feliz. A mente humana tende a concentrar a atenção em experiências negativas, mas com hábitos, comportamentos e ações do dia a dia, pode-se aumentar a felicidade.
- Construir um propósito de vida, se conectar a pessoas, investir no autocuidado e ter uma rotina de exercícios físicos. São essas ações cotidianas que podem melhorar as experiências positivas.
Fonte: Relatório Global de Emoções e especialistas consultados.
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