"Consigo fazer 3 salários mínimos", conta fotógrafo que registra treinos na orla
Fotógrafos esportivos conquistam espaço e marcam presença nos calçadões para fazer registros dos treinos dos corredores

Se você tem o costume de treinar na praia ou passear no calçadão, já deve ter reparado neles. São notáveis. Com camisas de cores fortes, ficam sentados, apontando suas enormes lentes para quem passa correndo. São os fotógrafos esportivos e estão ganhando cada vez mais espaço nos calçadões da Grande Vitória. Seu alvo? O treino de corrida.
“Aos poucos, está aumentando muito a demanda. Os corredores estão cada vez mais interessados em ter um registro do treino”, conta o fotógrafo Arturo Diaz.
A rotina de profissionais como ele começa por volta de 5 horas da manhã, sincronizada com os corredores. Entre 8 e 9 horas, a maioria já está reunindo suas coisas e indo embora. Mas o trabalho não acaba ali.
Ao chegar em casa, conta Arturo, é hora de tratar as fotos e carregá-las em uma plataforma. Entre 12h e 14h, os corredores já podem ter acesso.
“Tem muitos desafios. É preciso considerar tudo: pensar como vai ser o cenário da foto, como está o tempo: bom, ruim, nublado. E tem também dia que está fraco de movimento e a possibilidade de venda vai ser menor”, explica.
Desconforto e estranhamento dos corredores também eram desafios no início, conta o fotógrafo Marcos Bilate. Segundo o profissional, a partir de março a fotografia nos calçadões começou a se popularizar.
“Quando começamos a desbravar esse mercado, não era tão tranquilo. Ninguém sabia o que estávamos fazendo ali, onde íamos colocar as fotos. Hoje eles já conhecem nosso trabalho, então é bem mais tranquilo. Tem quem compra foto conosco quase todos os dias”.

Além de quem treina todo dia, Marcos conta que os turistas também são compradores habituais. Ele explica que o cuidado mais importante para exercer sua função é ter respeito e sensibilidade.
Outro conselho do profissional é fazer o seguro do equipamento. Foi a primeira coisa que fez quando começou a ir para a rua todos os dias, conta.
Vivendo da foto esportiva

“É possível viver somente disso. Consigo fazer três salários mínimos tranquilo, há fotógrafos que chegam a fazer muito mais, vai da dedicação e entrega de cada um”, explica Bruno Falcão, que trabalha com uma equipe há um ano fotografando na orla e em ciclovias da Serra.
Mas também é um momento emocionante, explica o profissional. “Eu brinco com os atletas e dou muitas risadas, mas sempre me emociona quando vejo pessoas tentando superar alguma dificuldade de saúde e que encontram no treino essa motivação”, destaca. “Nós estamos ali para fazer o registro delas, para que elas possam contar suas histórias através das nossas lentes”, completa o profissional.
Muito mais que uma postagem

“Melhorar a vida das pessoas através da fotografia é muito bom”, destaca o fotógrafo Gleison Nascimento. Em sua perspectiva, não se trata apenas de uma postagem que as pessoas vão fazer com a foto. “Acompanhamos pessoas que começaram a correr por trauma, sobrepeso, são várias histórias de superação que registramos”.
Gleison conta que é fotógrafo há mais de 20 anos. “Num primeiro momento teve muita gente que não entendeu quando começamos a fotografar os treinos. Mas deu muito certo. Hoje a gente consegue fazer esse registro”.
Saiba mais
Início
Tudo começou na pandemia. Com a proibição de eventos, os fotógrafos precisaram encontrar outras fontes de renda. Fotografar ao ar livre foi uma delas.
Aqui no Estado, uma fotógrafa começou a ir para o calçadão da praia registrar os praticantes de atividades físicas. Mas não funcionou, conta o fotógrafo Bruno Lopes.
Ele explica que a população capixaba estranhou. Além disso, não havia uma rotina, ou seja, não era todo final de semana que as fotos eram tiradas.
Popularização
Esse tipo de fotografia só começou a ficar mais comum a partir de 2023, quando o interesse por corrida aumentou no Estado, segundo o fotógrafo Bruno Lopes. A popularização só começou a partir de março deste ano, acrescenta Arturo Diaz.
Preço
Entre R$ 10 e R$ 17. Segundo os fotógrafos, os valores variam por motivos, como qualidade da foto e plataforma ao qual o profissional está cadastrado. Além disso, também é possível comprar pacotes de fotos ou vídeos.
Interessado na profissão?
É preciso ter disposição e o rendimento varia, avisa Marcos Bilate. “Já teve dia que tirei uma grana razoável e dias que saí no prejuízo. Teve momento que fiz fotos que achei maravilhosas, mas ninguém comprou e dias que pensei que não ia render nada e fui surpreendido. É isso. Tem que ter disciplina e ir todo dia”.
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